Nº 929 — 23/2/17
Fernando Calmon
A suvinização, neologismo para a crescente aceitação de modelos
do tipo SUV ou mesmo de crossovers inspirados neles, continua sacudindo o
mercado brasileiro.
De pouco adianta argumentar que são veículos pesados,
gastam mais combustível, têm menor desempenho e centro de gravidade
desfavorável.
As projeções, no entanto, apontam crescimento, nos próximos três
anos, de 15% para 20% na preferência do consumidor.
E o fenômeno se repete até
na Europa, onde alcançaram 25% das vendas totais.
Renault resolveu apostar duplamente nesse segmento: primeiro
com o Duster, de desenho mais rústico, e agora com o Captur, ambos partilhando
a plataforma mecânica.
O segundo foi desenvolvido no Brasil e seu estilo vai inspirar
a atualização de meia geração do homônimo francês (menor e derivado do Clio IV)
já nesse ano.
O Captur tem linhas suaves, atuais e dispensou o indefectível
rack de teto. Há luzes diurnas em LED.
A pintura em duas tonalidades, opcional
de R$ 1.400, é uma aposta do fabricante, que prevê procura superior a 80%.
Certas características do novo modelo – vão livre, 21 cm;
ângulos de entrada e saída, 23° e 31°, respectivamente – sugerem um visual para
agradar quem aprecia posição elevada ao volante.
O interior tem projeto atualizado,
plásticos bons só na versão de topo Intense e novo quadro de instrumentos (velocímetro
digital).
Mas o volante só dispõe de regulagem de altura e continua a cair pesadamente
ao ser destravado.
Alguns botões no assoalho são de acesso e visualização ruins.
Porta-malas de 437 litros está entre os melhores do segmento (Duster, 475
litros, mas acesso é menos fácil).
A versão de entrada Zen (R$ 78.990) recebeu o novo motor SCe
de 1,6 L/120 cv (etanol), com 2 cv a mais do que outros Renault.
Câmbio
automático do tipo CVT será opcional daqui a três meses. Com câmbio manual de
cinco marchas tem desempenho aceitável, porém menos ágil que o Duster, 60 kg
mais leve.
Essa diferença é perceptível tanto em cidade quanto em estrada,
apesar de o fabricante ter tentado compensar com relação de quinta marcha mais
curta. Internamente é espaçoso graças à distância entre eixos de 2,67 m.
A versão mais cara (R$ 88.490) oferece para os novos bancos
mais anatômicos um revestimento parcial em couro.
São pormenores desse tipo que
ajudam a mantê-lo acessível, nem sempre fácil de perceber. Pelo menos oferece
rodas de liga leve de 17 pol. que ajudam o compor bem o seu perfil.
Dispõe do
motor de 2 L/148 cv (etanol) e apenas câmbio automático convencional de quatro
marchas.
Mesmo sendo um projeto antigo, houve nítida evolução tanto em uso
normal, quanto no modo de seleção manual.
O conjunto motriz, de fato, não é o
melhor do segmento, sem chegar a decepcionar.
SUV de linhas atraentes a preço competitivo, o Captur deve
conquistar espaço logo que disponibilizar todas as opções.
Terá de enfrentar,
pelo menos, seis rivais diretos: Hyundai Creta, Suzuki Vitara, Jeep Renegade,
Honda HR-V, Nissan Kicks e Chevrolet Tracker, entre outros.
O Jeep Compass, de
entrada, seria o sétimo competidor pelo critério puramente monetário.
E ainda sem
contar o novo EcoSport, que promete endurecer o jogo, a partir de junho
próximo.
RODA VIVA
POR APENAS 25.000 unidades o Brasil não
caiu para décima colocação no ranking mundial de vendas de automóveis e
comerciais leves.
Ficou em nono, em 2016, com o Canadá logo atrás. Se
acrescentados caminhões e ônibus, a classificação sobe para oitavo. Ainda assim
distante da quarta colocação que já ocupou antes da atual crise iniciada em
2013.
RENOVAÇÃO estilística
da segunda geração do Porsche Panamera chega ao Brasil, pouco mais de 6 meses
depois da Europa.
Inspiração no 911 é clara, enquanto o interior agora passa
uma sensação melhor de acomodação para os quatro passageiros do sedã-cupê de
quatro portas.
As três versões têm tração 4x4 e preços básicos vão de R$
758.000 (V-6) a 981.000 (V-8).
SOLUÇÃO mecânica
interessante do Panamera é a modularidade dos motores V-8 (4 litros) e V-6 (2,9
litros), ambos com diâmetro e curso iguais e turbocompressor. V-8 entrega 550
cv e 78,5 kgfm.
Ignora as quase 2 t de peso para acelerar de 0 a 100 km/h em
3,6 s.
Câmbio automatizado de oito marchas também está no V-6 (440 cv/56,1 kgfm)
e 0 a 100 km/h em 4,2 s.
HYUNDAI CRETA, na versão de topo Prestige 2
L/166 cv (etanol), deixa boas impressões quanto à dirigibilidade, espaço
interno e bom porta-malas de 431 litros.
Banco do motorista tem providencial ventilação
no assento para dias de calor.
Consumo, principalmente em cidade, é alto.
Pacote de segurança inclui controle de estabilidade (ESC) e bolsas de ar
laterais.
APLICATIVO para
telefones, de início Android e depois iOS, facilita avaliação de carro usado no ato da compra.
Com sugestivo nome Auto
Vistoria Evita Mico, permite identificar
sinais de adulteração.
Gratuito para avaliação interna e externa do veículo; R$
59,00 para cruzar seu histórico e analisar ruído de motor (usando microfone do
aparelho).
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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