Nº 1.056 — 2/8/19
DUPLA PERSONALIDADE
A Renault deve muito ao Sandero e ao Logan seu crescimento
constante até os atuais 9,1 % do mercado de automóveis e comerciais leves. A
marca francesa está em quarto entre as mais vendidas com tendência a se
consolidar na posição, atrás das três tradicionais Chevrolet, VW e Fiat, nessa
ordem. Em 2021 espera alcançar 10%.
Ambos estrearam em 2007, o sedã em junho e o hatch em novembro,
dentro do conceito cheap space: em
tradução livre, espaço com preço acessível. A segunda geração chegou em
novembro de 2013 e junho de 2014, respectivamente. Agora estreou revitalização,
de meia geração. Enquanto Sandero e Logan receberam frente mais moderna,
incluindo luzes diurnas de LED, só o hatch foi resenhado na traseira com atraentes
lanternas de LED e vidro de base semielíptica, em conjunto visual bonito.
Uma mudança mecânica, no entanto, desequilibrou a estética dos
dois modelos. A grande novidade, a caixa de câmbio automática CVT levou ao
aumento da altura de rodagem para manter distância segura do solo. Molduras em material
plástico foram aplicadas às caixas de rodas a fim de diminuir o vão formado. A
solução ficou menos feliz no sedã do que no hatch. Compradores apreciam essa
aparência, segundo pesquisa da fabricante. Rodas de liga leve de desenho
elaborado ajudam na estética lateral.
Reforços estruturais aumentaram a massa em 14 kg. Agora airbags
laterais são de série, além de cinto de três pontos e apoio de cabeça para os
três passageiros do banco traseiro. ESC (controle eletrônico de estabilidade,
na sigla em inglês) também é de série, porém apenas nas versões automáticas. Bancos
dianteiros estão mais confortáveis, central multimídia espelha aplicativos de
rotas e o volante muito bem redesenhado (até o movimento de queda-livre na
regulagem de altura foi atenuado, mas não eliminado, embora continue sem ajuste
de distância). Como no Kwid, vareta de sustentação do capô é por mola a gás,
solução cômoda.
O câmbio automático CTV simula seis marchas. Ficou bem melhor
que o anterior automatizado e com pouco reflexo negativo em acelerações e
retomadas. Pena que, por ser protuberante em relação ao câmbio manual, tenha
deixado a carroceria em posição muito alta. Isso nunca é ideal para dirigibilidade
direcional e em curvas, embora não chegue a comprometer a segurança. No sedã,
comportamento dinâmico é marginalmente melhor.
O hatch “aventureiro” Stepway, se tornou versão à parte do
Sandero. Teoricamente enquadra-se como SUV por uma regra do Inmetro apenas para
normatizar medições de consumo de combustível e não indicação de desempenho
fora de estrada. Equívoco do instituto foi flexibilizar em demasia. Permitiu
que apenas três dos seis requisitos fossem atendidos: ângulos de entrada, de
saída e de transposição de rampa, mais as três distâncias livres do solo, no
centro do chassi e sob os eixos dianteiro e traseiro.
Entre as distorções aparecem casos curiosos, para dizer o
mínimo. O Stepway com câmbio manual, em teoria um SUV, perde essa condição
quando equipado com o automático. Estranha dupla personalidade.
Preços ainda competitivos: Sandero de R$ 46.990 a 65.400
(R.S. 69.690); Logan de R$ 50.490 a
71.090.
ALTA RODA
NISSAN praticamente confirmou que
lançará no Brasil produto semelhante ao Note e-Power, líder de vendas no Japão fora
da categoria de microcarros, como antecipou a coluna em novembro último.
Trata-se de um elétrico híbrido, ou seja, tração 100% elétrica, porém livre de
fios. Motor a combustão apenas aciona um gerador, dispensando bateria cara.
KICKS é o modelo escolhido (em 2021)
e o motor aqui, o atual 1,6 L flex. Com uso de etanol, terá emissão de CO2
menor em relação a elétricos convencionais que recarregam bateria com energia
de fonte fóssil, mesmo parcialmente. No híbrido comum, motor elétrico é
secundário e no e-Power, o principal. Conceito já aplicado em megacaminhões, locomotivas
e submarinos.
SEMANA de volta às aulas e vem uma
dica de segurança da Alemanha para crianças e adolescentes na imediação de
escolas. Dekra distribuiu quase três milhões de bonés desde 2004 em cores
vivas. Pode ser amarelo, laranja ou vermelho, o que aumenta a percepção de movimento
por parte dos motoristas. Valem ainda apliques no vestuário, calçados e mochilas.
SUBSTITUIÇÃO de controladores semafóricos
antigos por sistemas eletrônicos com inteligência podem aperfeiçoar a operação
de “ondas verdes” para os motoristas. Em grandes cidades, redução de
congestionamentos alcançaria até 50%, de acordo com estimativa do especialista
de trânsito Alexandre Zum. Incrível o atraso do Brasil em relação a um recurso
tão óbvio.
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