Nº 992 - 10/5/18
Fernando Calmon
NUNCA DESANIMAR
Este
mês se inicia mais uma campanha Maio Amarelo, do Observatório Nacional de
Segurança Viária (ONSV), em colaboração com a Anfavea. Trata-se de um tema dos
mais negligenciados pelo poder público, mas também não dá para afirmar que este
nada fez ou, ao menos, tentou.
O
Brasil é um dos países signatários da Década de Ação para Segurança no
Trânsito, criada pela ONU em 2011, de adesão voluntária. Meta audaciosa de
redução de 50% no número de mortos em acidentes certamente deixará ser cumprida
em sua totalidade. Países com trânsito mais seguro enfrentam o desafio de
melhorar o que já é bom ou razoável.
Em outros, as ações podem mostrar
resultados bem interessantes a partir de uma situação muito ruim.
Nosso
país deve se situar no meio termo ao fim do prazo. Entre 2012 e 2016 já houve
redução de 22% no número de mortos. As 35.708 pessoas que perderam a vida,
segundo o DataSUS, podem deixar de refletir a realidade em razão de
estatísticas precárias e divulgadas com atraso.
Essa referência engloba vítimas
em ruas e estradas e que faleceram até 30 dias após o acidente, como se faz em
países centrais. Parte desse avanço deve-se, sem dúvida, à Lei Seca e ao
aumento da fiscalização.
Este
ano o Maio Amarelo se baseia no mote anunciado pelo Contran no início do ano:
“Minha escolha faz a diferença”. O ONSV criou, então, toda uma campanha com
peças para várias mídias e hashtag #nossomosotransito. Há mensagens objetivas
sugerindo mudanças comportamentais por todos os entes envolvidos no trânsito.
O
próprio Contran mostrou iniciativas importantes este ano, porém atuou de forma
atabalhoada por meio de algumas Resoluções polêmicas. Intenções foram boas,
tudo na direção certa, porém o momento escolhido e os prazos exigidos fugiam da
realidade de um país complicado por natureza.
Vai
conseguir multar pedestres e ciclistas faltando poucos meses para eleições de
grande amplitude? A lei já existia, o difícil é fazê-la funcionar.
Precisaria
de algo factível de executar, período de advertência razoavelmente longo e só
depois partir para a multa. Receber o valor da penalidade seria muito difícil,
mas já garantiria algum resíduo pedagógico em longo prazo.
Outro
passo em falso foi a polêmica Resolução 726 que mudava o processo de habilitação
de novos motoristas. Algo considerado fundamental para criar futuras gerações
de motoristas e motociclistas mais conscientes e bem treinadas.
A ideia de
consolidar tudo num calhamaço de 272 páginas, naturalmente, ficou difícil de
digerir. Faltou planejamento e a batalha de comunicação foi perdida de cara. O
Contran dispõe de verbas publicitárias reservadas do DPVAT (conhecido como
seguro obrigatório) e tinha de usá-las.
Equívoco
mais sério foi tentar obrigar quem já estava habilitado a se submeter a novos
testes. Poderia haver um questionário simples sobre legislação, de resposta
voluntária, apenas para despertar a consciência.
Consequência final foi desastrosa:
tudo revogado dois dias depois, inclusive o que deveria ficar. Pelo
jeito, vários “maios amarelos” se passarão, antes de se atingirem bons resultados.
Ânimo não pode faltar.
RODA VIVA
CITROËN já distribuiu primeiras
fotos oficiais do C4 Cactus nacional a ser lançado dentro de quatro meses,
segundo fonte da Coluna. Dimensionalmente não mudará em relação ao modelo
homônimo apresentado no Salão de Genebra, de março último. Distância entre
eixos de 2,60 m é 6 cm maior do que o Peugeot 2008; futuro concorrente, VW T-Cross,
terá 2,65 m.
PRIMEIRO quadrimestre do mercado
interno de veículos (leves e pesados) comprova plena recuperação: 21% sobre
2017. No mês passado, as vendas superaram abril do ano anterior em 38,5%. Os
estoques totais recuaram de 33 dias, em março para 32, em abril (normal, 35
dias; ideal, 30). Vendas diárias ainda permanecem subindo: em abril, média de
10.350 unidades.
EXPORTAÇÕES continuam a dar suporte aos
números de produção e, por consequência, à recuperação do emprego setorial. Nos
quatro primeiros meses de 2018 as exportações estão 65% acima da média dos
primeiros quadrimestres dos últimos 10 anos. Produção total (mercados interno e
externo) cresceu quase 21% sobre o mesmo período de quadrimestral de 2017.
IMPORTADORES filiados a Abeifa também
anotam números positivos, quando comparados aos do fundo do poço em 2017.
Vendas cresceram 44% em janeiro-abril deste ano contra o mesmo período do ano
passado. A entidade espera recuperação firme ao longo de 2018, embora escalada
de valorização do dólar possa atrapalhar. Concessionárias estão sendo
reabertas.
FORD confirmou que seu motor de
1,5 litro de três cilindros, que estreia no Focus americano em 2019, terá estratégia
de desativação de um cilindro sob condições de uso específicas. Haverá versão
com turbocompressor. É o mesmo propulsor fabricado em Taubaté (SP) na versão
aspirada e que também poderá receber esses recursos para atender novos limites
de consumo.
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fernando@calmon.jor.br
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