Fernando Calmon
Nº 1.100 — 4/6/20
FILOSA, DA FCA,
AFIRMA
MANTER INVESTIMENTOS
A previsão de como estará o mercado brasileiro de veículos,
depois que todas as concessionárias puderem reiniciar vendas presenciais, é de
uma queda anual de até 40% em relação a 2019. Conversei com os presidentes das
três maiores fabricantes, FCA, GM e VW, sobre o presente e o futuro. Em meio a
tantas declarações de desânimo, ainda há espaço para algum viés positivo? Vamos
descobrir nesta e nas próximas duas semanas. Começo com Antonio Filosa, da FCA.
O que vai mudar depois
da pandemia?
“O comportamento das pessoas e da própria sociedade. Vendas
online devem ganhar força. A jornada de compra será cada vez mais digital, e
isto exige novas estratégias de atendimento e pós-vendas. Consumidores terão
que adiar a compra do carro. Mas haverá muitas pessoas que se sentirão inseguras
em meio a multidões. Estas desejarão o carro próprio e conectado, como pagamento
de combustível e de produtos sem precisar sair do veículo. Vejo uma tendência a
maior demanda de veículos de entrada, de menor preço. Mas o segmento de SUVs é
o que mais cresce e continuará assim.”
“O mercado brasileiro continuará a ser um dos maiores e mais
atraentes do mundo. Já pudemos observar em crises anteriores a tendência de
recuperação rápida. Agora espero que em três anos voltemos ao número de 2019. A
taxa de motorização mostra que a frota brasileira ainda tem muito espaço para
crescer, pois está abaixo da de outros países com nível equivalente de renda ao
nosso. A velocidade da recuperação dependerá do controle do Covid-19 no país e
da confiança na economia. Mas é consenso que todos querem retomar a atividade e
voltar a crescer. Cria um cenário potencialmente positivo à frente.”
Que lições tirar dessa
crise?
“Os aprendizados. Nossos processos produtivos e
administrativos moldaram-se à nova realidade com nível ainda mais alto de
atenção à saúde e à segurança. A velocidade de adaptação e aceleração da digitalização
tende a perdurar. O conselho global de administração da FCA, que eu integro,
admira o Brasil. Nosso principal acionista, John Elkann, viveu aqui. Conhece bem
o País e sua capacidade de se reinventar. A isto se soma o histórico de bons
resultados na região que resultam em forte confiança no Brasil. Nossos investimentos
estão mantidos, com prazos um pouco alongados. Trabalharemos muito para ampliar
nossa linha de produtos e surpreender o consumidor com soluções inovadoras.”
VW NIVUS CRIA UM
SEGMENTO PRÓPRIO
O plano de revelar o Nivus em etapas completou mais uma fase.
Agora sem disfarces, o primeiro SUV cupê compacto do mercado brasileiro, projetado
e desenvolvido aqui, também será produzido na Espanha para o mercado europeu e
de outros continentes.
A versão europeia estreia só no segundo semestre de 2021
e terá pormenores diferentes que a VW ainda não revelou, embora seja o mesmo
carro.
Sua personalidade é o ponto forte, sem semelhanças de estilo
com o T-Cross e o Polo. Deste herdou as principais dimensões de chassi, com
distância entre eixos (256 cm) e largura (175 cm) praticamente iguais, além de
portas, para-brisa, caixas de rodas e as colunas dianteiras e centrais.
Vão
livre do solo, 2,7 cm maior que o do hatch (17,6 cm x 14,9 cm), mostra que não
houve exagero. Para ter outra referência o Nivus é 8 cm mais baixo (149 cm) que
o T-Cross (157 cm), para garantir silhueta elegante em harmonia ao conceito do
projeto.
A inclinação das linhas do teto (pintado de preto) é um dos
pormenores atraentes e inclui defletor também preto. Cresceu em comprimento 7
cm (426 cm) em relação ao T-Cross (419 cm).
Os racks de teto são discretos. O
porta-malas do novo modelo, de 415 litros, ficou maior do que o T-Cross que tem
373 litros, na posição normal do encosto do banco traseiro (na posição vertical
aumenta para 420 litros, mas é incômodo). As rodas de liga leve são exclusivas
e têm desenho arrojado.
Outro destaque de estilo: conjunto de faróis, luzes diurnas
e de neblina, além das lanternas traseiras. Nas versões mais caras tudo em LED.
Internamente o painel e o quadro de instrumentos digital são do Polo, embora a nova
central multimídia VW Play e o volante (igual ao do novo Golf) sejam diferenças
marcantes. O suporte para celular foi eliminado.
Os materiais de acabamento são
simples demais, inclusive sua textura. No apoio de braço nas portas há apenas uma
pequena faixa de tecido. Atrás, o espaço para pernas e cabeças dos passageiros será
igual ao do Polo.
O motor será sempre o 1-litro de 128 cv/20,4 kgfm (etanol) e
câmbio automático epicíclico de seis marchas. Espera-se que a fábrica tenha
feito um ajuste fino no câmbio para evitar os atuais pequenos trancos na
arrancada.
A VW iniciará pré-vendas em junho. Entregas das primeiras
unidades devem ficar para o final de julho ou mesmo agosto. Ainda não anunciou
preços, mas a gama de versões será enxuta. Na média (com alguma superposição) ficará
entre Polo e T-Cross, na faixa de R$ 70.000 a 100.000.
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