Coluna Fernando Calmon
Nº 1.199 — 5/5/22
AUTOMÓVEIS E SUVS SEM NOVA
REDUÇAO DO IPI, POR ENQUANTO
Anfavea tem um novo
presidente, Márcio Leite, da Stellantis (foto ao lado), que substituiu Luiz Carlos Moraes, da
Mercedes-Benz. A entidade vai completar 66 anos de existência no próximo dia 15
de maio e Leite, de 51 anos, é o 20º a ocupar a posição para mandatos trienais.
Ele terá muito desafios pela frente de curto e longo prazos.
Logo de início a esperada segunda rodada de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos não saiu da forma que se esperava. Na realidade, o Governo Federal realmente ampliou o corte na alíquota do IPI de 25% para 35%, para vários produtos em um segundo decreto publicado em 29 de abril último.
Mas é
bom lembrar que, no caso da indústria automobilística, a primeira rodada, em 1º
de março, a redução foi de 18% e não de 25%. No preço final a diminuição ficou
entre 1,2% (motores de 1 litro, flex ou gasolina) e 3,7% (motores acima de 2
litros, gasolina). Os últimos representam apenas 2% das vendas totais.
A surpresa agora é
que apenas picapes e furgões enquadraram-se no segundo decreto. Estes produtos
já tinham alíquotas mais baixas e os reflexos no preço final foram de 0,6% no
primeiro decreto e 0,65% no segundo, totalizando 1,25% conforme cálculos da
Bright Consulting. Como isso será repassado aos compradores dependerá da
estratégia de cada marca. Os custos da indústria têm subido bem mais do que
esses percentuais.
Automóveis e SUVs não se beneficiaram da segunda rodada de corte no IPI, neste momento. Porém há ainda possibilidade de o Governo Federal rever esta posição, pois há forte pressão da Anfavea e da Fenabrave para tanto.
É bom salientar que a redução das
alíquotas é definitiva e não temporária como aconteceu diversas vezes no
passado, causando distorções até no mercado de trabalho. E empresa lucrativa,
quando houver, paga imposto de renda. Automóveis, no Brasil, são os mais
taxados diretamente do mundo.
Há uma longa cadeia produtiva
e comercial ligada à indústria automobilística no Brasil: 20% do PIB
industrial, 98.000 empresas, 1,1 milhão de empregos e investimentos de R$ 105
bilhões de 2014 a 2018.
Entre as prioridades de atuação de Márcio Leite estão aumentar a localização de itens como chips e caixas de câmbio automáticas (mais de 50% das vendas), exportações, descarbonização progressiva com ajuda do etanol e renovação da frota. “Tudo dentro do senso de urgência que tudo isso exige”, declarou na sua posse.
Macan 2023 agora em quatro versões
Atualização do Macan
ano-modelo 2023, o SUV de entrada da Porsche que na realidade é um crossover, inclui
retoques visuais e aumento de potência. O modelo surgiu em 2014 e utiliza a
mesma plataforma MLB do Audi Q5 e outros produtos do Grupo VW. Mas há
modificações específicas com acertos de suspensão, direção e motores. Caixa de
câmbio automatizada PDK de duas embreagens/sete marchas é exclusiva. Tração 4x4
sob demanda.
O Macan foi o Porsche
mais vendido em nível mundial no ano passado e no Brasil o segundo, atrás do
911. As mudanças externas concentraram-se na parte traseira, arredondada e com
novo difusor. No interior os botões foram substituídos por superfícies táteis.
As potências começam em 265 cv (quatro cilindros). Os biturbos V-6 agora
entregam 380 cv e 440 cv. Neste último a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em
4,3 s, uma diferença brutal em relação ao motor básico.
Suspensões são firmes
e conseguem lidar bem com buracos e piso irregular no asfalto. Fora de estrada só
em condições “civilizadas”, onde o vão livre do solo é fator determinante.
Em regime de
pré-venda, o Macan T tem altura de rodagem reduzida em 15 mm. Está colocado
entre as versões de entrada e a S, por R$ 479.000, para entrega no segundo
semestre. Os preços começam em R$ 439.000 e vão a R$ 669.000 (GTS).
Esta repaginação é a última com motores a combustão interna. A próxima geração, em 2024, terá propulsão 100% elétrica.
Vendas em abril mostram esboço de reação
Apesar da falta de
peças, juros altos e preços em ascensão o mercado brasileiro de veículos leves
e pesados apresentou pequena alta em abril sobre março. Fenabrave informou que
foram emplacadas 147.237 unidades em abril contra 146.800 no mês anterior, uma
diferença positiva de 0,3%. Entretanto, no acumulado dos quatro primeiros meses
de 2022 o resultado ainda é 21,3% inferior ao mesmo período de 2021.
“Notamos uma recuperação gradativa nos emplacamentos. Apesar de
continuarmos em retração, no acumulado do ano, notamos que, no fechamento do
primeiro bimestre de 2022, o volume estava cerca de 13% menor se comparado a
igual período de 2021. Agora, a retração caiu para pouco mais de 7%, o que
sinaliza um movimento de retomada ”, afirma Andreta Jr., presidente da Fenabrave.
Ele também relembrou
que “a guerra entre Rússia e Ucrânia agrava a crise de abastecimento mundial de
semicondutores, além de aumento do preço dos combustíveis”.
Há mais fatores influenciando
negativamente na minha avaliação. Juros de financiamento deram um salto de 10
pontos percentuais, ao refletir o inevitável aumento da taxa básica de juros do
Banco Central. Além da expectativa do IPI menor, quando o consumir prefere
adiar a compra.
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