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quarta-feira, 11 de outubro de 2023

A riqueza do Alentejo não se restringe à riqueza do azeite de Moura, ao pólo turístico da Mina de São Domingos e inconfundíveis panoramas de Pomarão e à gastronomia alentejana. Mértola guarda um legado da cultura árabe. Fotos incríveis e vídeos


Quem vai a Portugal, visita o Alentejo e se debruça sobre a essência do povo alentejano, curtido pelo sol escaldante que inunda planícies sem fim cobertas pelo trigo dourado que se ondula ao vento das tardes quentes até o dia se esconder no horizonte num lusco-fusco que devagar vai escurecendo o trigal sempre ondulado ao vento e logo se prateando sob os raios da lua que espalha sua beleza noturna dando nova cor à vida, entenderá o Alentejo e o seu povo e poderá se apaixonar.

Texto e fotos: Arnaldo Moreira

Moura

Ruas calmas de casas baixas caiadas de branco, assim são as vilas e aldeias típicas do Alentejo. Moura é uma dessas localidades simpáticas, tranquilas onde você vive um pouco fora do frenesim das grandes cidades e sente-se inundado pelo ambiente calmo e reconfortante. 

Moura foi elevada à categoria de município em 1988. É uma bonita cidade a 55 km de Beja, no Baixo Alentejo, a 75 km de Évora, no Alto Alentejo e a 210 km de Lisboa. Faz fronteira com a Espanha por Barrancos. Suas ruas viveram milênios de história. Foi habitada por romanos que a chamavam de Arucci, ou Nova Civitas até à ocupação dos mouros que a batizaram como Al-Manijah, até chegar a Moura em homenagem à lenda da Moura Salúquia (uma moura que se atirou do alto do castelo quando soube que seu noivo fora morto por cristãos).  

A região governada pelo presidente da Câmara, Álvaro José Pato Azedo (PS), é importante produtora de azeite e tem como a mais importante atividade econômica a transformação dos produtos agrícolas, a azeitona de conserva, o vinho, o pão, a doçaria, os enchidos e o queijo. 

O castelo de Moura com sua torre de Menagem e ao lado o Convento das Carmelitas

O castelo de Moura, classificado como Imóvel de Interesse Público, desde 1944, está implantado no ponto mais elevado da atual cidade e a sua ocupação remonta, pelo menos, à Idade do Ferro. Existem vestígios da fortificação do período Islâmico e do período Cristão, testemunhos das intensas disputas pelo controle do território. 

O domínio cristão efetivou-se em 1232 e, a partir de 1295, Moura é definitivamente conquistada. É com D. Dinis que Moura tem a sua primeira Carta de Foral (1295) e Carta de Feira (1302) e, posteriormente, D. Manuel concedeu o Foral Novo em 1512. Nesse mesmo século, recebeu, por D. João III, o título de Notável Vila de Moura.

A importância geoestratégica de Moura, no período da Reconquista e em épocas posteriores, é inequívoca tendo em conta o fato de ter sido ali que se construiu o primeiro Convento da Ordem dos Carmelitas, em Portugal e em toda a Península Ibérica. O Convento do Carmo encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público, desde 1944; e pela construção da Igreja Matriz de São João Batista, a mando de D. Manuel no início do século XVI, que está classificada como Monumento Nacional, desde 1932.

Torre de vigia Atalaia Magra

A proximidade com a fronteira espanhola obrigava a um controle apertado do território em redor do castelo, daí a necessidade de se construírem torres de vigia ou atalaias. Em Moura estão inventariadas seis; a Atalaia Magra está classificada como Imóvel de Interesse Público, desde 1986.

A existência de duas nascentes de água permanente no interior do castelo, que ainda hoje abastecem duas fontes (Três Bicas e Santa Comba), permitiu que surgissem, na transição do século XIX para o século XX, uma unidade termal (Termas) e a Fábrica da “Água Castello”, unidade fabril que se manteve no espaço do castelo até ao final da década de 30.

Três alentejanos: Vítor Silva, Álvaro Azêdo e Arnaldo Moreira

Visitei, junto com Vítor Costa, presidente da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo, tendo como cicerone o prefeito (presidente da Câmara, em Portugal), Álvaro Azedo, o Lagar de Varas de Fojo - Museu do Azeite, que mostra como era feito o fabrico de azeite sem recursos a máquinas, sendo que a única mola propulsora era a força animal.

