Coluna Fernando Calmon
Nº 1.331 — 14/12/1924
GAC vai acirrar rivalidade
com BYD e GWM no Brasil
A iniciativa da GAC
começou em julho deste ano com o anúncio de investimento de R$ 6 bilhões no
País. Agora, deu mais um passo e confirmou que vai erguer uma fábrica no País.
A empresa foi fundada na China em 1954 pelo governo chinês. É a quinta maior em
vendas neste país e produz lá carros da Toyota e Hyundai, além de uma linha
completa de produtos próprios.
Como a Toyota está
em processo de fechamento de sua fábrica de Indaiatuba (SP), poderia se
imaginar que está tudo já acertado. Talvez não seja bem assim. A marca chinesa aparenta
ter pressa e a japonesa costuma negociar no seu ritmo. As outras duas orientais,
GWM (capital privado e aberto, desde 1984) e BYD (começou com veículos em 2003,
tem ações em bolsa, mas o governo exibe suas “influências”), compraram
instalações desativadas, respectivamente, da Mercedes-Benz, em Iracemápolis
(SP) e da Ford, em Camaçari (BA).
Voltando à GAC, seu
presidente no Brasil, Alex Zhou, mesmo comunicativo, não deu pista de que
modelos vai importar e nem quais pretende montar e obviamente onde construirá
ou comprará suas instalações. No estacionamento subterrâneo do prédio em área
nobre onde se instalou em São Paulo (SP) há sete modelos, bem na saída, para
qualquer um ver. Aparentemente, a estreia seria com os SUVs GS3 e GS4. Todavia,
sua submarca Ayon conta com hatch, sedã e SUV de dimensões compactas.
Zhou deixou claro
que a empresa produz carros elétricos, porém continuará com sua linha atual de
motores a gasolina, híbridos plenos e plugáveis. E anunciou convênios para
desenvolver motores flex, no valor de R$ 120 milhões, com três universidades
brasileiras: estadual Unicamp (Campinas, SP) e as federais de Santa Maria (RS)
e de Santa Catarina, em Florianópolis.
Ford cresce no Brasil e pode investir em motores flex
Depois de decidir
apenas importar, mas mantendo um grande centro de pesquisa em Camaçari (BA)
para exportação de serviços de pesquisa e engenharia, a Ford cresceu 70% este
ano em relação a 2023, a partir de base comparativa baixa. No entanto, são
48.000 unidades até o fim deste ano, puxadas pela Ranger fabricada na Argentina,
e que alçou o modelo ao segundo lugar em vendas no lucrativo e altamente
disputado mercado de picapes médias.
Também chegam
produtos do México e dos EUA, inclusive o elétrico Mustang Mach-E. A marca do
oval azul surpreendeu ao anunciar que estuda desenvolver tecnologia flex para
exportar. Objetivo seria ter opção, caso concretizado, aos motores somente a
gasolina produzidos na América do Norte. Uma operação pequena, mas aproveitaria
incentivos fiscais existentes tanto para importados quanto modelos de produção
local de qualquer escala, inclusive os semidesmontados.
Às vezes, é bom
lembrar que motores flex etanol/gasolina já foram, maldosamente, associados a
um pato que anda, nada e voa, mas não faz direito nenhuma das três ações. Mas
quem não se mexeu nessa direção e evoluiu, acabou “pagando o pato”, na gíria
popular.
A Ford também
importará em 2025 algumas unidades do cupê esportivo Mustang com câmbio manual.
Provavelmente se tornarão alvo de colecionadores e admiradores de um bom câmbio
deste tipo. A empresa acenou com outros modelos importados em 2025, porém não
deu pistas.
Lexus RX 450h+ com ótimo conjunto e preço alto
Divisão de luxo da
Toyota, a Lexus faz exatamente o que propõe: conjunto mecânico eficiente e
altos níveis de conforto e acabamento. A frente tem grade do radiador gigante (um
pouco exagerada) e uma traseira mais discreta, além de rodas de 21 pol. O SUV
médio-grande mede 4.890 mm de comprimento, 2.850 mm de entre-eixos, 1.920 mm de
largura e 1.695 mm de altura. Porta-malas dentro da média (461 litros) vem com
estepe padrão alojado no assoalho, que o cliente brasileiro costuma exigir,
mesmo à custa de perder volume útil.
Trata-se de um
híbrido que combina motor de aspiração natural, 2,5 l, 187 cv, 23,6 kgf·m e
dois elétricos síncronos, dianteiro 182 cv e 27 kgfm e um traseiro com 54 cv e
12,1 kgfm. Potência combinada, que realmente interessa, é de 308 cv (torque
combinado não é possível calcular). Esse conjunto destacou-se na avaliação
pelas respostas imediatas que até fazem esquecer a massa em ordem de marcha de 2.200
kg. Como todo híbrido consumo em cidade e estrada são valores próximos (14,5
km/l) e silêncio a bordo também. Alcance no modo elétrico em torno de 60 km
confirmou-se.
O interior é outro
ponto alto. Desde a maçaneta elétrica das portas ao refinamento de materiais,
além de bancos muito confortáveis. Quem viaja atrás pode até regular o banco do
passageiro à frente. Tela multimídia de 14 pol. conta também com botões, como
deve ser. Projetor de dados no para-brisa fácil de ler.
Preço R$ 609.990 é
pouco vantajoso frente à concorrência.
Estilo e espaço interno destacam-se no Basalt
O SUV compacto da
Citroën mostra o parentesco com o Sportback da Fiat, mas tem presença própria
com destaque para as lanternas traseiras em conjunto estilístico harmonioso.
Está bem posicionado em preço, na versão avaliada no uso do dia a dia, por R$ 115.990.
No entanto, há
algumas simplificações que incomodam: volante só tem regulagem de altura e na
porta do motorista há apenas os comandos elétricos dos vidros dianteiros (os
dos vidros traseiros, no console). Quadro de instrumentos (7 pol.) traz
informações básicas, enquanto tela multimídia de 10 pol. tem resolução e
funcionamento corretos, mas falta um pouco mais de brilho em dias ensolarados.
Não há limpador de vidro traseiro.
Espaço interno também
adequado na frente e no banco de trás, além de um porta-malas de 490 litros,
maior do que o do Lexus acima. Pacote de segurança passiva se limita a airbags
frontais e laterais. As dimensões do Basalt: comprimento, 4.343 mm; largura,
1.821 mm; entre-eixos, 2.645 mm; 1.585 mm, altura, 1,585 mm. Sua massa de 1.121
kg não dificulta o bom desempenho, principalmente em uso urbano com caixa
automática CVT de sete marchas graças ao motor flex de origem Fiat, 1-L, 130 cv
(E)/125 cv (G) e 20,4 kgf·m. É o mais potente do segmento e se iguala em torque
aos “milzinhos” da VW.
Se na cidade vai
muito bem, não se reproduz da mesma forma em autoestradas por razão de sua área
frontal e altura. Em estrada de pista única exige mais atenção nas
ultrapassagens, quando com carga total. Consumo de combustível, foi um pouco
melhor que o padrão Inmetro em km/l, cidade/estrada: 8,3 (E) /9,6 (G) e 11,9
(E)/13,7 (G).
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