Coluna Fernando Calmon
Nº 1.281 —15/12/23
Desempenho de vendas em
2024 continuará muito bom
Este ano começou
morno, teve um estímulo com descontos patrocinados pelo Governo Federal em julho,
seguido por uma acomodação e vai terminar com alta estimada em 8,8% em relação
a 2022. São números bem melhores dos que as primeiras estimativas de
crescimento de 3% feitas em janeiro último pela Anfavea e Fenabrave. Isso se
deve em boa parte à grande safra agrícola plantada em 2022 e os bons resultados
da colheita em 2023 que aumentaram a renda no campo e nas cidades em sua zona
de influência.
O mercado interno
deverá fechar no final deste mês com 2,290 milhões de unidades na soma de
veículos leves e pesados. Automóveis e comerciais leves representarão 95%,
caminhões, 4% e ônibus, 1%. Segundo estudo da Bright Consulting, focado em
modelos leves, até o mês passado SUVs (incluídos os crossovers) responderam por
42% das vendas, hatches, 24,4%; picapes, 17,7%; sedãs,12,8%; furgões, 3,2%.
Picapes estarem à frente de sedãs deve-se ao avanço das versões de quatro
portas que ampliaram a versatilidade desse tipo de veículo. Este percentual de
quase 18% é semelhante ao do mercado americano.
Anfavea decidiu
antecipar para este mês as suas previsões para 2024, ao contrário dos outros
anos em que apenas em janeiro revelava as estimativas. Para o mercado total o
crescimento estimado é de 7% e 2,450 milhões de unidades. São bons números em
razão da base comparativa com 2023 relativamente alta, mas a entidade não
descarta rever as projeções para cima ao longo de 2024. As exportações deverão
crescer apenas 2%.
As importações deram
um salto este ano (projetadas em 348,4 mil unidades) pois representarão 12% das
vendas totais contra a média de 8% nos últimos 10 anos. Pela primeira vez
marcas chinesas ocuparam o segundo lugar, até o mês passado, com 10% de
participação, contra 9% do México e 64% da Argentina, entre outros. A entidade,
entretanto, não estimou o que acontecerá em 2024 com os veículos importados.
Quanto à divisão das vendas de autos e comerciais leves em relação aos sistemas de propulsão, no acumulado até novembro, houve uma surpresa: motores flex, 83,4%; diesel, 9,9%; híbridos, 3,3%, gasolina, 2,7% e elétricos, 0,7%. Híbridos superaram a gasolina pela primeira vez, o que pode indicar uma tendência. Elétricos ainda não chegaram a 1%.
VW, aos 70 anos, lançará mais quatro modelos até 2025
Depois de um início
bastante modesto em um armazém do bairro do Ipiranga, em São Paulo (SP), no dia
23 de março de 1953, a VW completou 70 anos como líder do mercado de automóveis
e SUVs e vice-líder entre veículos leves. Em 2023 concluiu nove lançamentos concentrados
em versões de modelos existentes e até 2025 serão mais quatro. Um deles deverá
ser o Nivus GTS em 2024, que pode estrear o motor flex 1,5 TSI, uma evolução do
atual de 1,4 L.
Este ano os
destaques são dois modelos elétricos que marcam a estreia da subsidiária
brasileira neste nicho de mercado: o SUV ID.4 e o monovolume ID.Buzz, a nova
Kombi elétrica. Igualmente estreou a reestilização do SUV Tiguan Allspace de
sete lugares, importado do México.
As primeiras
impressões do ID.Buzz foram apenas em um pequeno trecho urbano e não indicaram acelerações
tão vigorosas, como se esperam de elétricos. Mas o torque instantâneo e
constante de 31,6 kgf·m e os 204 cv asseguram boas respostas ao acelerador, não
passando a impressão de um veículo pesado (2.200 kg) ou lerdo. Aceleração de 0
a 100 km/h declarada em 10,2 s. Bateria de 77 kW·h permite alcance médio de 337
km no padrão Inmetro.
A posição ao dirigir
lembra a da Kombi original e os dois bancos dianteiros contam com dois descansa-braços cada. A tela do quadro de instrumentos tem apenas
5,3 pol. e está bem localizada na coluna de direção, cujo volante é ajustável em altura e distância. Espaço
interno destaca-se em razão dos 2.989 mm de entre-eixos. Disponibiliza sete
portas USB, acima da média. As portas laterais têm comando elétrico e o
porta-malas impressionantes 1.121 litros.
Com tração traseira,
o comportamento em curvas é bem previsível, enquanto as suspensões dotadas de amortecedores
adaptativos, apesar de um pouco ruidosas em pisos irregulares, apresentam boa
relação entre conforto e estabilidade. Um ponto de destaque é o silêncio a bordo
graças aos vidros com isolamento acústico.
O lote único de 70
unidades só é comercializado por meio de assinaturas.
Em relação ao Tiguan,
as mudanças externas são discretas. O motor de 2 litros TSI de 186 cv e 30,6
kgf·m recebeu uma calibração diferente em razão de emissões que diminuíram
potência e torque, porém ainda forma um bom conjunto com o câmbio automático de
oito marchas (antes, sete marchas). Aceleração declarada de 0 a 100 km/h em 9
s, adequada à proposta familiar deste SUV, bem como o ajuste das suspensões voltadas
mais para o conforto.
Em passagens por
lombadas o movimento de queda de rodas é um tanto ruidoso. Sistema de freios destaca-se
frente aos concorrentes. Assistente de permanência em faixa de rodagem pouco
intrusivo e sem o incômodo observado em outros modelos de diferentes segmentos.
Internamente, boa
ergonomia no ajuste do volante e do banco do motorista que dispõe de aquecimento
e ventilação. Isolamento acústico também se destaca. O banco traseiro é
regulável em distância e o porta-malas com abertura por gesto dos pés tem
volume pequeno de 216 litros em razão da terceira fileira de bancos.
Preço: R$ 278.990.
AEA comemora 40 anos em 2024 com grandes trabalhos
A eletrificação ainda
está envolta em alguns “mistérios” ou interpretações de conveniência, a
depender de quem tenta explicar a inegável necessidade de continuar avançando,
mas esquece do ritmo certo sem atropelos ou recuos. Particularmente, não gosto
de confundir híbridos, mesmos os plugáveis, com veículos elétricos. Mas, é
comum utilizar o artifício de linguagem de “eletrificados” e colocar tudo sob o
mesmo “chapéu”.
A Associação Brasileira
de Engenharia Automotiva (AEA) comemora, em junho próximo, 40 anos de bons
serviços ao País. Uma de suas iniciativas é a recente cartilha eletrônica sobre
eletromobilidade disponível no site para leitura ou para baixar gratuitamente: https://aea.org.br/inicio/wp-content/uploads/2023/12/cartilha_eletromobilidade.pdf
. As informações, em linguagem simples, esclarecem dúvidas e oferecem cenários sobre
o futuro.
No encontro com a Imprensa
deste final de ano vários membros da diretoria apresentaram o balanço das
atividades em 2023. Uma das apresentações destacou a importância da Análise do
Ciclo de Vida sobre emissões de CO2 ao longo da extensa cadeia produtiva
de veículos. Isso inclui igualmente a fabricação de elétricos e suas baterias,
assunto que não pode ser negligenciado.
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