Coluna Fernando Calmon
Nº 1.293 — 21/3/2024
Kardian: valor competitivo além
de arquitetura bastante evoluída
A Renault investiu
para valer e juntou modernidade, estilo e desempenho no inteiramente novo SUV
compacto Kardian. Aparenta ares de hatch com altura de rodagem elevada, mas
isso pouco impactou no visual típico que tem atraído cada vez mais compradores
no Brasil e no mundo. Graças aos 209 mm de vão livre do solo é o mais alto (1.595
mm) entre concorrentes como Pulse e Nivus (este se trata de SUV cupê).
O carro se baseia na
nova Renault Group Modular Platform e
teve participação total da filial brasileira. Entre os recursos práticos estão
as barras de teto que podem ser usadas tanto no sentido longitudinal quanto transversal.
Também apresenta a maior distância entre eixos (2.604 mm) deste segmento para
conforto de quem senta tanto atrás quanto na frente e um bom volume de
porta-malas (358 litros VDA).
Capô alto, grade do
radiador, faróis principais, de neblina e luzes de rodagem diurna em três
planos formam um conjunto moderno, complementados por lanternas traseiras no
formato semibumerangue e um aplique no para-choque que esconde a saída do
escapamento.
Por dentro, chama
atenção a posição de dirigir com o banco do motorista regulável em altura até
bem próximo do assoalho ao contrário de outros SUVs. Destaques para a alavanca
de câmbio do tipo joystick e o freio
de estacionamento eletromecânico de autoimobilização nas paradas.
Tela multimídia de 8
pol. tem pareamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, carregamento por
indução para smartphone com refrigeração e quatro portas de entrada USB C (duas
atrás e duas na frente). Faltam saídas de ar-condicionado para o banco
traseiro.
O Kardian tem seis
airbags e 13 sistemas de assistência avançada ao motorista (ADAS, em inglês),
destacando-se frenagem automática de emergência.
No primeiro contato
com o Kardian no entorno de Gramado (RS), notei o ótimo estreante motor
3-cilindros turbo flex de 1 litro, 120/125 cv (G/E), 20,4/22,4 kgfm (G/E), que
trabalha bem afinado com o câmbio automatizado de duas embreagens a banho de
óleo e seis marchas.
Ronco típico do
motor interfere pouco no índice interno de articulação, porém é inevitável o nível
de vibrações superior a um quatro-cilindros. Não detectei situações de hesitação
em acelerações repentinas e há borboletas para troca manual de marchas atrás do
volante. Apesar da altura de rodagem, as suspensões bem calibradas fazem um bom
trabalho, sem sustos.
As três versões custam
R$ 112.790 (Evolution), R$ 122.990 (Techno) e R$ 132.790 (Premiere Edition).
Fiat aposta no preço da Titano e na robustez do conjunto
O mercado de picapes
médias, de certo modo saturado com modelos de seis fabricantes (Hilux, Ranger,
S10, Frontier, Amarok e L200), ganha mais um, a Titano, da Fiat. Na realidade,
se o critério for capacidade de carga de 1.000 kg e motor Diesel, o segmento
ainda agrega Toro (1.010 kg) e Rampage (1.019 kg), únicas de configuração
monobloco.
As demais mantêm a
tradicional cabine sobre chassi tipo escada que a maioria dos compradores
prefere mais como meio de transporte familiar do que para trabalho, sem
esquecer do uso misto. Entre 2014 e 2013 cresceram sua participação de mercado
de 13% para 18%, só superadas pelos SUVs de vários portes.
A Titano, na realidade,
é uma Peugeot Landtrek, projeto conjunto da marca francesa e da chinesa Changan
com motor diesel Fiat (o mesmo do Ducato) de 2,2 L, 180 cv e 40,8 kgf·m. Únicas
alterações são a grade do radiador e logotipos externos e interno. Uma escolha
natural considerando o peso de mercado da italiana e uma ampla rede de 520 concessionárias.
Se em média cada loja vender duas unidades por mês, atingiria a meta da Fiat de
12.000 unidades anuais para um mercado que foi de 188.000 unidades em 2023 (35%
concentrado nas capitais).
Uma atração em particular
é o preço das três versões: Endurance,
R$ 219.990, Volcano, R$ 239.990) e Ranch, R$ 259.990. Garantia de cinco
anos. Além da maior caçamba do segmento de 1.314 litros (medida sem protetor),
há câmeras de três tipos: frontal, de 180 graus e 360 graus off road. Tração é sempre 4x4 sob
demanda e bloqueio do diferencial traseiro. As duas opções mais caras oferecem
câmbio automático epicíclico de seis marchas; na versão de entrada, de câmbio
manual, o torque máximo cai para 37,7 kgf·m.
Na avaliação inicial,
tendo o cenário de fundo a Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, a Titano se
destacou pela impressão de robustez ao enfrentar estradas de terra, buracos e
ondulações. No entanto, o comportamento dinâmico em geral não transpareceu tão
amigável e previsível como de uma Ranger ou mesmo da líder de mercado, Hilux. O
nível de ruído pareceu-me ligeiramente maior do que a média do segmento. Na
distância livre do solo (235 mm) é praticamente igual à Ranger (232 mm), porém
perde para Hilux (286 mm).
Entre as amenidades
há tela multimídia de 10 pol. e espelhamento de Android Auto e Apple CarPlay só
por meio de fio. Há duas entradas USB dianteiras e uma traseira. Carregador de
celular por indução é oferecido à parte como acessório Mopar.
Bentley posterga elétricos em favor de híbridos plugáveis
O cenário mundial
cada vez mais afeta a indústria automobilística e algumas marcas já aliviaram o
pé do acelerador no ritmo de migração para os carros elétricos. Isso não
significa que lançamentos deixarão de acontecer, porém o protagonismo do
híbrido padrão e do híbrido plugável ganhou força no desejo dos consumidores.
Há algumas razões
para isso. Natural que o desejo de experimentar algo novo aguçasse os primeiros
compradores. A barreira do preço alto não é um problema para quem pode rechear
sua garagem com mais de um veículo. Porém, viagens exigem planejamento e
dependem basicamente da rede de recarregadores. A opção é recorrer a um
automóvel de motor a combustão ou híbrido.
Incertezas pelo
prolongamento de guerras no Oriente Médio e na Europa também prejudicam as
decisões pessoais. Os governos retiraram total ou parcialmente os subsídios. Marcas
de alto padrão pareciam imunes a esse panorama, porém a Mercedes-Benz foi a
primeira a reconhecer que teria de diminuir o ritmo (esperado) da migração. Os
híbridos voltaram a representar uma alternativa viável.
Bentley é uma marca de
luxo inglesa que já pertenceu à Rolls-Royce. Hoje ambas estão em grupos
alemães: a primeira, na VW e a segunda, na BMW. O Bentley elétrico perdeu a
prioridade para os híbridos plugáveis que utilizam motores V-8 e baterias
recarregáveis em tomada. Antes a previsão era que em 2030 toda a linha seria
apenas de elétricos e agora passou para 2033.
Em 2035 a Europa
pretende permitir a venda apenas de modelos elétricos, mas existe a
possibilidade de híbridos plugáveis estarem incluídos. Nos EUA, a previsão para
este ano é que 12% do mercado seja de elétricos, 20% de híbridos e 68% de modelos
com motor a combustão.
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