Coluna Fernando Calmon
Nº 1.145 — 15/4/21
UM ANO DIFÍCIL, MAS
PODE SURPREENDER
Apesar de o ambiente
político resvalar para a situação econômica e afetar a venda de veículos, além
da crise do coronavírus e a escassez mundial de semicondutores, os três principais
indicadores da indústria automobilística (vendas, produção e exportação)
indicam recuperação nos próximos meses. É muito vento contra e qualquer conclusão
precisa considerar aqueles aspectos ao analisar os números do primeiro
trimestre.
Se no ano passado
houve reflexos da pandemia já em março, em 2021 também ocorreu e agravado por 30
fábricas paradas no fim do mês por falta de peças ou para isolamento social. O
ano de 2020 terminou com uma queda acumulada de vendas de 26% em relação a 2019.
Mas se comparado o primeiro trimestre do ano passado com o deste ano, a redução
foi de 5%, em veículos leves e pesados.
Em março de 2020
havia 48 dias de estoque, somando-se os pátios de fabricantes e concessionárias.
Em março último, apenas 16 dias, uma redução de 67%. Essa baixa oferta, claro,
tem consequências por deixar de atender quem entra na loja e não encontra o
produto desejado ou deve esperar mais de 30 dias. Por outro lado, os gastos financeiros
com capital de giro reduziram-se sensivelmente. Para lembrar, os estoques chegaram
a superar 100 dias em abril de 2020.
A média diária de
vendas em fevereiro deste ano foi de 8.370 unidades e em março, 8.270 unidades,
mas, a partir de agora, essa média pode subir. Afinal, o número de fábricas
paralisadas diminuiu para 10 no começo de abril. Uma das maiores empresas de
semicondutores do mundo, a japonesa Renesas, voltará a produzir na próxima
semana, depois de um incêndio em março.
A pandemia vem deixando estragos na economia brasileira. Não somente indústrias, mas também concessionárias estão muito afetadas. Porém, uma recuperação entre 15% e 20%, em 2021, continua sendo uma previsão razoável.
Toyota ainda decidirá sobre Yaris Cross
O inédito Yaris Cross
Adventure acaba de ser lançado na Europa. Embora os Yaris produzidos em
Sorocaba (SP) tenham uma arquitetura simplificada em relação aos fabricados na
França, não há planos para um modelo semelhante aqui. Essa foi a resposta de
Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, a uma pergunta minha. Entretanto,
senti que se trata mais de uma posição cautelosa, para observar melhor o mercado.
O executivo considera
ainda a rentabilidade financeira menor de um produto, como o Yaris, e isso deve
ser ponderado em qualquer decisão futura. A empresa aponta os altos custos de
produção no Brasil e a consequente dificuldade nas exportações, com as quais
conta para equilibrar as operações.
Ele também confirmou
que o Grupo Toyota continuará a investir em várias frentes tecnológicas (híbridos,
elétricos e hidrogênio) e se adaptará às possibilidades de cada mercado. No
Hemisfério Sul considera essencial construir uma infraestrutura para recarga de
baterias em rodovias. Indica os híbridos como alternativa plausível, pois podem
ser vendidos por uma diferença de preço em torno de 10% mais em relação a um
modelo com motor a combustão.
ALTA RODA
DESDE o último dia 12 passaram a valer as modificações no Código de Trânsito
Brasileiro (CTB). Embora alguns especialistas considerem que houve afrouxamento
das normas gerais e de segurança com 57 modificações no CTB, é preciso
considerar que vários pontos estão corretos. Entre eles atualizar a faixa de idade
para renovação da CNH, mantendo o intervalo de três anos para quem tem mais de
70 anos.
TAMBÉM não tinha sentido um prazo tão exíguo como 15 dias para a defesa
prévia, considerando possíveis atrasos nas entregas de correspondências. O
caráter educativo da advertência por escrito para infrações leves e médias
também é aceitável, considerando ser aplicável só uma vez por ano.
SUBIU para até 40 pontos o limite para suspensão da CNH. Mas se o motorista cometer
uma infração gravíssima por ano, o limite cai para 30 pontos e com duas a regra
dos 20 pontos fica mantida. Necessário observar se os acidentes aumentarão em
razão única dessa regra. Se ficarem comprovados causa e efeito, o bom senso
indica eventual revisão.
ACCORD importado dos EUA voltará a ser comercializado no Brasil, mas apenas na
versão híbrida. Ainda sem preço definido pois só estará disponível no início do
segundo semestre. Motor a combustão é um 2-litros a gasolina, ciclo Atkinson,
de 145 cv e um elétrico de 185 cv. Potência combinada (não divulgada pela Honda
no Brasil, mas em outros países sim) de 212 cv.
PODE rodar em modo totalmente elétrico por dois a três quilômetros. Sistema
híbrido do Accord, primeiro de três modelos desse tipo que a fabricante importará
até 2023, acopla o motor a combustão às rodas, quando em velocidades constantes
acima de 100 km/h. Consumo de 17,6 km/l no ciclo urbano e 17,1 km/l no
rodoviário.
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www.fernandocalmon.com.br
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