Coluna Fernando Calmon
Nº 1.146 — 22/4/21
TESLA SE ENVOLVE
EM NOVA POLÊMICA
Mais um acidente fatal
envolvendo um Tesla, sábado passado, em Houston (Texas), abriu nova onda de polêmicas
nos EUA. Essa última colisão teve um fator particularmente grave. Segundo os
socorristas havia dois mortos a bordo, um no banco do passageiro na frente e
outro sentado, atrás. Simplesmente, nenhum deles estava ao volante, o que foi
confirmado por testemunhas que viram o sedã sair sem o motorista.
O sistema de direção
autônoma da fabricante americana foi batizado, inicialmente, de Autopilot (Piloto
Automático). Além do nome inadequado, tinha um grau de permissividade ao mau
uso que se provou perigoso. A agência americana de segurança rodoviária (NHTSA,
na sigla em inglês) abriu 27 investigações de acidentes, das quais 23 ainda
continuam e três são recentes.
A Tesla melhorou o
dispositivo, porém parece nada ter aprendido porque o chama de FSD (sigla em inglês
para Condução Autônoma Total). Um dos problemas da empresa é a empáfia do seu
CEO, Elon Musk. Na ânsia de se defender, revela dados de suposta segurança do
sistema sem o crivo oficial. No entanto, proprietários dos carros continuam a
burlar e abusar, apesar de a fabricante afirmar que o FSD desliga
automaticamente, quando o limite de velocidade da via é ultrapassado.
Também se desconfia
de um possível problema com a proteção do pacote de baterias de lítio. Neste
último acidente, o Tesla Model S incendiou-se e foram necessários 113.000
litros de água, além de quatro horas para debelar as chamas. Apesar de água não
ser apropriada nesse tipo de incêndio, é a única forma disponível para
bombeiros e equipes de socorro. Há suspeita de blindagem insuficiente das
baterias para reduzir peso e aumentar o alcance.
Nos EUA, são duas as agências
de segurança nos transportes, a já citada e a NTSB. Apenas a NHTSA pode obrigar
o recall de um modelo. Porém, desde o ano passado a NTSB advertia sobre falhas
de proteção das baterias e de mau uso do sistema de condução autônoma da Tesla.
E foi contundente: “É hora de parar de permitir que motoristas, em qualquer
veículo parcialmente automatizado, finjam que têm carros sem motorista.”
A NHTSA cuida especificamente da segurança viária. Por que até hoje deixou de tomar providências, é algo misterioso. Suspeita-se de que se tratasse de uma marca não americana, o rigor poderia ser outro.
Refinamento e potência no Mustang Mach 1
O Mustang da geração
atual – a sexta – demorou um pouco a chegar ao Brasil. Apenas quando feita uma
leve reestilização, depois de três anos no mercado internacional, as primeiras
unidades foram importadas oficialmente pela Ford em 2017. O sucesso imediato respondeu
por 1.700 unidades comercializadas desde então.
A escalada do dólar
limitou as vendas e a crise causada pela pandemia levou a empresa a focar,
agora, na importação do Mach 1 por R$ 499.900, a partir de junho. A série
especial não tem limite de produção ainda definido nos EUA, mas todas obedecem
a uma numeração específica a fim de manter um grau de exclusividade. O motor V-8
de aspiração natural entrega 483 cv a 7.250 rpm e robustos 56,7 kgfm. Acelera
de 0 a 100 km/h em 4,3 s.
Entre os refinamentos
técnicos destacam-se arrefecimento do diferencial e do câmbio automático de 10
marchas, novas pastilhas dianteiras nos freios especiais (Brembo), aerodinâmica
melhorada e oito airbags (dois para joelhos). Ford Pass Connect para telefones
celulares também está disponível.
ALTA RODA
FIAT considera segredo o nome do novo SUV/crossover com base no compacto
Argo. Mas descobri que o início de produção está marcado para primeiro de
agosto próximo. Portanto, chegada ao mercado fica para setembro. Haverá dois
motores disponíveis: o de 1 litro, três cilindros, aspiração natural, câmbio
manual e o mesmo motor com turbocompressor e câmbio automático CVT.
FIM de linha para o VW up! não significa que Gol e Voyage seguirão a mesma
trilha em curto prazo. Mesmo porque o adiamento de 2022 para 2024 de obrigatoriedade
do sistema ESC (controle eletrônico de estabilidade) dará fôlego aos dois
produtos e outros na mesma situação. A empresa alemã continua desenvolvendo o
que se espera ser um novo carro de entrada, que manterá o nome Gol.
QUE tal comparar os preços dos chamados “carros populares” ao longo do
tempo? Em 1993, quando surgiram, custavam R$ 7.500 ou US$ 7.200 (câmbio
oficial). Corrigindo monetariamente pelo IPCA que espelha a inflação ao
consumidor (não os custos industriais): R$ 45.000. No dólar oficial: R$ 40.320.
Hoje o modelo mais barato e muito superior aos de 28 anos atrás (Fiat Mobi)
parte de R$ 47.000
SALÃO do Automóvel de São Paulo, cancelado no ano passado, não recebeu
confirmação para 2021. O local vem sendo estudado. Possibilidade de mudar do
centro de eventos São Paulo Expo para o autódromo de Interlagos, no momento, está
fora de cogitação. O evento, porém, pode ficar para 2022 e sofrer
reestruturação.
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