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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Enquanto a União Europeia (EU), sem fronteiras, obrigou a unificação de exigências de segurança, apesar de diferenças de padrão de riqueza entre seus membros, o Latin NCAP continua a ignorar a diferença entre apontar falhas de segurança em testes de colisões, lança a confusão e dúvida em razão de protocolos de testes malfeitos

Alta Roda   

Nº 941  — 19/5/17

Fernando Calmon



Sensacionalismo barato

Fica difícil de acreditar que o Latin NCAP continue a ignorar a diferença entre apontar falhas de segurança em testes de colisões e lançar confusão e dúvida em razão de protocolos de testes malfeitos. 

O objetivo da organização parece ser o confronto, em busca de fama, sem construir base propositiva adequada à realidade da região.

São incomparáveis os esquemas técnicos montados pelo Euro NCAP e sua improvisada contraparte latino-americana. 

A União Europeia (EU) sem fronteiras obrigou a unificação de exigências de segurança, apesar de diferenças de padrão de riqueza entre seus membros, que antes resultavam em carros ocidentais muito mais seguros que os orientais. 

Foi um longo caminho de adaptação e conflitos resolvidos pelo diálogo.
O Brasil não tem fronteiras livres com todos os seus vizinhos, nem moeda única e nem livre mercado como na UE. 



Mas o Latin NCAP escolheu a picape Ford Ranger básica, vendida na Colômbia, para “punir” o fabricante que nem comercializa aquela versão no Brasil. 

Os Nissan March fabricados aqui e no México são iguais, mas a confusão formada por protocolos mudados, sob escassa discussão prévia com fabricantes, provoca dúvidas no consumidor e a perda de “estrelas”. 

Simplificando: a temperatura é a mesma, mas o termômetro, diferente.

Como se faz na EU? Simplesmente não se submete a testes o mesmo carro com protocolos diferentes antes de seis anos. 

Em abril do ano passado, o Euro NCAP criou um mecanismo chamado Dual Rating (em português, Dupla Classificação). 

Lá, continuam colisões de modelos básicos de cada marca. Mas o fabricante pode patrocinar outra rodada de testes com equipamentos de segurança adicionais e conseguir galgar uma ou duas estrelas extras.

Segundo a própria entidade europeia, “esse sistema permite gradualidade nas opções de compra, mantendo carros a preços acessíveis (grifo da Coluna), mas ao mesmo tempo dando oportunidade aos consumidores de obter importantes tecnologias de segurança”. 

Isso ocorre porque o custo alto da proteção adicional é insuportável para todos os consumidores. E ocorre em zona econômica de alto poder aquisitivo frente ao Brasil e vizinhos.

Essa possibilidade, pelas regras da Latin NCAP, não melhoraria a nota zero do Onix na proteção do passageiro adulto, mas talvez mudasse as três estrelas para passageiro infantil. 

Em outros casos, como do Peugeot 208, poderia fazer diferença, pois 90% dos modelos são comercializados com airbags laterais. 

O Euro NCAP, por exemplo, faz testes de bancos infantis à parte, diferentemente da forma mal executada nesta região.
Latin NCAP costuma dramatizar seus relatórios com frases apelativas como “grande desilusão” ou “ficamos decepcionados”. 

Sua associada local, Proteste, propõe recall para retirar de circulação modelos reprovados no teste de colisão em laboratório. 

Trata-se apenas de sensacionalismo barato e sem previsão em qualquer legislação no mundo.

O Brasil, no entanto, avança apesar de piruetas técnicas daquela “brilhante” entidade. 

A norma NBR 16204 regulamenta teste de colisão lateral nos veículos e entra em vigor em 16 de agosto de 2018. Entretanto, exigirá ainda regulamentação pelo Contran.

RODA VIVA

ENQUANTO em países centrais 95% dos carros ao final de vida são reciclados, aqui mal chegam a 1,5%. 
Pensando que um dia esse cenário pode mudar, a siderúrgica Gerdau criou sete estações móveis de reciclagem para automóveis, motos e caminhões. 

Antes de encaminhar as estruturas metálicas para o triturador, há completa descontaminação ambiental das carcaças.

RECÉM-APOSENTADO Ed Welburn, um dos mais famosos chefes de estilo da GM, recebeu algumas condecorações. 

Em entrevista à Car and Driver, destacou o Cadillac CTS-V Coupé como seu favorito. Sem identificar o modelo, apontou um em que frente, laterais e traseira pouco se entendiam e grade frontal parecia com a cara do Darth Vader. Desconfia-se do Pontiac Aztec.

COROLLA ALTIS se destaca pelo acabamento, espaço interno, solidez e um câmbio CVT que simula troca de 7 marchas ao apertar firme o acelerador. Faltou modernizar o painel. 

Sistema de projeção de velocidade no para-brisa tem aspecto improvisado. 

Versão esportivada XRS merecia, pelo menos, rodas de aro 18, embora as de aro 17 tenham bonito desenho.

RESSALVA: Na coluna da semana passada, vendas de veículos acumulados no primeiro quadrimestre de 2017 sobre igual período de 2016 tiveram queda de apenas 2,4%.

O recuo de 17% se deu na comparação entre abril e março deste ano em razão de menos dias úteis do mês passado. Provavelmente em maio a base comparativa acumulada seja zerada.

SEGUNDO a Procondutor, especializada no mercado de educação de trânsito e cursos de educação digital, são alarmantes os números de flagrantes em todo o País de motoristas dirigindo sem carteira de habilitação. Isso aliado à má formação teórica e prática colabora para o quadro péssimo de acidentes em 90% das vezes causados por imperícia, imprudência e negligência.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2

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