As mós, movidas a tração animal, que moíam as azeitonas que chegavam dos campos... 

O edifício, de 1810, conserva ainda a maquinaria original, que evoluiu do sistema de produção do azeite na época romana.

... e  eram despejadas nos depósitos do lagar em cada lado

O museu funciona de terça-feira a domingo, das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30.

O hoje museu do azeite atendeu ao consumo da população durante séculos 

Outros locais de visitação são o Museu de Joalharia Contemporânea Alberto Gordillo, na Rua Vista AlegreMuseu de Arte Sacra, na Rua da República,19, e o Núcleo de Armaria da Torre de Menagem do Castelo de Moura Casa dos Poços e a Exposição Moura Arqueológica, no antigo Matadouro Municipal.

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Ruínas das torres da área de processamento do minério da Mina de São Domingos


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https://youtu.be/l2Pt3Az4e74

Mina de São Domingos, potência econômica por séculos, abasteceu até siderurgia alemã na II Guerra

A tradição mineira na zona de São Domingos remonta aos Fenícios e Cartagineses e, depois destes aos Romanos e, cujo labor mineiro se estendeu desde o início do séc. I até aos finais do séc. IV, sendo o seu principal objetivo a extração de cobre, ouro e prata.

A exploração mineral no local de São Domingos é anterior à invasão romana da península Ibérica, período em que os trabalhos se intensificaram com a exploração do "chapéu de ferro" que cobria a massa piritosa, para a exploração de cobre, ouro e prata.

A Mina de São Domingos localiza-se na freguesia de Corte do Pinto, concelho de Mértoladistrito de Beja.

Água represada que servia à mina

A mina e a respectiva aldeia das Minas de São Domingos correspondem a um antigo couto mineiro. Possuíam ligação ao porto flúvio-marítimo do Pomarão, no rio Guadiana, por meio de um caminho-de-ferro de via reduzida, com cerca de 15 km de extensão, a Linha São Domingos - Pomarão.

O complexo mineiro está incluído na Zona de Protecção Especial do Vale do Guadiana (Rede Natura 2000) assim como classificado como Conjunto de Interesse Publico desde 2013.

A água dos riachos que abasteciam a mina foi represada e deu origem a um lago 

Em 1858, tem início a moderna exploração da mina, por iniciativa da companhia de mineração "Mason & Barry". Os trabalhos prolongaram-se até 1965, ano de esgotamento do minério e de encerramento da mina. Neste período, a lavra foi feita a céu aberto até aos 120 metros de profundidade, tendo os trabalhos continuado por meio de poços e galerias até aos 400 metros.

Com o fim da lavra, a aldeia mineira entrou em decadência. Esta foi a primeira aldeia de Portugal a ter luz elétrica. 

 Vítor Silva sobre as minas, uma aula imperdível


As minas de São Domingos eram parte da faixa peritinal ibérica que começa em Grândola, continua nas minas do Lousal, segue para as minas de Aljustrel e as minas de São Domingos, que eram as três minas principais, embora houvesse outras menores,onde se explorava a pirite e atravessam a fronteira até as minas do Rio Pinto, perto da cidade espanhola de Andaluza de Uelva. 

As minas já eram exploradas pelos romanos que procuravam ouro. O ouro aparece muitas vezes associado à pirite que é um sulfuro de ferro e a partir do séc. IXX começou a ser explorado por companhias inglesas, como a que explorava as minas de São Domingos, e alemãs. 

O sulfureto de ferro era utilizado para a produção de ferro que era dirigido à siderurgia nacional. Mais tarde, começou-se a utilizar o enxofre para a produção do ácido sulfúrico e a partir dele obter sulfatos que eram imprescindíveis para a fabricação de fertilizantes agricolas.



A área onde se encontram as ruínas é um pequeno espaço do enorme complexo que havia da mina de S. Domingos tudo para exploração da pirite. No local, moravam centenas de trabalhadores em bairros próximos e de que ainda existem algumas casas.


