Nº 1.005 — 9/8/18
FASCÍNIO DA MOBILIDADE
Discutir o futuro nunca foi tão fascinante como nos tempos
atuais. E a indústria automobilística faz parte ao ter sob sua responsabilidade
produzir os meios de mobilidade terrestre. Tudo passa por longas discussões e
apostas cautelosas ou até radicais.
O XXVI Simpósio Internacional organizado
pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, semana passada em São
Paulo, destacou muitas facetas e soluções
Sobre carro elétrico, espera-se um grande fosso entre o que
pode acontecer no Hemisfério Norte e no Hemisfério Sul. O Brasil e países de
renda média e baixa terão enormes dificuldades para avançar. Aqui, a frota de
elétricos a bateria é estimada em cerca de 300 unidades.
Em 2016, a China
emplacou 350.000 elétricos e híbridos ou 1,4% das vendas totais de 25 milhões de
unidades. Já na Noruega os 25.000 elétricos e híbridos comercializados
representaram 25% do total.
Na Alemanha, França e Japão os alternativos atingiram
1% das vendas. Portanto, não existe ainda cenário claro. Mesmo países ricos
deverão eletrificar-se em ritmo heterogêneo.
No entanto, motores a combustão interna ainda receberão várias
melhorias em especial com ajuda de assistência elétrica. E também poderão atuar
apenas como gerador para carregar baterias mais baratas e aumentar a autonomia.
O potencial dessas aplicações mistas é bem razoável, sem contar novos ciclos de
combustão (Mazda) ou motores com taxa de compressão variável (Nissan).
Luciano Driemeier, da Ford, chamou atenção para o caminho
dos veículos autônomos. Ao mesmo tempo em que as pessoas se estressarão menos e
usarão melhor o seu tempo em deslocamentos, em países como o nosso as preocupações
decorrentes da violência urbana devem ser levadas em conta.
Também fazem parte
das incertezas as mudanças de legislação e os dilemas éticos em caso de
acidentes (matar ou morrer?). Porém, a tecnologia avançará tanto que, tudo
indica, nunca se chegaria a uma situação na qual a colisão é a única opção. Em
teoria, possível.
O engenheiro admite que custos muito altos ainda precisam
baixar, sem contar investimentos em infraestrutura e os de interação total
veículo-veículo, além destes com as vias.
Deu exemplo do Lidar que usa raios laser para detecção e distância com altíssima precisão. No início custava US$ 70.000. Em 2016 já havia abaixado para US$ 250 e pode chegar a apenas US$ 90, além da rápida miniaturização.
Deu exemplo do Lidar que usa raios laser para detecção e distância com altíssima precisão. No início custava US$ 70.000. Em 2016 já havia abaixado para US$ 250 e pode chegar a apenas US$ 90, além da rápida miniaturização.
Especificamente sobre carros autônomos no Brasil, ele traça
um primeiro cenário otimista de cinco anos para as primeiras aplicações
práticas. Mas não descarta que esse prazo se estenda por até 20 anos.
“As
pessoas estão abertas para a ideia de possuir um produto autônomo. Aqui até acima
da média mundial, à frente de países que receberão a tecnologia primeiro”, acrescentou.
Na opinião dessa Coluna, só após se saber o preço efetivo do
“carro à prova de acidente”, algo ainda meio escondido pela indústria, poder-se-iam
fazer previsões mais acuradas de aceitação no mercado.
Leimar Mafort, da Bosch, acredita na alta redundância de
sistemas e assim se conseguiriam evitar falhas. Desastres envolvendo veículos
que dispensam o motorista tenderiam a zero.
ALTA RODA
VENDAS no mercado
interno voltaram, no mês passado, ao mesmo bom ritmo de antes da greve dos
caminhoneiros: em torno de 10.000 unidades/dia. No acumulado do ano estão 15%
superiores a 2017. Estoque total em julho diminuiu para 34 dias contra 36 em junho.
Forte queda de exportações para Argentina e México fez produção recuar 4% no
mês, mas se mantém 13% acima no ano.
ANFAVEA espera resultados
bons este mês na comercialização interna. Mas como o segundo semestre do ano
passado foi de recuperação muito forte, trará efeitos estatísticos nos números
comparativos de 2018. A entidade mantém sua previsão do início do ano de
crescer 11,7% para 2,5 milhões de unidades. Recorde anual é de 2012: 3,8
milhões de veículos.
GOLF GTI é caro, mas deixa o motorista
apreciador do prazer de dirigir realmente sem palavras. Muito difícil achar
pontos fracos, apesar de puristas preferirem o inexistente, no Brasil, câmbio
manual. Conjunto transborda alto desempenho e sensações sonoras e de solidez, sem
deixar de lado conforto e itens de segurança. Pena que hatches médios, como
este, estejam em declínio.
FALECIMENTO aos
66 anos de Sergio Marchionne, presidente da FCA, não foi o primeiro de um alto
executivo da indústria automobilística em atuação. Heinrich Nordhoff, que
construiu a Volkswagen a partir de ruínas da II Guerra Mundial, comandou a
empresa de 1948 a 1968. Faleceu pouco meses antes de se aposentar, com sucessor
já escolhido, aos 69 anos.
PROJETO em
tramitação no Congresso Nacional cria carteira de habilitação específica para
quem utiliza apenas veículos com câmbio automático. O interessado não poderia
dirigir com câmbio manual. Há temor de formar maus motoristas, porém isso
depende mais de bom treinamento e disciplina. Observar regras de trânsito
independe do tipo de câmbio usado.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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