Coluna Fernando Calmon
Nº 1.304 — 6/6/2024
Vendas em maio ainda pouco
afetadas pela catástrofe gaúcha
Embora haja grande preocupação com as consequências das enchentes no Rio Grande do Sul que comprometeram tanto a frota estadual quanto as vendas, há esperança de alguma recuperação ao longo do ano. A comercialização em maio foi prejudicada por um dia útil a menos e também pela tragédia gaúcha cujo mercado representa cerca de 4% do total.
Na soma de automóveis e comerciais leves as 183.214
unidades vendidas em maio foram 12% menores que em abril. Os números também
refletiram a greve (já encerrada) na fábrica da Renault em São José dos Pinhais
(PR), pois cerca de 15.000 unidades deixaram de ser produzidas no mês passado.
Para José Andreta Jr, presidente da Fenabrave, “as condições favoráveis do crédito mantiveram o mercado aquecido no restante do País, tanto em maio quanto no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, fazendo o cenário continuar em viés positivo.
Ainda é cedo para analisar o impacto do ocorrido no
Rio Grande do Sul sobre as vendas anuais”. Em 2024 a comercialização total que
inclui caminhões e ônibus soma 929.550 unidades, resultado 15% maior que o
mesmo período de 2023.
Aparece também na avaliação do consultor Marcelo Cavalcante a queda
brusca de 23% nas vendas de veículos elétricos a bateria (VEB). Em maio foram
emplacadas 5.170 unidades contra 6.700 em abril. Híbridos plenos (menos 3,3%) e
micro-híbridos (menos 3,4%) também recuaram. Apenas híbridos plugáveis tiveram
o modesto crescimento de 2,9%.
Entretanto, em pesquisa recente do site Webmotors, considerando que 83%
dos 3.000 respondentes do levantamento revelaram disposição de adquirir ou
trocar de carro neste ano, a intenção de compra de elétricos se mantém em alta.
Comparada ao primeiro semestre de 2023, passou de 1,6% para 7%. A preferência
continua pelos híbridos, que subiriam de 8,4% para 11%.
O intento, porém, pode mudar, por exemplo, na direção de micro-híbridos.
Estes começam a chegar com força no próximo semestre por meio de produção
nacional da Fiat com a vantagem de preço bem menor que um VEB. A BYD que puxou
para baixo as vendas de VEBs e híbridos no mês passado, deve voltar a acelerar.
Todavia, a marca chinesa reviu sua meta de 120.000 unidades (elétricos e
híbridos), em 2024, para 100.000.
Europa mantém ritmo morno de avanço dos VEBs
Estatísticas na Europa não são tão ágeis como no Brasil e só agora
saíram resultados de abril. Confirma-se, pelo segundo mês consecutivo, o
esfriamento da venda de elétricos por lá. Segundo a consultoria internacional
JATO Dynamics, a participação de VEBs nos 28 países do continente europeu subiu
de 13,1% em abril de 2023 para apenas 13,4% no mês passado. Isso denota uma
forte desaceleração, atribuída ao fim dos incentivos fiscais, à lenta expansão
da rede de recarga e a uma esperança de que os preços diminuam mais rapidamente.
Há expectativa de que depois da eleição do Parlamento Europeu (PE), de 6
a 9 de junho, a taxação sobre elétricos vindos da China suba dos atuais 10%
para até 30%. Também é possível forçar a criação de centros de desenvolvimento
(inclusive de baterias) e de se abrirem fábricas no continente, o que vendo
sendo sondado por algumas marcas chinesas. O movimento do PE deverá ser suave a
fim de evitar atritos comerciais. Em abril, VEBs chineses continuaram a crescer
e detêm 6,6% de participação na Europa.
Há também uma onda na Grã-Bretanha de furtos de cabos de carregadores
públicos para venda do cobre no mercado que está escandalizando os ingleses. No
Brasil o alvo é a rede elétrica aérea e até subterrânea, mas há relatos de
vandalismo e furtos em postos públicos de recarga.
