Coluna Fernando Calmon
Nº 1.314 — 15/8/2024
Elétricos enfrentam dificuldades
tanto na Europa como nos EUA
Percalços de mercado
para carros elétricos se aprofundaram no primeiro semestre deste ano. Um
exemplo foi a queda brusca do Tesla Y que de automóvel mais vendido na Europa, caiu
para oitavo no primeiro semestre deste ano. Segundo o especialista em análise
de mercado Felipe Munoz, da JATO Dynamics, há três razões: “Sua linha de
produtos limitada começa a envelhecer; a crescente concorrência de outras
marcas; e estratégia de redução de preços que já não funciona com concorrentes
chineses”.
Entretanto, há
outras dificuldades em marcha que explicam por que houve a desaceleração tão
rápida de venda na Europa e nos EUA. No segundo caso, a Automotive News aponta
as panes em mais de um quarto dos postos públicos de carregamento e a
dificuldade de informações precisas sobre localização que minam a confiança dos
motoristas.
Na Alemanha as
vendas caíram 37% em relação a dezembro com o fim dos subsídios do governo. E
isso desanimou também a indústria de autopeças. A Schaeffler indicou que vai
redirecionar sua produção para híbridos, numa guinada inesperada. Fabricante de
chips, Infineon Technologies, afirmou que a recuperação em grande escala de
veículos elétricos “ainda não está à vista" e pretende cortar 1.400 postos
de trabalho.
Por fim, a Mercedes-Benz
anunciou US$ 15 bilhões para voltar a investir em tecnologia de motores a
combustão, seguindo a Toyota que desenvolve avanços significativos para
surpreender o mercado nos próximos anos.
Novo polo de produção no Ceará suscita dúvida
A iniciativa era
esperada desde que a Ford decidiu encerrar as atividades industriais no Brasil
em janeiro de 2021. As instalações em São Bernardo do Campo (SP), Taubaté (SP)
e em Camaçari (BA) já foram alienadas. Restava o terreno e uma pequena fábrica
de onde saía o SUV raiz Troller já descontinuado. O governo cearense desapropriou
a área em março, mas a marca levou o caso à Justiça e preferiu não se
manifestar oficialmente.
O Grupo Comexport,
de São Paulo (SP), que trabalha com exportação e importação, se interessou pelo
projeto e reservou R$ 400 milhões (cerca de US$ 70 milhões). Trata-se de valor
incompatível para investimentos que, segundo a empresa, “incluem seis modelos
de nova energia (híbridos plugáveis em tomada e elétricos), para três marcas
consagradas da indústria automobilística mundial”, afirmou o sócio e vice-presidente
comercial, Rodrigo Teixeira.
Planos concretos
serão anunciados em 2025. Trata-se de uma empresa de serviços e tem entre seus
clientes Mercedes-Benz, Toyota e Volvo. No seu site identifica-se assim:
"Fundada em 1973, a Comexport é a maior empresa de comércio exterior do
Brasil com ampla experiência nos processos operacional, logístico, tributário,
aduaneiro e financeiro”. Obviamente, nenhum dos três clientes se pronunciou. Planos
industriais envolvem investimentos superiores àquele montante.
Por enquanto, apenas
a Neta Auto anunciou produção no Brasil. A Toyota vai colocar à venda sua
fábrica em Indaiatuba (SP), pois está transferindo produção do Corolla para
Sorocaba (SP). Especula-se que esta chinesa poderia se interessar. Quanto às
“três marcas consagradas” citadas é preciso esperar para ver.
2008 tem boa dirigibilidade e preços nem tanto
Agora importado da
Argentina, o SUV compacto da Peugeot chega ao mercado nas versões Active (R$
119.990), Allure (R$ 129.990) e GT (R$ 149.990) para o ano-modelo 2025. São
preços de pré-venda bem interessantes, porém só válidos até o fim de agosto. Já
em setembro vão aumentar em R$ 20.000, o que os tornam menos competitivos.
