Coluna Fernando Calmon
Nº 1.310 — 19/7/2024
Vendas sobem, porém
importações bem mais
O Brasil está
perdendo a batalha da balança comercial entre exportações e importações de
veículos. Nos últimos anos, desde 2015 o País sempre alcançou superávit com
destaque em 2017. Mas este ano o crescimento das importações vai superar as
exportações, segundo projeções da Anfavea. Trata-se de uma combinação
deletéria. Para manter o nível de empregos na indústria automobilística é
necessário que exportações compensem importações. Se o balanço for
superavitário, melhor ainda.
No fechamento do
primeiro semestre deste ano na comparação com igual período do ano passado a
produção total de veículos leves e pesados subiu apenas 0,5%. Passou de 1,132
para 1,138 milhões de unidades. De janeiro a junho de 2024 as exportações caíram
28,3% e importações subiram bem mais: 37,7%. O resultado pífio deu-se em
contraste com o firme aumento de vendas internas (varejo e atacado; leves e
pesados), na soma de veículos nacionais e importados, que subiram 14,6%.
Na realidade o aumento das importações — nada contra isso,
contudo de forma prudente — deu-se em razão de carros elétricos e híbridos,
além de concentradas em marcas chinesas. Híbridos convencionais e plug-in (somados
4,5%) e elétricos (2,9%) ainda representaram parcela muito pequena das vendas
de veículos leves no primeiro semestre deste ano.
No entanto a Anfavea defende uma volta imediata do imposto
de importação de 35% para veículos elétricos e híbridos, sem o escalonamento em
curso de 2024 a 2026. Será difícil o governo voltar atrás sobre o estabelecido.
A Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes
de Veículos Automotores (Abeifa) reúne hoje 10 marcas entre as 50 que atuam no
mercado brasileiro de veículos leves, pesados e máquinas, sem incluir motos.
Marcelo de Godoy, presidente da Abeifa, afirma que “medidas protecionistas ou
barreiras alfandegárias artificiais são sempre ineficazes e prejudiciais a toda
a cadeia automotiva”. Mesmo discurso simplista de sempre. Ele tem razão num
ponto: “Além disso, poderá prejudicar as relações com um parceiro comercial
importante para o Brasil como a China”.
A BYD é, de longe, a
maior associada da entidade em vendas, no primeiro semestre: 32.572 unidades, 71%. GWM vendeu menos, porém não se
associou. Mas o otimismo extrapola. A chinesa já previu comercializar 120.000
unidades este ano e depois corrigiu para 100.000. Só que a Abeifa projeta 94.000
veículos emplacados das 10 marcas em 2024. Uma das duas estará errada.
Novo lançamento da GM incluirá versão híbrida básica
O primeiro dos
produtos incluído no plano de investimentos de R$ 1,2 bilhão para modernização
da fábrica de Gravataí (RS) será, como esperado, um SUV compacto inédito que terá
como base o Onix, ou seja, menor do que o atual Tracker. O novo modelo está
previsto para 2026. O que se antevê é uma versão híbrida flex básica com
alternador e motor de arranque integrados, além de uma pequena bateria
auxiliar.
A GMB se convenceu,
ao sondar clientes, que passar direto para carros elétricos no Brasil vai
demorar em razão do preço alto e de uma rede de recarga incompleta. Um híbrido
pleno para veículos maiores, a exemplo de Tracker, Montana, S10 e Trailblazer, deve
chegar numa segunda etapa.
Fábio Rua, vice-presidente
da GM, afirmou que o novo produto (não adiantou que se tratava de um SUV) está
sendo desenvolvido pela engenharia da empresa, líder mundial para este projeto.
Será exportado para países da América do Sul e México. No Brasil vai mirar,
principalmente, no Kardian, Pulse e, em breve, no modelo equivalente da VW.
Outra atualização
esperada, segundo o site Autos Segredos, é a injeção direta de combustível no
motor a combustão interna. Até agora a Chevrolet era uma das poucas marcas a manter a injeção
multiponto no duto de admissão por achá-la uma solução de menor custo e
suficiente. Porém, o tempo mostrou que se trata de uma mudança viável e
necessária aos olhos do mercado. Deve estrear já neste novo SUV.
No total a empresa
americana investirá R$ 7 bilhões no Brasil entre este ano e 2028 na renovação
de seus modelos, introdução de tecnologias avançadas e agregação de novos
negócios.
BYD avança com híbrido plugável Song Pro
SUV de porte médio da fabricante chinesa tem a seu favor o estilo
atraente e o conjunto motriz. O sistema híbrido plugável a gasolina também é um
recurso vantajoso que se reflete em baixo consumo de combustível. Todavia, o
alcance médio declarado de até 1.100 km refere-se à antiga norma europeia NEDC
abandonada por pouco refletir a realidade e caiu em desuso a partir de 2017.
Sem sentido continuar a citá-la.
Pela norma brasileira NBR 7024, revista e utilizada pelo Inmetro, o
alcance médio é de 780 km, mas na prática pode ser um pouco melhor com bateria
totalmente carregada e tanque de 52 litros cheio.
Por outro lado, uma característica bem interessante informada pela BYD é
a eficiência térmica de 43% do conjunto comparável aos melhores motores a
diesel. O Song Pro, na versão GS de topo que dispõe de uma bateria maior (18,3
kW·h), entrega 235 cv e 43,8 kgf·m ao combinar, segundo a fábrica, um motor a
gasolina de 98 cv e 12,4 kgf·m ao elétrico de 197 cv e 30,6 kgf·m. Bom lembrar
que torque combinado tecnicamente não pode ser medido em aplicações em um mesmo
eixo, embora BYD insista.
Aceleração de 0 a 100 km/h em 7,9 s comprova desempenho muito melhor do
que o Corolla Cross híbrido não plugável limitado por seu motor flex de apenas
101 cv (etanol)/14,1 kgf·m associado a um motor elétrico 72 cv e 16,6 kgf·m com
potência combinada de somente 122 cv.
Isso ficou claro na primeira e curta avaliação pelas ruas de São Paulo.
O SUV chinês tem ótimo desempenho. Mas ao partir da imobilidade há um certo
atraso na resposta do acelerador, sem aquela reação fulminante dos elétricos.
Impressiona o silêncio a bordo com os vidros dianteiros de dupla camada para
isolamento de ruído. Porém, ao rodar em asfalto irregular ou passar por
lombadas falta o acerto fino das suspensões.
Também se destaca pelo espaço interno com distância entre-eixos de 2.712 mm, pouco menor que a do Song Plus. Os passageiros no banco traseiro, além do assoalho plano, contam com regulagem do encosto. Bancos dianteiros são confortáveis e o do motorista tem regulagem elétrica (só no GS). O porta-malas oferece 520 litros, mas não inclui estepe e perde espaço devido a uma maleta contendo carregador portátil.
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