Marcas japonesas manipulam dados e são punidas
O governo do Japão acusou cinco marcas locais de desvios técnicos de testes
manipulados na homologação de segurança e consumo de combustível. A certificação
de vários modelos Toyota, Honda, Mazda, Suzuki e Yamaha desobedeceu aos padrões,
em certos casos desde 2014. O governo também ordenou que produtos afetados e ainda
em produção não fossem comercializados ou exportados até a certificação ser
refeita.
O maior fabricante mundial de veículos apresentou pedido de desculpas. Akio
Toyoda, presidente do Conselho de Administração da companhia e neto do fundador
da Toyota, foi portador da mensagem em pessoa, durante entrevista à imprensa. Três
produtos fabricados no Japão em 2014, 2015 e 2020 já tinham sido descontinuados.
Segundo a agência noticiosa Reuters, ações da empresa na bolsa de valores
caíram 1,8%. No caso da Mazda, recuaram 3,3%.
Quanto à Honda, admitiu irregularidades em testes de potência e ruído em
24 modelos durante oito anos, até outubro de 2017, mas todos saíram de linha.
Apenas alguns dias antes, Mazda, Subaru e Toyota anunciaram um plano de
desenvolverem em conjunto novos motores a combustão de dimensões compactas, híbridos
e compatíveis com combustíveis de baixa ou nula pegada de carbono. Poderão
utilizar hidrogênio líquido, combustível sintético ou biocombustíveis (a
exemplo do etanol) e conviver com modelos elétricos.
911 Carrera GTS destaca-se na linhagem Porsche
O preço, claro, está
bem longe de caber no bolso da grande maioria de quem senta ao volante: R$
1,055 milhão (fora opcionais). Isso, no entanto, povoa o sonho de entusiastas
ao redor do mundo e não seria diferente no Brasil. O Carrera GTS pode vir com
vários dos equipamentos dos 911 Turbo e Turbo S, menos obviamente o motor mais
potente e de maior torque de toda a linha (580 cv e 76,4 kgf·m). O GTS se
contenta com “apenas” 480 cv e 58,1 kgf·m do mesmo biturbo de 3,7 litros e 6
cilindros horizontais opostos três a três.
Entretanto, sua
aceleração de 0 a 100 km/h em declarados 3,4 s deixa para trás não apenas automóveis
comuns, porém a maioria de tudo que se move sobre quatro rodas, inclusive
outros carros esporte. O motor posicionado atrás do eixo traseiro é herança
imutável desde que a marca foi fundada em 1948. Um arranjo único no mercado e
mesmo assim apresenta comportamento em curvas excelente, perdendo apenas nesse
quesito para a configuração de motor central-traseiro de alguns carros
superesportes atuais. Mas, acredite, é por bem pouco, após rodar em ruas e
estrada por uma semana.
Conjunto de rodas e
pneus é o mesmo do Turbo S, de 20 e 21 pol. frente e traseira, respectivamente,
porém nada chama mais atenção do que a imensa asa traseira opcional pintada de
preto. No interior, há o refinamento típico da marca alemã com materiais de
acabamento de alto nível, além do interruptor de ignição/partida acionado pela
mão esquerda no painel como todo Porsche. Há também o botão giratório acoplado
ao raio do volante para mudar o modo de desempenho, mas isso vem direto da F-1
e adotado pelos Ferrari de rua com seu “manettino” (alavanquinha, em português)
desde o F430, de 2004.
Por último, mas não
menos importante, devo ressaltar precisão de direção, incrível potência de
frenagem e resistência à perda de eficiência dos freios de qualquer Porsche,
este último um reconhecido ponto de honra dos produtos criados em Stuttgart. O
primeiro 911 GTS híbrido chegará aqui no primeiro semestre de 2025.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário