Nº 1.019 — 15/11/18
PODER DE SEDUÇÃO
Salão do Automóvel de São Paulo completa 30 edições e até o
próximo dia 18 continuará a seduzir multidões. As pessoas permanecem fortemente
atraídas por carros. Entre as razões estão comodidade, liberdade, agilidade e
taxa de motorização ainda baixa, se comparada a de outros países, inclusive
vizinhos, como Argentina. Este ano ficará marcado pela sanção presidencial do
programa Rota 2030, no dia da inauguração oficial. Sua importância será
analisada na Coluna da próxima semana.
O maior número de novidades vem da Volkswagen. A mais
escondida, agora revelada em versão próxima à final, é a picape de cabine dupla
cujo nome provisório, Tarok, pode ser até o escolhido em 2020.
De porte
praticamente igual ao da Toro, incluirá motorização Diesel (tração 4x4, 1
tonelada de carga) e turboflex 1,4 L. Recurso interessante é o alongamento da
caçamba ao rebater a divisória metálica interna, possível por ter construção
monobloco, no caso derivada do Golf. Público pode ver de perto também o SUV
compacto T-Cross (lançamento em abril 2019) e a dupla Polo GTS/Virtus GTS com
motor turboflex 1,4 L/150 cv e câmbio automático de seis marchas.
Fiat também chama atenção com o modelo-conceito Fastback que
dá pistas para seu primeiro SUV médio e de próxima reestilização frontal da
Toro. Sua distância entre eixos, 2,69 m, é praticamente a mesma do futuro SUV
argentino VW Tarek.
O modelo final, previsto para 2020, não terá linha de teto
tão elegante e será um pouco maior que o Jeep Compass. A fabricante exibiu e
importará da Itália umas 500 unidades do SUV compacto 500X, cuja arquitetura é
a mesma do Renegade.
Ford aproveitou o Salão para exibir o SUV médio Territory,
projetado na China. Pela boa reação do público deverá importá-lo, mas este e
provável versão de sete lugares têm grande chance de produção na Argentina. A
onda SUV foi encapelada também pela CAOA Chery. Exibe os Tiggo 5X, 7 e 8 (este
de sete lugares).
Três fabricantes apresentam e vão importar modelos
elétricos. Os médios Chevrolet Bolt (R$ 175.000) e Nissan Leaf (R$ 178.400),
além do compacto Renault Zoe (R$ 149.900). Apesar de recente redução de carga
fiscal, ainda custam cerca do dobro de veículos convencionais equivalentes.
Então, espere uma marolinha, não uma onda “elétrica”. Audi, CAOA Chery, Honda,
Hyundai, Kia, Mercedes e VW também apresentaram modelos desse tipo. Lexus, por
sua vez, anunciou que todo o seu portfólio de importados em 2019 será apenas de
híbridos, solução mais coerente.
Supercarros drenam o máximo de curiosidade no Espaço dos
Sonhos. Destaque maior para o Mercedes-Benz AMG One, modelo mais caro já
exibido no Salão: quase R$ 12 milhões. Potência de 1.054 a 1.248 cv,
torque ainda sob sigilo (motor é o mesmo da F-1) e apenas duas unidades
reservadas ao Brasil. McLaren Senna não fica muito atrás com 800 cv por R$ 8,5
milhões. Nesse nível, há preços até “atraentes”: Ferrari 488 Pista, 710 cv (R$
3,7 milhões) e Porsche 911 GT2, 700 cv (R$ 2,2 milhões).
Outra boa notícia anunciada no Salão: mais investimentos no
País. BMW produzirá os novos Série 3 e X4, em Araquari (SC) e a Mitsubishi, o
novo Eclipse Cross, em Catalão (GO).
ALTA RODA
Outubro, com mais dias úteis, ajudou no resultado de vendas
de veículos leves e pesados. Anfavea já admite que o ano de 2018 será melhor
que suas duas previsões ao longo do ano. No acumulado dos dez primeiros meses
em relação ao mesmo período de 2017, venderam-se 2,1 milhões de unidades, 15,3%
a mais. Estoques totais de 34 dias, dentro da normalidade.
Produção tem sido afetada por forte e abrupta queda do
mercado argentino. Ainda assim está 9,9% acima do ano passado, na mesma
comparação. Exportações mostram recuo de 10,9% em volume e 2,3% em valores. Em
2018, deverão ser produzidos 3 milhões de veículos, o que significa ociosidade em
torno de 30%. Mínimo aceitável é de 20% (em dois turnos).
Golf Variant é opção esquecida pelo mercado, porém altamente
racional e muito agradável de dirigir, tanto em cidade quanto em viagens.
Apenas os alemães, ao redor do mundo, ainda valorizam as stations, entre outros
fatores por suas boas estradas. Nada que ofereça 605 litros no porta-malas tem
comportamento dinâmico e desempenho semelhantes, na medida certa.
Mais uma combinação de tração elétrica. Mercedes-Benz
anunciou que vai ceder, para frotistas específicos na Alemanha, unidades do GLC
dotadas de pilha a hidrogênio e bateria recarregável em tomada. Programa de
testes começará em 2019. Até hoje nenhum fabricante havia pensado em associar
as duas opções. Empresa não informou o preço desse arranjo técnico.
Rodas de aço com supercalotas estilizadas e fixadas
solidamente ao aro têm sido alternativa às rodas de liga de alumínio. Estas
permitem desenhos mais ousados, mas custo é maior e diferença de peso tornou-se
bem menor hoje (em alguns casos, as de aço são até 15% mais leves).
Iochpe-Maxion produz 250.000 dessas rodas de aço, por ano, para dois carros e
uma picape.
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