Permanece entre os
mais atuais do segmento, por fora e por dentro. Posto de condução é o mesmo do hatchback
208, com visual bastante agradável, embora haja excesso de plástico comum. O
volante ovalado permite visão privilegiada do quadro de instrumentos digital em
sua inusitada posição elevada. A central multimídia de 10,3 pol. conta com suporte
a Android Auto e Apple CarPlay sem fio e há carregador de bateria de celular
por indução (menos na versão de entrada). No banco traseiro, largura razoável,
mas o assoalho tem um túnel central.
Os faróis são de LED
e as rodas de liga leve de 17 pol. apresentam desenho bem elaborado. Já o porta-malas
de 374 litros, padrão VDA, deveria ser maior pois perde para o do VW Nivus (415
litros), por exemplo. Motor é sempre de 1 L turbo flex, 130 cv (E)/ 125 cv (G)
e 20,4 kgf·m, associado ao câmbio automático CVT de sete marchas selecionáveis
por borboletas atrás do volante. A Peugeot declara aceleração de 0 a 100 km/h
em 10,3 segundos.
Pacote de segurança ativa
é de primeira linha e inclui, entre outros itens, a indispensável frenagem automática
de emergência tão importante que passará a ser item de série em todos os
carros e picapes novos nos EUA em 2029.
Primeiro contato foi
breve por estradas bem pavimentadas em Alagoas, além de um pequeno trecho de
terra. O 2008 mostrou bastante agilidade nas acelerações, especialmente no modo
Sport. Rodar é confortável, mas o isolamento acústico na cabine é apenas
regular e alguns ruídos surgem em piso irregular.
Festival Interlagos planeja crescer ainda mais
O balanço é da empresa organizadora que vislumbrou um mercado que estava
adormecido e acaba de superar recorde de público no autódromo paulistano, nesta
terceira edição, entre 8 e 11 de agosto últimos. No dia 8 para imprensa e nos
três dias seguintes atraiu 118,7 mil visitantes e contabilizou 8,9 mil testes.
No total entraram na pista 355 automóveis de 29 marcas, incluindo produtos de
19 fabricantes e importadores independentes.
Uma das novidades deste ano foi a participação da empresa gaúcha Super
Carros, de Gramado (RS), especializada em aluguel para passeios curtos. Daí a
diversidade de modelos no circuito como McLaren LT, Ferrari, Porsche 911 Turbo
S, Lamborghini Gallardo, entre outros. Segundo a organização, a iniciativa se
transformou no maior evento desse tipo no mundo com cerca de 50 expositores
incluídos fabricantes de autopeças, pneus, acessórios e serviços.
Foram lançados este ano 12 modelos inéditos, entre 19 marcas, a exemplo
do que acontece em tradicionais salões de automóveis. Até as mais novas chinesas,
Omoda e Jaecoo, do Grupo Chery, estrearam. O empresário Márcio Saldanha, em
sociedade com o jornalista Eduardo Bernasconi, criou o Festival Interlagos em
2019 apenas para motocicletas. E em 2022 estenderam-no para automóveis.
“Nunca um evento havia
oferecido um pacote tão completo: oportunidade de conhecer e dirigir os carros
na pista, além de possibilitar negociações de vendas”, afirma Saldanha, da Duas
Rodas Mídia, do Rio de Janeiro. “Foram exatos 38.300 km rodados durante o
evento, no asfalto do traçado e nas pistas (off-road e habilidade). Com zero de
acidentes, saídas de pista e derrapagens”, acrescenta Bernasconi.
Já foram marcadas
datas para 2025: Motos, 28 de maio a 1º de junho; Automóveis, 11 a 15 de junho.
No caso de automóveis, com mais um dia de evento, há perspectiva de atrair até 200.000
pessoas.
Enquanto isso, o
Salão do Automóvel, de acordo com a Anfavea, ainda enfrenta dificuldades de
datas tanto no segundo semestre deste ano, quanto no primeiro de 2025. Nem a
alternativa do remodelado pavilhão do Parque Anhembi apresenta disponibilidade.
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