Foto: Vitor Oliveira

A mina de São Domingos tem dezenas de galerias que se encontram lacradas, que não podem ser visitadas ao contrário das minas de Aljustrel que ainda estão em operação. Mais tarde, talvez possamos abrir algumas galerias à visitação, considerou Vítor Silva.


Água represada ainda contem a presença de agentes químicos

São Domingos começou a ser paralisada nos anos 60 do século passado e a região que tinha um ambiente muito tóxico, passou por um processo intenso de recuperação ambiental que permite que o local seja visitado em total segurança e estejamos aqui sem qualquer problema. Ainda existem algumas retenções de água interditadas pela presença de agentes químicos.

Na mina de São Domingos temos uma tapada com um plano e água represada que formada por riachos que deu origem a uma grande reservatório que forma uma praia fluvial que é utilizada para a prática de canoísmo. 

Inclusive, no inverno quando nos países onde não têm como praticar esporte por causa do clima rigoroso, as equipes internacionais dos países do norte e do centro da Europa que têm os cursos de água congelados vêm praticar na represa. Já no verão o lago é transformado numa importante praia fluvial, uma área de lazer de portugueses e dos vizinhos espanhóis.


Star Hotel perto das Minas de São Domingos

A região da mina está aberta ao turismo. inclusive com diversos meios de hospedagem, entre eles um hotel 5 estrelas e bons restaurantes onde se saboreia a deliciosa gastronomia alentejana. 

O Turismo de Portugal e do Alentejo oferecem as informações necessárias sobre a região, bastando acessar o site: "visitealentejoPortugal":  https://www.visitalentejo.pt/pt/


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Pomarão: Uma jóia incrustrada nas escarpas da margem do Rio Guadiana


Pomarão é um porto no Rio Guadiana que servia à Mina de São Domingos localizada na faixa peritosa do Alentejo. As pirites eram escoadas por via fluvial porque na altura as estradas eram muito ruins e não havia ferrovia na região, além de uma linha de trem com túneis que ligavam a Mina de São Domingos ao porto fluvial do Pomarão, no Rio Guadiana que fica exatamente na confluência entre a Ribeira de Chança e o Rio Guadiana uma área onde o Rio Guadiana passa a ser fronteira entre Portugal e a Espanha porque para montante do Rio Guadiana quem fazia a fronteira era a Ribeira de Chança. O Guadiana quando chega ao Pomarão, quando passa em Mértola, corre somente em território português.

A maneira mais fácil de escoar o minério era de fato pela via fluvial. O Rio Guadiana vai até Vila Real de Santo Antônio, onde encontra o oceano, portanto, os barcos grandes subiam o Guadiana, atracavam no cais de Pomarão e levavam o minério para a siderurgia nacional  que também tinha acesso marítimo, pois fica no Mar da Palha, em Lisboa, no Rio Tejo.


Esse amontoado de ferros foi o que restou do cais onde os navios
carregavam o minério da mina

Mas também havia minério que ía para o estrangeiro, principalmente para a Alemanha, aliás diz-se, e parece que é verdade, mesmo ainda nos primeiros anos da II Guerra Mundial navios alemães iam a Pomarão carregar minério.

Com o encerramento da Mina de São Domingos o porto de Pomarão perdeu a utilidade, foi abandonado e está em ruínas, mas é um lugar tipicamente turístico. As ruínas ficam num lugar cheio de encantos frequentado por turistas de moto home.

Em Pomarão não há alojamentos hoteleiros por isso quem pretende ficar por lá tem de ser em moto-home.

Uma ponte construída perto de Pomarão facilita a ligação entre Portugal e Espanha.

A entidade de promoção turística do Alentejo tem um projeto para criar na região uma eco pista para passeios a pé ou de bicicleta. Naquele trecho de rio só passam barcos turísticos e viajantes que gostam de usar o Guadiana para seus passeios. Há um projeto para levar esses barcos até Mértola, mas há problemas de assoreamento em alguns trechos.

Mértola e a mina de São Domingos têm muito turismo de espanhóis e portugueses que inclusive aproveitam a praia fluvial criada pela barragem construída para servir de reservatório de água para a mina e é utilizada para provas de canoagem e de remo e no período de inverno é usada pelas equipes dos países do norte da Europa para treinar porque em seus países os cursos de água e lagos estão congelados. Há muita gente que vai de Mértola para as Minas sem conhecer o Pomarão.


