Nº 868 — 24/12/15
Fernando Calmon
Ano para esquecer
Fazer o balanço de um ano tão difícil para a indústria
automobilística, como o de 2015, é tarefa nada agradável.
Afinal, em dezembro
de 2014 se imaginava pequena queda de vendas este ano porque o Produto Interno
Bruto (PIB) iria cair 1%.
As últimas previsões apontam para recuo do PIB no
mínimo de 3,5% e isso explica parte do mergulho, sem ser a única nem a principal
razão.
EUA e países europeus passaram por crises nos seus mercados
internos que em alguns casos chegaram a 50% de encolhimento nos últimos sete
anos.
No entanto, estão em plena recuperação, em especial os EUA. Japão teve
queda menor e a China, sempre exceção, apenas diminuiu o ritmo de crescimento
em 2015, embora mantenha com folga a posição de maior do mundo com mais de 23
milhões de veículos comercializados.
Quando esta coluna começou, em 1999, registrou grande decepção
no emplacamento de veículos (somados automóveis e comerciais leves e pesados).
O Brasil quase havia rompido a barreira de dois milhões de unidades, exatas
1.943.458, e veio um tombo inesperado de 35% ao fim de dois anos para 1.078.215.
A partir daí, o mercado voltou a crescer e chegou perto de quatro milhões de unidades:
3.802.071. Falava-se até em vendas de 4,5 milhões, em 2017.
De lá para cá, só frustrações. Foram três quedas sucessivas: 1%, em 2013, 7%, em 2014, e, no mínimo, 27%, em 2015, de acordo com projeções.
Em três
anos, acumulou-se perda acima de 37%. Mesmo previsões mais pessimistas do
início deste ano estimavam menos 15%.
Houve uma conjugação de fatores: antecipação
de compras em 2012, aumento de impostos, encolhimento do crédito, menor poder
aquisitivo, aumento do desemprego e, acima de tudo, a mistura explosiva de
crise política e econômica que minou a confiança dos compradores.
O Brasil perdeu a quarta colocação (2,5 milhões de unidades, em 2015, ou 1 milhão a menos) no ranking mundial de mercados e vai terminar em sexto
ou sétimo este ano.
Uma marcha à ré surpreendente em um País
com apenas cinco
habitantes/veículo. A Honda concluiu a fábrica nova de Itirapina (SP) e decidiu
por enquanto não produzir, enquanto a Chery trabalhou com 5% de sua capacidade total, na nova unidade de Jacareí (SP).
Nem tudo foi ruim em 2015. Novidades importantes de produção
regional como HR-V, Renegade, 2008 e Duster Oroch (ordem cronológica) e boas
reestilizações no Versa, Focus, HB20 e Cobalt, além do up! TSI.
FCA inaugurou a
fábrica de Goiana (PE). Audi voltou a produzir (A3 sedã) e a BMW completou os
cinco modelos previstos.
Apenas carros da faixa superior de preço cresceram em
torno de 20%. Preços de tabela ficaram em média alinhados à inflação, mas quem
pôde comprar recebeu descontos e bônus.
As exportações subiram 12%.
Fabricantes que se concentram em automóveis mais acessíveis
viram sua fatia de mercado encolher.
Fiat, GM, VW e Ford (só esta conseguiu
ligeiro aumento) ficaram até novembro com 56,5%, somando-se importados e produzidos
no Mercosul de cada marca.
Há 15 anos, os chamados Quatro Grandes abocanhavam mais de 80% do mercado.
Há 15 anos, os chamados Quatro Grandes abocanhavam mais de 80% do mercado.
Perda de 10% no número de empregos diretos sobre 2014 foi menor do que a queda de produção (cerca de 23%), mas a ociosidade média deve ter
superado 30%.
RODA VIVA
ALGUNS fatos
positivos também marcaram 2015: fim da obrigatoriedade dos extintores de
incêndio (apesar da tentativa de retorno por meio de lobby no Congresso
Nacional) e isenção do imposto de importação (II) para carros elétricos.
Os híbridos, recarregáveis ou não em tomada, foram incentivados com II entre 0 e 7%, dependendo de consumo e montagem no País.
Os híbridos, recarregáveis ou não em tomada, foram incentivados com II entre 0 e 7%, dependendo de consumo e montagem no País.
OUTRA boa notícia,
agora, no final de ano: previsão do controle eletrônico de estabilidade até 2020
para projetos novos ou com grandes mudanças.
O prazo não precisava se estender até 2022 para modelos que estão à venda no momento.
Possivelmente, o governo pensou nos anos difíceis ainda por vir. Retomada discreta das vendas pode se dar apenas em 2017.
O prazo não precisava se estender até 2022 para modelos que estão à venda no momento.
Possivelmente, o governo pensou nos anos difíceis ainda por vir. Retomada discreta das vendas pode se dar apenas em 2017.
HB20X Premium
automático de seis marchas é prejudicado pelo preço alto (mais de R$ 65.000 com
tela multimídia e bancos de couro marrom), mas atende proposta do conceito
“aventureiro”.
Direção eletroassistida, finalmente, chegou e deveria equipar todos os HB20. Vão livre aumentado em 4,1 cm absorve bem os buracos e, claro, não permite exageros em curvas.
Direção eletroassistida, finalmente, chegou e deveria equipar todos os HB20. Vão livre aumentado em 4,1 cm absorve bem os buracos e, claro, não permite exageros em curvas.
ESTUDO da Delphi
mostra crescente aceitação do sistema de ar-condicionado no mercado brasileiro,
incluídos os carros importados.
Em 2008, 67% dos modelos novos vendidos recebiam esse equipamento, mesmo se oferecidos opcionalmente.
Para 2015, a estimativa é de o percentual subir para 84%. Há impacto no consumo de combustível, mas vale a pena.
Em 2008, 67% dos modelos novos vendidos recebiam esse equipamento, mesmo se oferecidos opcionalmente.
Para 2015, a estimativa é de o percentual subir para 84%. Há impacto no consumo de combustível, mas vale a pena.
GOVERNO de São
Paulo reduziu de 90 para 60 dias o prazo para leilão de veículos apreendidos e
não reclamados pelos donos.
Se multas, impostos e taxas não pagos e preço das diárias no pátio ultrapassarem o valor do carro, leilão pode ser antecipado.
Quem sabe parte das “sucatas” ambulantes saia de circulação, mesmo a isenta de IPVA (mais de 20 anos).
Se multas, impostos e taxas não pagos e preço das diárias no pátio ultrapassarem o valor do carro, leilão pode ser antecipado.
Quem sabe parte das “sucatas” ambulantes saia de circulação, mesmo a isenta de IPVA (mais de 20 anos).
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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