Coluna Fernando Calmon
Nº 1.329 — 29/11/2024
Petrobrás investirá mais em etanol
em vez de geradores eólicos no mar
Maior empresa
brasileira em valor de mercado (R$ 540 bilhões), a Petrobras tomou uma decisão
que não se pode classificar de precipitada e sim de realista. “Estamos voltando
ao etanol, onde está o DNA importante para nós”, afirmou a presidente da
empresa Magda Chambriard. A decisão foi inserida no plano de negócios 2025-2029
e acompanhada por um adiamento de investir em parques eólicos para geração de
energia elétrica em alto mar pendente de regulamentação governamental e também
pelos altos custos. Discretamente, a empresa admite que retirou das suas
prioridades uma opção que parece muito cara para o cenário de médio prazo de carros
elétricos.
O diretor executivo
de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia, Mauricio Tolmasquim, foi
ainda mais enfático ao afirmar à Forbes que a gasolina vai perder mercado para
o etanol ao longo do tempo. “A Petrobras é grande, a nossa ambição é grande. Estamos
partindo para sermos realmente um dos líderes na questão do etanol”, pontuou.
De fato, a empresa petrolífera
se equivocou anos atrás ao vender as participações em usinas de etanol. O
combustível a partir de cana-de-açúcar ou milho, se somados os tipos anidro e
hidratado, responde por quase metade de todo o volume atualmente consumido no
Brasil por veículos leves (automóveis e picapes).
Para isso a
tecnologia de motores flex, introduzida pela VW em 2003 no Gol, foi fundamental
por também dar flexibilidade ao motorista na hora de abastecer e gerir a diferença de preço frente à
gasolina na busca do menor custo para rodar. A Bosch, parceira da fabricante e maior empresa de autopeças do mundo,
que agora completa 70 anos no Brasil, teve papel relevante no desenvolvimento
contínuo.
Para Fábio Ferreira,
diretor de Produtos da divisão Power
Solutions da empresa na América Latina, “o
uso de etanol já evitou que mais de 800 milhões de toneladas de CO2 fossem
lançadas na atmosfera do planeta, de acordo com a Unica (entidade do setor).
Para efeito semelhante na natureza seria necessário cultivar cerca de 5 bilhões
de árvores pelos próximos 20 anos. No segmento automobilístico, graças ao Flex
Fuel, um dos principais destaques da companhia, nosso continente se
tornou referência global em biocombustíveis”, enfatizou.
Demissões acendem luz amarela para elétricos
O sinal não
deve mudar para vermelho, claro, porém reforça a tese que sempre defendi nesta
coluna: rumo certo, ritmo incerto. Na empolgação inicial, principalmente de
várias marcas importantes, vale contrapor o velho ditado popular: “Colocaram a
carroça à frente dos bois”. Isso em referência a um certo atraso no
desenvolvimento de híbridos frente aos elétricos que, de certa forma, começa a
ser reconsiderado no exterior.
Demissões
sempre ocorrerão porque a produção de elétricos exige menos mão de obra e peças.
O Brasil, entretanto, tem observado a trilha correta para uma transição
inteligente e cautelosa.
Os sinais lá
fora são claros. GM, entre outros motivos, demitiu sob acordo este ano cerca de
6.000 profissionais administrativos pelo mundo, noticiou a agência AP, sediada
em Nova York, EUA. Fala-se em “transição incerta para os elétricos”. Talvez o
adjetivo adequado fosse “transição apressada”. No Reino Unido, Stellantis planeja
fechar sua fábrica de comerciais leves a combustão em meio a disputas com o
governo sobre o volume de elétricos que precisa vender sob obrigação no país.
A Porsche
desenvolverá carros de combustão interna por mais tempo do que o planejado,
pois suas vendas de veículos elétricos estão caindo, segundo o Automotive News
Europe. Ford cortou 4.000 empregados na Europa, noticiou o jornal inglês The Guardian.
