A nova geração do Toyota Corolla foi antecipada no Salão de Pequim que inclui um versão híbrida plug-in (Divulgação)
O setor automobilístico aguarda com expectativa a aprovação de um programa que pode impulsionar às linhas de montagem. O chamado Rota 2030, elaborado pelo Governo Federal, está em discussões com as montadoras.
É um novo regime industrial marcado basicamente pela concessão de incentivos fiscais para os fabricantes que alcançarem metas de eficiência energética e realizarem investimentos em pesquisa e desenvolvimento no país.
Vale lembrar que há 99 anos, num 1o de maio - dia do trabalho , o então presidente Epitácio Pessoa assinou um decreto que permitia à Ford Motor Company instalar uma filial de montagem do Modelo T, em São Paulo. A data foi considerada um marco na produção nacional de automóveis.
Outra iniciativa federal surgiu nos anos 1950 quando o presidente Juscelino Kubitschek firmava as diretrizes para a criação da indústria automobilística que deu origem ao que conhecemos atualmente.
O consumidor, claro, sempre fica na dúvida. O governo abre mão de recolher impostos de gigantes e contrapartidas são esperadas. Só o tempo dirá se as promessas serão atendidas na íntegra. A indústria ressalta que irá se debruçar em novos projetos de produção local de veículos, que geram empregos.
A ideia também é permitir o surgimento de modelos com tecnologias avançadas, carros híbridos, elétricos, motores mais eficientes, menos poluentes e o que o brasileiro mais espera: preços mais baixos. O próprio governo busca um consenso do tamanho dos benefícios tributários, e a aprovação pode ocorrer em breve.
As montadoras dizem que podem acelerar a chegada de modelos inovadores. Uma das novidades pode ser o novo Toyota híbrido, apresentado semana passada no Salão de Pequim, na versão plug-in, ou seja, o sedã vai combinar um motor a combustão com outro elétrico que pode ser recarregado numa tomada elétrica, disponível fora do Japão.
No Brasil, o novo Corolla poderá ser produzido na fábrica de Porto Feliz, no interior de São Paulo, em 2020 com um inédito motor híbrido flex, o primeiro dessa geração no mundo movido com gasolina, etanol e eletricidade, com excelentes índices de eficiência energética, segundo a montadora.
Chevrolet Bolt poderá ser o primeiro carro elétrico produzido no Brasil
(Divulgação)
O elétrico Chevrolet Bolt poderá ser o primeiro carro dessa categoria produzido no Brasil, feito na fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista.
A GM espera que possa também contar com uma política fiscal que desonere a carga tributária cobrada de modelos com propulsão alternativa. Esse modelo elétrico está previsto para chegar em 2019.
O Bolt é um hatchback com um motor elétrico equivalente a 200 cv (150 kW) de potência e 36,8 mkgf de torque. Ele é alimentado por uma bateria de íons lítio de 60 kW que permite uma autonomia de 383 km por carga completa. A montadora americana diz que quer ser líder do mercado de elétricos na América Latina.
O Nissan Micra V mostra a evolução da marca no segmento de carros compactos premium (Divulgação)
Com um design completamente renovado e uma nova plataforma modular surge o Micra V. Ele tem itens de segurança avançados para o segmento popular. Usa um motor de 0,90 litros turbo e tem uma característica de direção esportiva. O Micra V deverá substituir o atual March da montadora japonesa.
O BMW X2 poderá ser fabricado na fabrica da alemão em Santa Catarina
com base no “Rota 2030 (Divulgação)
Na categoria de SUVs, o BMW X2 nacional poderá ser produzido na fábrica brasileira de Araquari, em Santa Catarina. Ele chama a atenção pelo seu novo design onde predomina a grande grade dianteira. Na Europa, o modelo é oferecido com os motores a gasolina 2.0 para versões 4x2 e 4x4, e 2,5 com 231 cv, além de um diesel de 190 cv.
O BMW X2 é equipado com o sistema Driving Experience, voltado para a eficiência que permite selecionar o modo de condução Eco-Pro, Comfort e Sport, alterando a resposta do acelerador, da direção, da transmissão automática, do som do motor e do sistema de ar-condicionado. No momento, tem sido mais negócio para a marca importar o SUV do que montá-lo localmente.
A RAM 1500, exibida no Salão de Detroit, pode ser brasileira reforçando
a liderança da FCA em picapes Divulgação
A FCA (Fiat-Chrysler) já domina o mercado de picapes pequenas e compactas. Agora, a empresa admite produzir na sua fábrica de Goiana em Pernambuco, a RAM 1500 uma picape média-grande, completando a gama de produtos neste segmento.
A nova geração da RAM 1500, apresentada no Salão de Detroit, ficou mais moderna e eficiente como resultado de seu design aerodinâmico. No Brasil, o mais provável é que seja equipada com o motor V6 EcoDiesel combinado com um câmbio automático de oito marchas.
Esses projetos estariam aguardando a definição do programa Rota 2030. Se não acontecer, os modelos correm o risco de não sair sair do papel para o Brasil, dizem as montadoras. Como estes veículos há outros na fila.
Na primeira etapa, o Rota 2030 deve estabelecer uma meta de 12% de evolução em eficiência energética de nossos automóveis e comerciais leves para os próximos cinco anos, replicando o mesmo índice imposto pelo Inovar, o programa anterior do Governo Federal que acabou em 31 de dezembro de 2017. O novo regime deve vigorar até 2032 e será dividido em três fases de cinco anos cada: de 2018 a 22; de 23 a 27; de 28 a 32.
Mas os fabricantes e o governo conseguirão resolver os entraves?
História de 99 anos
A Ford foi a primeira montadora a vir para o Brasil. Em 1919, com investimento de US$ 25 mil aprovado por Henry Ford, fundador da empresa, instalou uma pequena linha de montagem num armazém na região central da então incipiente cidade de São Paulo. O Modelo T chegava desmontado por navio dos Estados Unidos e o processo era finalizado aqui.
Foto histórica mostra visitantes admirando o ModeloT na linha de montagem na
Rua Solon, São Paulo (Divulgação)
Em 1921, a Ford inaugurava uma fábrica própria na Rua Solon, do Bom Retiro. O prédio existe até hoje. Lá chegou a produzir 25.000 veículos por ano.
A linha de montagem do Modelo T recebia centenas de visitantes, atraídos pelo fascínio do automóvel, uma novidade no Brasil.
Nessa história, a marca foi responsável por importantes lançamentos como o Galaxie. O Maverick e o Escort. Como relato pessoal, posso dizer que desde 1978, passei cerca de 40 anos na empresa, dois terços de minha vida.
Vi de perto a chegada do Ka, Focus, Fiesta, EcoSport, Fusion e Mustang, entre outros. Alguns desses modelos agora correm o risco de não existir. Algo até certo ponto normal. A grande diferença é que não se sabe se serão substituídos.
Atualmente, a Ford disputa o quarto lugar com a novata Hyundai no mercado brasileiro. Nos Estados Unidos, a montadora anunciou que vai abandonar os modelos sedãs e modelos tradicionais, concentrando-se na produção de SUVs, picapes e carros elétricos.
Os únicos automóveis serão um crossover chamado Focus Active e o Mustang, esportivo de baixo volume de produção. Mas ainda não foi divulgado o plano para os demais países.
A Ford americana divulgou uma foto sombreada para mostrar o caminho de design dos seus novos SUVs (Divulgação) |
São os novos tempos em que surgem estratégias ousadas e radicais. Assim como o Rota 2030, só o tempo irá dizer se as promessas e os planos são acertados.
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