Nº 1.037 — 22/3/19
O programa IncentivAuto do governo de São Paulo para
estimular a produção de veículos no Estado pode parecer que se trata de uma
guerra fiscal, mas não é. Afinal, além das contrapartidas obrigatórias, a
intenção foi apenas se aproximar – não superá-las – das condições já oferecidas
por outros Estados.
Até o momento, infraestrutura de transporte e logística, mão
de obra especializada e grande parque de fornecedores em São Paulo haviam sido
suficientes para dispensar a renúncia de impostos.
Na grande maioria dos países, investimentos da indústria
automobilística são altamente disputados. Quando marcas japonesas se instalaram
nos EUA há mais de 30 anos, Estados do Centro e do Sul do país ofereceram vantagens
financeiras fabulosas.
Isso ajudou a desequilibrar a concorrência com as Três Grandes
de Detroit (GM, Chrysler e Ford). Foi um dos motivos para as duas primeiras
quebrarem financeiramente, na crise bancária de 2008/2009.
No Brasil, o cenário se repetiu. Nos anos 1970, sem o
investimento do governo de Minas Gerais, a Fiat nunca teria vindo. Outros
exemplos: GM, em Gravataí (RS), Ford, em Camaçari (BA) e FCA, em Goiana (PE).
Estado do Rio de Janeiro também atraiu PSA Peugeot Citroën, Nissan e VW
Caminhões. Goiás, a CAOA Hyundai e Mitsubishi. Paraná, a Volvo Caminhões,
Renault e VW. Em todos os casos incluíram-se robustos incentivos fiscais.
A GM foi a primeira a se enquadrar nas novas regras no
programa paulista. Este exige criar um mínimo de 400 empregos diretos e 800
indiretos (pode parecer pouco, mas não é, porque automação da produção
tornou-se irreversível no mundo todo) e em troca entra um desconto de 2,5% do
ICMS para cada R$ 1 bilhão investido. Como a empresa desembolsará R$ 10 bilhões,
terá direito ao crédito máximo de 25% de ICMS.
Outros Estados oferecem ou ofereceram descontos de até 100%
do ICMS. Era o que tinham disponível para atrair empresas e mudar seu
raquitismo econômico.
Sem dúvida, a marca americana agiu rapidamente, incluindo todos
os envolvidos: concessionárias (menos 1 ponto percentual da margem líquida de
venda), fornecedores (concordaram com reduções de preços e/ou sua manutenção
pelos próximos dois anos) e o sindicato de São José dos Campos (SP) abriu mão
de parte de vantagens salariais.
O governo paulista ficou por último nessa pretensa guerra
fiscal, mas mostrou uma posição pragmática. Se nada fizesse, investimentos não
viriam e muito menos os impostos. Quem iria piscar primeiro, olho no olho? Assim
é no mundo todo: de pouco adianta espernear.
São Paulo, no entanto, abusou no capítulo dos impostos não
compensados sobre veículos vendidos ao exterior. Exportar impostos é uma
brincadeira que só existe aqui. Agora, promete equacionar o problema, como o
Paraná já o fez.
Outro fato importante, Brasil e México concordaram em
estabelecer livre comércio de veículos, sem taxas ou cotas, a partir deste mês.
Mexicanos aceitaram aumentar o conteúdo de peças locais para 40% e vão incluir
caminhões no acordo. Fabricantes aqui instalados temem perder investimentos –
além do que já perderam.
Mas o jogo é assim mesmo: não dá para ganhar sempre, nem
perder sempre. Há de existir um equilíbrio.
ALTA RODA
DOR DE CABEÇA
com nova versão do sistema operacional Android 9 Pie para smartphones.
Aplicativo Android Auto passa a não se comunicar com as centrais multimídia,
mesmo as mais modernas, como a Ford Sync 3. Não é possível usar nem Waze e nem
Google Maps. Recomendável procurar concessionárias de veículos para atualização
ou desinstalar o Android Auto.
BMW SÉRIE 3, sétima geração, oferece mais espaço interno, em especial no
banco traseiro, sem perder o mínimo de esportividade. Externamente conservou a
tradição da grade do radiador (ligeiramente maior) e a elegância do desenho
(evoluído) das colunas traseiras. Mantém pneus que rodam vazios por 80 km, mas há
estepe temporário: menos 155 litros no porta-malas.
MOTOR 4-cilindros
de 2 litros continua ponto alto do Série 3, agora com 258 cv e 40,8 kgfm,
sendo este mais bem distribuído. O sedã ficou 60 kg mais leve; 0 a 100 km/h,
5,8 s. Sistema a bordo de inteligência artificial aprende com hábitos do
motorista. Tela multimídia de 10,25 pol. e total de sete câmeras (externas e
interna). Preços de R$ 219.950 (330i Sport) a R$ 269.950 (330i M Sport).
NOVO Chevrolet Camaro
teve preço anunciado este mês. Cupê por R$ 315.000, cerca de 5% mais caro que o
Mustang. Principais destaques, suavidade do motor, apesar do torque brutal de
62,9 kgfm, e câmbio automático de 10 marchas. Rodas de 20 pol. (pneus run flat)
são bastante sensíveis a buracos. Visibilidade periférica exige adaptação
cuidadosa do motorista.
MAU USO das redes sociais leva às falsas
dicas, impulsionadas pela boa fé das pessoas. Faz quase um ano que se encaminha
“recomendação” para utilizar óculos escuros em noites chuvosas para melhorar visibilidade
noturna. Além de afrontar o bom senso, pode levar a uma situação de alto risco.
Nunca deve se reenviar e, além disso, avisar ao remetente a falsidade.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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