Nº 1007 — 23/8/18
IDAS E VINDAS, SEM
RAZÕES
Uma das trapalhadas que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran)
e o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) protagonizaram nos últimos anos vem
da exigência de nova placa de identificação de veículos, a fim de seguir um
novo padrão chamado Mercosul. A iniciativa apresenta razões técnicas, pois o
atual sistema de três letras e quatro dígitos tem limitação de combinações.
O utilizado há décadas no Brasil já nasceu errado. Deveria,
como proposto atualmente, estabelecer quatro letras (26, no alfabeto de
português) e três dígitos. O número de combinações possíveis é muito maior do
que o atual de três letras e quatro dígitos.
Em 2014 se propôs o novo padrão, já implantado na Argentina
e Uruguai no ano passado. Aqui sofreu sucessivos adiamentos entre outras razões
porque o custo iria subir e o cronograma original obrigava todos os 43 milhões de
automóveis e veículos comerciais (picapes, caminhões e ônibus) e 13 milhões de
motos em circulação a uma substituição acelerada. Agora, apenas veículos
zero-km receberão obrigatoriamente o novo padrão e, para os demais, a iniciativa
é voluntária.
A última data anunciada é 1º de setembro próximo. Mas deverá
sofrer novo adiamento porque se questiona no Tribunal de Contas da União (TCU) a
necessidade de um penduricalho ausente na proposta original. Trata-se de
acrescentar um brasão do município (nada menos de 5.570 deles, hoje) onde o
veículo foi registrado.
Assim haveria necessidade de comprar uma nova placa completa
(agora, só uma plaqueta) em caso de transferência de cidade apenas por esse pormenor
totalmente irrelevante. Além disso, fugiria do padrão Mercosul, sem motivo.
O Detran estima que o custo do brasão não é alto, mas ele
existe. Tudo indica que ocorrerá novo adiamento, inclusive por outros
questionamentos.
O Observatório Nacional de Segurança Viária oficiou ao TCU com
três sugestões sobre especificações técnicas:
1. Garantia mínima de “brilho” (retrorrefletividade), igual
ao atual, para melhor visibilidade noturna, possível diminuição de colisões
traseiras e ainda dificultar clonagens.
2. Garantia mínima de “legibilidade” (luminância) para
efeitos de fiscalização.
3. Garantia de 100% das placas com chip. Prepararia o país
para uma malha viária bem monitorada em termos de segurança viária e/ou
pública.
Outra ideia do Denatran, que parece pura demagogia, é a
proposta recente de uma CNH (Carteira Nacional de Habilitação) emitida uma
única vez.
Exames médicos seriam feitos nos prazos regulamentares e registrados
eletronicamente. Exatamente o oposto do anunciado antes, que previa uma série
de exigências descabidas.
As renovações, caso bem estudadas, poderiam se transformar
em algo educativo. Testes rápidos de múltipla escolha, sem efeitos de suspender
a habilitação, poderiam ajudar as pessoas a reter melhor as regras de trânsito
e induzir conceitos de direção defensiva.
Problema maior foi ter deixado de lado um processo de
primeira habilitação, antes longamente estudado e bem mais exigente do que o
atual, diminuindo o abismo de deficiências hoje observado. Sem motoristas bem
preparados o trânsito é sempre menos seguro.
ALTA RODA
NOVO padrão de emissões
e consumo de combustível WLTP (Procedimento Mundial Harmonizado de Teste de
Veículos Leves, em inglês) provoca atrasos de lançamentos na Europa. Talvez
atinja o T-Cross espanhol previsto para começar produção em dezembro. Versão
brasileira começaria em 1º de janeiro (como a Coluna antecipou), mas em
consequência pode atrasar.
TERCEIRA geração
do Porsche Cayenne deu um salto em dirigibilidade, que já era muito boa.
Pode-se guiá-lo quase como um automóvel apesar de seus 2.020 kg de massa (155
kg menos). Diferenças no desenho concentram-se no teto e na traseira. Ficou 1
cm mais baixo, 6 cm mais longo e ganhou 100 litros para bagagem. Bateria
convencional substituída por uma de íons de lítio.
OUTRO refino
técnico do novo Cayenne: inédito defletor de teto ativo (função também de freio
aerodinâmico), pela primeira vez em um SUV. Motores com oferta de potência
racional: V-6/monoturbo/340 cv; V-6/biturbo/440 cv e V-8/biturbo/550 cv. Muito
interessante: 4D Chassis (ativo) e novo tipo de disco de freio. Acabamento
primoroso, com
o sempre. Preços: R$ 423.000 a 733.000.
POR FALAR em SUV, Peugeot 5008 (versão de
sete lugares do 3008) consegue um raro equilíbrio em termos de estilo, apesar
de dimensões avantajadas. Bom de guiar, surpreende pelo pequeno diâmetro e
forma do volante que dispensa qualquer período de adaptação. Motor 1,6 turbo dá
conta do recado muito bem, salvo se estiver com lotação e bagagem completas.
TOYOTA Hilux 2019
segue regra de mudar a cada três anos. Exibe nova frente, mais perceptível em
versões intermediária e de topo. Luz de Rodagem Diurna (DRL, em inglês) em
todas. Mais equipada, há novos materiais de acabamento interno. A SRX, de topo,
tem edição comemorativa dos 50 anos de Hilux, hoje na oitava geração. Preços:
R$ 111.990 a 196.990.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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