O Pomarão é uma jóia conhecida relativamente por poucos. Vítor Silva Se tivesse muita gente se calhar começavam a abrir muitos restaurantes por ali e há barcos estacionados. Como é uma coisa pequena demasiados turistas podiam acabar com a tipicidade e autenticidade do lugar. O turismo tem esta coisa: quando é demasiado estraga. Pomarão não tem capacidade para receber muito turismo. Só tem duas ruas, uma junto ao cais e outra uma pouco mais acima na encosta extraordinariamente escarpada. Talvez seja melhor manter o lugar intacto, preservado.

Entrevista

Blog:

Vítor Silva, a quantidade de turistas que vai a Lisboa – ano passado foram mais de 10 milhões – que percentual visita o Alentejo?

Vítor Silva:

O Alentejo representa, tirando o espanhóis que chegam de automóvel, todos os outros que vão para o Alentejo chegam pelo aeroporto de Lisboa, não vão pelo aeroporto de Faro que tem um tipo de turistas muito específico ligados ao sol e mar do Algarve. Não são o tipo de turistas que se interessam pelo Alentejo que representa 4% do turismo nacional em termos de dormidas. Lisboa, em termos de dormidas representa quase 40% do total de dormidas. De cada turista que dorme no Alentejo dormem 10 em Lisboa. Se descontarmos que os espanhóis representam 20% do nosso turismo externo, em torno de 10% estão os alemães, brasileiros, americanos. O importante é que a maior parte dos turistas que vêm para o Alentejo vêm com esse destino.

Blog: Vítor como se processa a demanda turística entre Lisboa e Porto?

Vítor:

A diferença entre o Porto e Lisboa em termos de demanda turística é grande, mas o Porto está a tornar-se uma cidade com uma oferta muito boa. O turismo modificou completamente o Porto, a Ribeira, enfim. A ligação do Porto com o Vale do Douro que é Patrimônio da Humanidade, está muito bem feita. Temos os barcos-hotéis com viagens de 2 dias a uma semana que sobem o Douro. O Porto é um sucesso turístico. Tem dirigentes e empresários que se dedicam ao turismo e a Câmara Municipal que também aposta muito no turismo.

Blog: As investidas que o Alentejo vem fazendo no Brasil já representaram e representam o quê para o Alentejo?

Em 2019, o turista brasileiro representava 10% do mercado externo português, para 20% do mercado espanhol. Nós não temos uma monodependência do mercado externo, o que é muito bom. O mercado brasileiro diante da pandemia não recuperou completamente, com uma queda de 2022 de 25%, A recuperação do mercado brasileiro este ano foi muito boa. Há dificuldades no aéreo por falta de aviões. No entanto, o mercado brasileiro é superior ao mercado inglês, ao francês, ao dos Países Baixos. O Brasil é o mercado mais longínquo que Portugal tem, mais do que os Estados Unidos, que neste momento é um mercado que está a crescer muito. Com o Brasil estamos a trabalhar com a Azul, os EUA. com a TAP e a United;  e o Canadá, com a Air Canadá. 80% dos brasileiros que vão a Portugal são dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. O Alentejo para o Estado de São Paulo é um destino turístico consolidado, como é nos Países Baixos. Os vinhos ajudaram-nos muito, concluiu.

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Vila Museu, Mértola preserva séculos de história


A vila de Mértola que preserva séculos de história compõe um belíssimo cenário às margens do rio Guadiana. No topo do morro, o castelo de Mértola se impõem sobre o belo conjunto harmonioso da cidade branca de casas caiadas, cercada pela muralha.

Mértola guarda uma rica história herdada das várias etnias que chegaram à região em busca de minérios, entre elas Fenícios, Romanos, Árabes, Visigodos e Mouros. Declarada como uma Vila Museu devido a seu vasto acervo arqueológico e sua importância histórica, onde há também belezas naturais, como o Parque Natural do Vale do Guadiana, Mértola localiza-se na confluência da ribeira de Oeiras com a margem esquerda do rio Guadiana. Fica na sub-região do Baixo Alentejo, Sudeste de Portugal, a 14 km da Espanha, a 4 km da Mina de São Domingos e a 235 km de Lisboa.

Centro da cidade encosta na muralha do castelo

Mértola é um município raiano do distrito de Beja, inserido na região do  Alentejo (NUT II) e na sub-região do Baixo Alentejo (NUT III). É o sexto município mais extenso de Portugal, com 1.292,87 km² de área, tendo 6.205 habitantes (censo de 2021). É limitada a norte pelos municípios de Beja e Serpa, a leste pela Espanha, a sul por Alcoutim e a oeste por Almodôvar e  Castro Verde.


hidrologia do município é marcada pelo rio Guadiana e seus afluentes (OeirasChança e Vascão), que atravessa o município numa extensão 35 km, fazendo a maré sentir-se até Mértola, cerca de 70 km desde a foz


Em termos geológicos, o município é caracterizado por duas zonas distintas: a peneplanície alentejana e o vale do Guadiana cujas margens portuguesa e espanhola são unidas pela ponte. (Fonte: Wikipédia)

Pontos turísticos de Mértola

Castelo e Igreja Matriz
Ponte (Torre do Rio)
Campo Arqueológico de Mértola
Museu Municipal — Núcleo islâmico
Casa Romana
Casa do Mineiro — Centro de Documentação

Do muro que margeia a encosta do rio tem-se um dos mais belos quadros de Mértola

Toda a vila amuralhada de Mértola é um centro histórico. A cidade foi fundada em 1254 e construída sobre uma escarpa rochosa. Suas ruas são repletas de casas caiadas de cor branca, distribuídas em um labirinto de ruelas curvas, num ambiente medieval.

Subida a caminho da Igreja Matriz

Castelo de Mértola

Castelo de Mértola - Portugal

Estima-se que sua construção ocorreu entre 930 e 1031, na época islâmica, período em que a cidade foi um importante porto fluvial entre Mérida e o Atlântico. O Castelo de Mértola situa-se em uma posição dominante no topo da montanha que integra a cidade.

Na Torre de Menagem do castelo, encontra-se exposto um conjunto de materiais arquitetônicos, dos séculos VI a IX. O castelo é aberto à visitação e oferece belas vistas panorâmicas da cidade e do rio Guadiana.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção


Todos os povos conservam e tentam proteger a memória dos seus lugares sagrados. Assim acontece neste lugar, onde primeiro existiu um templo romano e depois, por volta do século 4 depois de Cristo, foi uma igreja cristã. 

A igreja guarda vestígios arquitetônicos do islamismo

No período islâmico, no século 12, o local foi transformado em mesquita e hoje é o único exemplar de arquitetura religiosa islâmica em Portugal. É toda branca, com estrutura simples e detalhes que lembram que um dia foi uma mesquita. Foi erguida como mesquita no século XII, depois remodelada como templo católico no século XVI e por último, reformada em 1910.



A porta da mesquita foi preservada

Em 1238, foi tomada pela Ordem de Santiago voltando ao culto cristão. Só em 1532, quando o edifício já se encontrava muito degradado, foram iniciadas obras que incluíram a construção das abóbodas e do portal da entrada principal.

Nos anos 1950, houve obras de requalificação do edifício que tornaram visíveis todos os vestígios do passado. Atualmente, a cave da antiga sacristia do século 16 mostra os alicerces do edifício e dá a conhecer as várias fases de ocupação.

Torre do Relógio

Torre do relógio - Mértola
Foto: Tó Quintas / Fonte: Maps

A Torre do Relógio situa-se na muralha lateral do centro histórico, voltada ao rio, acessível por escadaria. Em seu sino está inscrita a data de 1593, quando provavelmente foi construída. 

Casa Romana

Casa Romana - Mértola

A Casa Romana é uma bela construção onde funciona a Câmara Municipal de Mértola. No prédio funciona a ala museológica Romana onde estão expostas peças nesse estilo encontradas na cidade. Em frente a ela fica uma espécie de portal, junto à muralha. Funciona de terça a domingo.

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Museu de Mértola – Núcleo da Arte Islâmica



ASSISTA O VÍDEO. 

presidente da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo, Vítor Silva, dá uma aula sobre a arte islâmica encontrada em Mértola, que possui o Museu da Arte Islâmica com uma significativa presença do Islã, dos mulçumanos, na região. 