Já a Renault se comprometeu a um mix puramente elétrico de 90% até 2030,
afirmação ao site Auto Express.
Notícias desse
naipe se sucedem. Parece que vários fabricantes passaram a considerar também os
híbridos, algo em que a Toyota acreditou (no começo, desdenhada) desde 1997 com
o Prius. Quase 30 anos atrás... Até 2028 a japonesa pretende vender apenas
híbridos no Brasil.
Macan evolui, agora como elétrico refinado
Trajetória do
SUV médio-grande da Porsche impressiona. Lançado há 11 anos (à venda desde
2014), já se aproxima de um milhão de unidades e é o modelo mais comercializado
da marca germânica. Este é o primeiro Macan alimentado apenas por bateria e as
potências (com overboost e motores
síncronos na frente e atrás), entre quatro opções, vão de 360 a 639 cv (máximos)
e torques impressionantes de 57,5 a 115,3 kgf·m (!).
Dimensões:
comprimento, 4.784 mm; entre-eixos, 2.893 mm (cresceu quase 90 mm); largura,
1.938 mm e altura, 1.622 mm. Fácil de entender o amplo espaço para motorista e quatro
passageiros. Porta-malas traseiro de 540 litros (480 L, na versão de topo
inadequadamente batizada de Turbo) aos quais se somam 84 L sob o capô.
Destaques no visual: capô alto, para-lamas pronunciados, faróis em duas
sessões, portas sem molduras, rodas de 20 ou 22 pol. (10 opções de desenho) e
lanternas traseiras em 3D.
Interior
apresenta acabamento superior e três telas. A do quadro de instrumentos de 12,6
pol. com projeção de dados no para-brisa e realidade aumentada, a de multimídia
central e outra opcional para o passageiro, ambas de 10,9 pol. Carregador de
celular por indução e refrigeração, quatro portas USB-C, Android Auto e Apple
CarPlay. Arquitetura elétrica de 800 V e bateria de 100 kW·h (nominal). Tempo
de recarga para os raros carregadores DC de 800 V e 270 kW: 21 minutos, entre
10% e 80%. No outro extremo, 10 horas: de 0% a 100% com carregador comum AC, de
11 kW.
Ao volante do
Macan 4, em percurso total de cerca de 200 km, São Paulo-Porto Felix, ida e
volta, impressionou pela agilidade em curvas (eixo traseiro direcional até 5° e
suspensão ativa), apesar dos 2.330 kg em ordem de marcha. 0 a 100 km/h, em 4,1
s, como esperado. Freios muito potentes, típicos da Porsche. O eixo traseiro
direcional, opcional exclusivo do elétrico, ajuda também em manobras de
estacionamento e retorno (diâmetro de giro, 11,1 m, exato 1 m de ganho).
Preços: R$ 560.00
a 770.000. Mantida a oferta do Macan de motor a combustão, por tempo
indeterminado, (R$ 490.000 a 735.000).
Kardian é eleito Carro do Ano/Autoesporte 2025
Pela primeira
vez, em 58 anos, um modelo da Renault venceu na mais tradicional promoção da
mídia brasileira. A Autoesporte, que em 2024 completa 60 anos de circulação,
formou um corpo de jurados com 26 profissionais, sendo sete da revista e 19 de
jornalistas e especialistas convidados. Resultado final por categoria:
Premium:
Hyundai Ioniq 5
Superpremium:
Audi Q6 e-tron
Luxo: Lexus RX
450h+
Esportivo:
Ford Mustang
Picape:
Chevrolet S10
Picape Premium:
Ford Ranger Raptor
Motor a combustão:
Renault 1.0 TCe (Horse)
Motor Híbrido:
Toyota/Lexus 2.5 PHEV
Motor Elétrico:
BMW i5
Inovação: BMW
(primeiro híbrido plug-in nacional)
Executivo:
Ciro Possobom (presidente da Volkswagen do Brasil)
Marca Digital:
Nissan
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