Fernando Calmon
Nº 1.020 — 23/11/18
NO RUMO CERTO
Pode parecer exagero, mas não é. O programa Rota 2030, depois
de quase 20 meses de estudos, propostas e aprovação no Congresso Nacional,
torna-se o acontecimento mais importante desde que a indústria automobilística foi
regulamentada, em 1956.
Antes de tudo, torna-se necessário frisar que se trata de um
programa estruturante, sem nenhum benefício fiscal à venda de veículos. Outro
viés importante é se estender por três períodos de cinco anos – portanto, até 2032
– e dessa forma estabelecer previsibilidade, algo que faz muita falta em
projetos econômicos no Brasil. Isso sem contar um nível razoável de segurança
jurídica, aparentemente garantido em lei.
O aspecto destacado, por quem tem dificuldade de entender o
programa, é um incentivo de 12% do montante investido em pesquisa e
desenvolvimento no Brasil, para ser compensado no pagamento de imposto de renda
das fabricantes.
Cada uma opta se vai aderir, mas o prazo longo confere mais
oportunidades às empresas em diferentes estágios de engenharia própria no País.
Intenção é atrair parte dos investimentos hoje feitos no exterior ou que
migrariam para fora sem a menor cerimônia.
Muito mais importante no Rota 2030 são os principais compromissos:
eficiência energética (11% de economia de combustível compulsória nos primeiros
cinco anos, além de novas metas nos dois quinquênios seguintes) e avanços firmes
em segurança veicular com prazos compatíveis ao aumento da escala de produção
para limitar o repasse de custos ao preço final dos veículos.
Manteve-se o
incentivo extra de até dois pontos percentuais no IPI para as marcas que
superarem a meta de consumo, na média dos modelos à venda, um desafio e tanto.
Estimulará, ainda, dispêndios estratégicos em manufatura básica
e avançada, conectividade, soluções de mobilidade e logística, novas
tecnologias de propulsão (veículos híbridos ou elétricos), direção autônoma, nanotecnologia,
inteligência artificial, pesquisa big data,
sistemas analíticos e preditivos, sem deixar de lado a capacitação de
fornecedores e de produtores de autopeças.
Uma semana após o presidente Michel Temer ter sancionado a
lei, o Contran concordou em harmonizar parâmetros e prazos de introdução dos itens
avançados de segurança veicular previstos no Rota 2030.
Os novos padrões de
emissões veiculares para veículos leves e pesados também caminham para convergência
e alinhamento sem surpresas de última hora.
Por fim, talvez no embalo das boas notícias sobre o futuro
do setor, o governo do Estado de São Paulo anunciou, ainda no período do Salão
do Automóvel, que vai devolver os créditos de ICMS gerados pela exportação de
veículos.
Outros países desoneram impostos locais sobre produtos vendidos ao
exterior por razões óbvias de competitividade. Há um grande acúmulo desses
créditos. Agora poderão ser repassados à indústria paulista de ferramentaria, no
momento em baixa. Ela é importante por agregar valor e pagar salários mais
altos que a média do setor.
O programa Rota 2030, em período de recuperação sustentável do
mercado de veículos, traz mais confiança sobre o aguardado cenário de dias
melhores para o País.
ALTA RODA
DIFÍCIL prever o
destino da aliança Renault-Nissan depois da prisão preventiva, no Japão, do principal
executivo, Carlos Ghosn. Fusão vinha sendo penosamente costurada por ele, mas o
governo francês sempre criou obstáculos de viés nacionalista. Entre hipóteses,
está a Nissan usar sua condição financeira superior, comprar o controle da
Renault e liderar o grupo.
APRESENTADO há
mais de um ano, Audi A8, primeiro carro anunciado no nível 3 de automação, ainda
demora para chegar ao mercado. Segundo o engenheiro brasileiro Thomas Mueller,
diretor de Direção Autônoma na matriz da empresa, o processo de homologação é
longo (20 carros, cada um rodando 10.000 km) e em apenas algumas estradas
alemãs. Preço dessa opção, ainda por definir.
PICAPE Mercedes-Benz
Classe X (base Nissan Frontier) será comercializada, antecipa a Coluna, nas
duas redes da marca alemã: a de automóveis (55 concessionárias) e de veículos
comerciais (155). Apesar de estar à venda na Europa, África do Sul e Austrália,
ausência no Salão do Automóvel de São Paulo se deu porque o lançamento aqui só
ocorrerá no início do quarto trimestre de 2019.
OUTRA picape
média, a Alaskan, apareceu discretamente no salão paulistano. Renault ainda
estuda como ocorrerá seu posicionamento no mercado brasileiro. Sua base é a
mesma da Frontier e a Nissan, recentemente, ampliou as opções dentro da gama,
inclusive com uma versão mais barata. Por isso, a marca francesa está cautelosa
quanto à sua precificação.
LANÇADO em 19 de
novembro de 1968, Chevrolet Opala acaba de completar 50 anos. Quase um milhão
de unidades produzidas até 1992. No mesmo ano houve duas outras apresentações históricas:
Ford Corcel (setembro) e VW 1600 4 Portas (dezembro). Do primeiro, saíram das
linhas de montagem 1,4 milhão de unidades; do segundo, pouco menos de 25.000.
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