O museu, localizado na Rua Antônio José de Almeida, 2, mantém toda a estrutura, paredes, teto e peças como foram deixados pelos islâmicos. A cada dois anos acontece na cidade o Festival de Arte Islâmica.


Blog:
Uma alcaçova, o que siginifica?

Uma casa na alcaçova que redundou em cácer, que signific castelo de onde surgiu o nome de Álcacer do Sal. Alcácer é um refúgio que pode ser um castelo, o que mostra a presença intensa do Islã na região. O Islã esteve presente enquanto poder político em Portugal por mais de 500 anos, desde o princípio do séc. VIII até o séc. XIII e deixou aqui uma grande influência, mas naquele tempo, era um Islã bastante condescendente com outras religiões. 


Em Mértola, conviviam, de uma maneira relativamente pacífica, cristãos convertidos ou não ao Islã, e os judeus que chegaram em Mértola no sec. VI, muito antes de Portugal existir como país. 

Ruínas no Museu do Islã

Mértola, além de ser referência de várias culturas e religiões que aqui conviviam, do ponto de vista da arte islâmica que é o mseu onde estamos, Mértola tem peças que não existem em lugar nenhum na Península Ibérica. É o caso dos vasos originais expostos têm centenas de anos.

Maquete de uma casa islâmica no Museu do Islã

Blog:
No Museu pode ver-se uma maquete de uma casa islâmica...

Vítor:
Mértola, na verdade, é um centro da presença do Islã em Portugal do ponto de vista físico e cultural. Os muçulmanos deixaram em Portugal uma rica herança que está presente nas casas caiadas de branco, nas inúmeras chaminês que se encontram em grande número do Algarve e outros vestígios da arquitetura e cultura dos árabes, principalmente berberes, que habitam atualmente o Norte da África, Marrocos e Argélia. 



Aqui, como disse, ficaram centenas de anos e deixaram esse legado patrimonial, em peças que são únicas no mundo. Vem muita gente, principalmente pesquisadores, estudiosos dessa arte em Mértola para conhecer melhor essas peças.

Alcaçova islâmica em Mértola

Os islâmicos deixaram aqui também a raiz do que é a gastronomia portuguesa, essencialmente mediterrânica. O Sul de Portugal fica fora geograficamente do Mediterrâneo, mas o cultura, o clima, são mediterrânicos, um pouco temperado pelo Atlântico.



O importante é desenterrar um história que durante anos, durante a ditadura salazarista, esteve enterrada. No Estado Novo foi como se o período islâmico não tivesse acontecido no nosso território, durante esse período foi ignorado. Hoje, temos a obrigação de reavivar esse patrimônio que faz parte da nossa identidade, da nossa cultura. 

Somos tudo aquilo que os que por aqui passaram, os fenícios, os romanos, os visigodos, os árabes e também os cristãos, que são os que ficaram, e os judeus também que tiveram aqui um papel importante em todo o Portugal.



Mértola acaba por ser, numa altura em que as guerras se dissimivam, um ponto em que os povos coviviam uns com os outros em harmonia, respeitando-se entre si, apesar de sua cultura e religião diferentes.

Mértola começou a fazer neste século um festival islâmico, que acontece sempre no mês de maio, esta vila medieval transforma-se num suk (centro) árabe, como se estivessemos no Norte d'África, digamos assim, onde se compram muitos produtos só encontrados num mercado árabe, vêm muitos grupos de música portugueses, marroquinos, flamencos e outros de Espanhae de outros lugares com ligação à cultura árabe.
O Museu do Islã de Mértola recebe visitantes do mundo todo


Mértola começou a descobrir seu passado de uma maneira sistemática a partir de 1978. Mértola tinha um presidente da Câmara (prefeito) chamado Serrão Martins, que estudava na Faculdade de Letras de Lisboa, que tinha um professor, arqueólogo, chamado Cláudio Torres que veio a Mértola e se fixou na cidade. Mértola, uma cidade com pouco mais de mil habitantes, mas que tem 13 núcleos museológicos.

Com absoluta certeza, o público brasileiro, que gosta de patrimônio histórico, tem em Mértola um pólo turístico de extrema importância, não apenas pela riqueza cultural como pelas belas paisagens em todo o seu entorno.

