Fernando Calmon
Nº 1.098 — 21/5/20
CURIOSIDADES DO
VW GOL QUARENTÃO
Lançado em 8 de maio de 1980, o Gol completa 40 anos de
produção e tem uma coleção de títulos ao longo destas quatro décadas. Foram
produzidas 8,5 milhões de unidades, das quais 1,5 milhão exportadas, além de manter
a liderança no Brasil por 27 anos seguidos (1987 a 2013), contando o primeiro e
o último ano.
Destaco duas curiosidades em sua longa história. O Gol foi
lançado com motor longitudinal de 1,3 L do Fusca com um só carburador e estepe
no cofre do motor. Ao chegar o motor 1,6 L de dois carburadores, o estepe
passou para o porta-malas por falta de espaço. Mas a concessionária Condor, de
São Paulo, teve a ideia de recolocar o estepe no cofre do motor invertendo a
posição de montagem. Pouco tempo depois a própria fábrica adotou a solução.
O Gol nasceu para usar motores longitudinais e o capô alto
atrapalhava a visibilidade para motoristas de menor estatura. Por isso a
fábrica colocou uma regulagem básica de altura do banco, algo que só existia em
carros mais caros na época. Na quinta geração, em 2008, o motor passou a ser transversal,
a visibilidade melhorou, mas manteve a regulagem do banco.
NOVO RODÍZIO
NÃO DEU CERTO
Durou apenas uma semana a experiência da prefeitura de São
Paulo em impor um rodízio radical de veículos na cidade. O sistema previa que
os finais de placas ímpares só poderiam circular nos dias ímpares e os finais
de placas pares, nos dias pares.
A ideia era retirar 50% dos veículos leves de circulação numa tentativa de aumentar o isolamento social para ajudar a frear os casos de Covid-19 na cidade e utilizar mais o transporte coletivo. Táxis e profissionais da saúde eram exceção, embora estes fossem obrigados a redigir um pedido de isenção em um momento que estavam sobrecarregados de trabalho.
A ideia era retirar 50% dos veículos leves de circulação numa tentativa de aumentar o isolamento social para ajudar a frear os casos de Covid-19 na cidade e utilizar mais o transporte coletivo. Táxis e profissionais da saúde eram exceção, embora estes fossem obrigados a redigir um pedido de isenção em um momento que estavam sobrecarregados de trabalho.
A medida tinha alguma lógica (até a Anfavea concordou), mas
partiu de premissas erradas. Cerca de 40% de todas as viagens na capital
paulista são feitas por automóveis normalmente, incluindo táxis e aplicativos.
Nesse período de pandemia a circulação já havia caído e depois aumentou porque
as pessoas precisam trabalhar.
Porém, com 50% da frota de carros fora das ruas o transporte coletivo ficou sobrecarregado. As aglomerações nos terminais aumentaram e também no interior de ônibus, trens e metrô. Mesmo usando máscaras, a proximidade entre os usuários piorou.
Porém, com 50% da frota de carros fora das ruas o transporte coletivo ficou sobrecarregado. As aglomerações nos terminais aumentaram e também no interior de ônibus, trens e metrô. Mesmo usando máscaras, a proximidade entre os usuários piorou.
Ônibus mais modernos com ar-condicionado têm sistemas
eficientes de renovação do ar interno, mas isso não é garantia de não
contaminação pelo novo coronavírus. Além disso, corrimões e alças só podem ser desinfetados
no final do dia.
O único ponto positivo desse imbróglio foi o reconhecimento de
que a iniciativa não deu certo e a sua revogação.
INFLUÊNCIA DA
PANDEMIA
NA MOBILIDADE URBANA
Um dos aspectos mais discutidos no mundo hoje é a mobilidade
urbana. A brasileira Bright Consulting preparou um relatório aprofundado sobre
os Novos Serviços de Mobilidade (NSM), por empresas de aplicativos e de
compartilhamento em geral, para os próximos anos no mundo e no Brasil, incluindo
aspectos em que o novo coronavírus terá influência.
Obtive acesso com exclusividade as conclusões do estudo, aqui
resumidas.
- O
crescimento dos NSM estará concentrado em áreas urbanas mais densas em
razão dos desafios da mobilidade e de oferecer variedade de opções. Deslocamentos
de ponta a ponta, vinculando diferentes modos de transporte e fazendo
melhor uso de serviços existentes em determinada área, são uma solução
parcial no curto prazo. Isso porque um grande número de pessoas não tem
acesso a esses serviços.
- Os
fabricantes de carros veem boa oportunidade de transformar os NSM em
clientes confiáveis para seus negócios. Além disso, as vendas para
frotistas (em especial locadoras) vêm compensando em parte a menor procura
do comprador tradicional (pessoa física).
- Frotistas
tendem a substituir veículos em ritmo mais acelerado e haverá concorrência
entre eles para cativar clientes com modelos mais novos e atraentes. Mas o
impacto será relativamente pequeno nas vendas nos próximos cinco anos.
- Neste
momento cresce a necessidade de se aprofundar sobre transformações
digitais. As empresas terão que ser mais ágeis e desenvolver estratégias
para entender seus usuários.
- Municípios
devem procurar uma sinergia entre transporte público e automóveis em busca
da mobilidade mais eficiente.
- Muitas pessoas mudarão
para um modal que reduza risco de infecção, mas dependerá de seus hábitos
pré-Covid-19. Quem possui veículo próprio irá usá-lo com maior frequência;
no lugar do transporte público os que puderem andarão de bicicleta,
patinete ou mesmo a pé.
- A
pandemia trouxe mudanças como o trabalho remoto, provocando diminuição da
quilometragem percorrida por veículos. Impactos em longo prazo no
transporte público e mobilidade compartilhada não podem ser previstos agora.
- Estimativa do balanço entre veículos deixados
de serem adquiridos pelo consumidor final versus veículos adquiridos para NSM
podem gerar uma perda de 2% a 4% nas vendas totais em 2025.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário