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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Coluna de Luís Carlos Secco. Como a evolução do test-drive mudou a forma de avaliar um veículo


Coluna 

Luís Carlos Secco






A evolução do test-drive mudou a forma de avaliar um veículo



Uma das contribuições que acredito ter dado na minha carreira como profissional de imprensa, no caso assessor de imprensa da Ford, foi introduzir uma nova maneira de o jornalista avaliar um veículo e assim, poder perceber e transmitir muito mais informações para o seu leitor.

 

Até à minha ida para a Ford, em setembro de 1974, todos os test-drives de que tive a oportunidade de participar como profissional do Jornal da Tarde e de o Estado de S. Paulo se resumiam a pequenos passeios de normalmente um quilômetro.

 

Lembro que, em 1968, participei do lançamento do Ford Corcel inicialmente na versão sedã de 4 portas, mas que depois ganhou também o modelo cupê de duas portas, a perua ou station-wagon, que recebeu o nome de Belina, um modelo esportivo e, finalmente, a pick-up denominada Pampa.

 

Além de incorporar novidades para a época, a linha Corcel foi o primeiro conceito de família na indústria brasileira, com modelos projetados sobre a mesma plataforma para diferentes aplicações.

 

Mesmo assim, a apresentação do modelo aos jornalistas especializados foi realizada nas proximidades do Jóquei Clube, com test-drive em um percurso formado pela parte final da Avenida Cidade Jardim e Avenida dos Tajurás, num trecho de pouco mais de um quilômetro que permitia aos profissionais apenas ter uma vaga ideia do que o automóvel representava. Possibilitava ao profissional dizer que dirigiu um Corcel e descrever a sua ficha técnica, fornecida no press-kit, e algumas características e reações do veículo percebidas num passeio que terminava em 5 ou 10 minutos.

 

Participei também do lançamento do Dodge Dart, em 1967, com reunião dos diretores da Chrysler no elegante clube Santa Paula, que existia à beira da represa de Santo Amaro, e test-drive num trecho asfaltado da represa de Santo Amaro (hoje Avenida Atlântica), com distância também em torno de um quilômetro.

 

O mesmo ocorreu com o lançamento do Dodge 1800, em 1973, no Parque Anhembi, e vários outros. No lançamento da Brasília, nesse mesmo ano, a Volkswagen convidou os jornalistas para a entrevista de diretores no Hotel Jequitimar, no Guarujá, e test-drive em percurso de aproximadamente 10 quilômetros entre o hotel e a balsa para Bertioga

 

E foi em 1974, quando me transferi do Jornal da Tarde para a Ford, para cuidar do Departamento de Imprensa que, modestamente, consegui profissionalizar um pouco mais as relações empresa e jornalistas, entre elas o test-drive.

 

Naquela época, organizamos para o lançamento do Ford Maverick com motor de 4 cilindros produzido na fábrica de Taubaté o primeiro test-drive de longa distância realizado no Brasil, entre Recife e João Pessoa, capital da Paraíba, com distância total de pouco mais de 200 quilômetros.

 

Os jornalistas curtiram muito esse teste por todas as oportunidades e situações para conduzir e avaliar o veículo.

 

Naquela época tudo era diferente e confesso que, apesar do êxito, fiquei muito preocupado porque no almoço anterior à viagem, alguns exageraram na bebida e viajaram realizando zigue-zagues pela estrada. Felizmente, nada aconteceu e todos chegaram muito bem, mas imaginem como seria isso hoje.

 

Depois dessa experiência bem-sucedida e elogiada, todas as montadoras passaram a organizar test-drives mais longos, mas nós da Ford fomos além e criamos as viagens internacionais.

 

Para incentivar o programa Proálcool, promovemos a primeira viagem de carros com motor a álcool, entre São Bernardo do Campo e Assunção, no Paraguai, com distância próxima a 2.000 quilômetros; depois, de Porto Alegre a Montevidéo, para o lançamento da pick-up Ford Pampa, no Uruguai, e várias outras, entre as quais, a primeira viagem de mil quilômetros entre São Paulo e Brasília também com carros a álcool.

 

Os longos testes foram adotados pela Ford também em lançamentos realizados em outros países, como a apresentação da pick-up Ford Ranger, nos Estados Unidos, e o Ford Ka, na Sardenha.

 

O principal e mais longo foi o promovido entre Estocolmo, na Suécia, e Genebra, na Suíça, com distância de 1.800 quilômetros, para comemorar a vitória da Ford brasileira numa concorrência com operações da Ford de outros países para fornecer o Escort para os países da Escandinávia.

 

Foi o test-drive de maior distância realizado até então, entre Estocolmo, na Suécia, e Genebra, na Suíça, ao longo de 1.800 quilômetros. Nas rodovias alemãs, os jornalistas puderam viajar à velocidade de 140 quilômetros por hora, o que não era permitido no Brasil, mas com atenção no espelho retrovisor para não atrapalhar motoristas de Mercedes-Benz, BMW, Porsche e até Ferrari e Lamborghini que ultrapassavam em velocidades bem acima dos 200 quilômetros por hora. Para os jornalistas, foi uma diversão inédita e inesquecível.

 

Hoje, a maneira de avaliar os veículos evoluiu muito e muitos recorrem aos autódromos e a sofisticados equipamentos de medição além, é claro, das imagens. Tudo gravado e colocado nas redes sociais. Mas tenho certeza que a paixão e o prazer de conduzir os novos modelos e transmitir suas impressões e opiniões para os consumidor continuam fortes e fazendo com que os jornalistas se superem nas formas criativas e até divertidas de levar a informação ao público final.

 

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