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Ponte em Arcos de Mértola

Ponte de Mértola - Portugal

É uma bela ponte com cinco arcos sobre a Ribeira de Oeiras que faz parte da rodovia IC27 para quem vem do Sul. Com pista única, só passa um carro por vez. É uma ponte bastante fotogênica. Antes da última curva antes da ponte há um espaço para parar o carro e fotografar. Outro ponto de onde se tem uma ótima vista da ponte é da Ermida de Nossa Senhora das Neves.

Mirante da Ermida de Nossa Senhora das Neves

Ermida Nossa Senhora das Neves - Mértola
Ermida e castelo ao fundo – Foto: Vitor Oliveira 

A Ermida de Nossa Senhora das Neves se localiza em um morro atrás da cidade. No mirante lá do alto se tem uma ótima vista panorâmica. Dá para ver o castelo visto de trás, da ponte em Arcos e de parte da cidade. Junto da ermida há um cemitério.

Miradouro de Mértola (ponte)

Vista do Mirante de Mértola
Mértola vista do mirante da cidade

O miradouro fica ao lado da principal ponte da cidade, no outro lado do rio Guadiana. De lá se tem uma ampla vista da cidade ao longe e do rio. Também se tem uma ótima vista da ponte de 300 m de extensão que faz parte da rodovia N265.

Depois do mirante não deixe de seguir por mais 700 m pela rua do outro lado do rio. Lá há uma pequena praça de onde se tem uma bela vista da cidade.

Praia fluvial Azenhas do Guadiana

Praia fluvial Azenhas do Guadiana

Este balneário fluvial fica bem próximo da cidade, a apenas 850 m da ponte. O balneário se localiza junto a pequenos moinhos de cereais, onde se aproveita a água corrente do rio para rodar as mós de moagem. Abaixo das azenhas e dos moinhos fica o balneário em áreas mais protegidas da correnteza.

Cascata Pulo do Lobo

Cascata Pulo do Lobo - Mértola
Foto: ND / Fonte: visitmertola

A Cascata do Pulo do Lobo localiza-se a norte de Mértola dentro do parque natural do Vale do Guadiana. A cascata fica numa garganta bastante rochosa e estreita do Rio Guadiana. A cascata tem 14 m de altura e forma uma bela paisagem

Fica a 18 km em linha reta, porém por estrada são 41 km. O acesso é pela rodovia N265, sentido Serpa, até a vila Vale do Poço. Depois basta pegar à esquerda por mais 10 km pavimentados e mais uma estrada à esquerda com 2 km de terra batida.

Parque natural do Vale do Guadiana

Parque Natural Vale do Guadiana
Foto: ND / Fonte: Facebook visitmertola

O Parque Natural do Vale do Guadiana é uma área protegida, com 69.700 hectares. Começa logo ao lado da cidade e se estende pela zona ribeirinha do rio Guadiana, por parte dos municípios de Mértola e Serpa, no distrito de Beja.

O parque possui paisagens de vales escarpados. Sua principal atração é a cascata Pulo do Lobo. Mais informações no site oficial do parque

O que fazer em Mértola: Atividades

Trekking: Para os amantes do trekking, tem as caminhadas pelas trilhas às margens do Guadiana ou pelas paisagens do Parque Natural do Vale do Guadiana. Os percursos estão bem sinalizados.

Atividades náuticas: No rio Guadiana, em Mértola, há passeios disponíveis pelo rio. Na Praia Fluvial da Mina de São Domingos (durante o verão) também há passeios de barco e canoagem.

Observação de Aves: Esta região do Alentejo é rica em aves silvestres. Pelas estradas da região é comum ver sequências de ninhos de cegonhas no topo dos postes às margens da rodovia.

Ninho de cegonha no Alentejo em Portugal
Ninho de cegonha à beira da estrada

Pesca: O rio Guadiana é o lugar ideal para quem aprecia a pesca esportiva.

Caça: Mértola é a capital portuguesa da caça, onde acontecem eventos desta atividade desportiva. A perdiz-vermelha, a lebre e o coelho-bravo, o javali e os cervídeos, estão entre os animais caçados. A época de caça vai de agosto a maio com períodos distintos para cada espécie.

Agradecimento especial ao presidente da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo, Vítor Silva, pelo apoio oferecido que permitiu a feitura das matérias que o Blog publicou do Alentejo.

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