Coluna Fernando Calmon
Nº 1.308 —7/7/2024
Um terço do mercado mundial pode
ser de veículos chineses até 2030
Essa previsão talvez se enquadre no campo das hipóteses, mas foi feita pela AlixPartners, consultoria de gestão global sediada em Nova York (EUA) com escritórios em mais de 40 países.
Segundo Mark Wakefield, colíder para assuntos
automobilísticos e industriais, “a China tem sido disruptiva, capaz de criar
veículos indispensáveis, que chegam mais rápido ao mercado, são mais baratos,
avançados em tecnologia e estilo, além de fabricar com mais eficiência”.
Numa primeira leitura pode sugerir algo como “o último a sair que apague a luz”, mas o consultor prudentemente previu que marcas chinesas devem passar de 21% das vendas de automóveis no mundo para um terço em 2030.
Seria um
aumento de participação de 50% bastante significativo em apenas seis anos.
Pelas contas da empresa os chineses estariam vendendo nove milhões de unidades
fora do seu país, entre exportações e produção localizada.
Outro executivo da consultoria, Andrew Bergbaum, foi mais contundente:
“Fabricantes que esperam continuar operando sob os princípios de negócios
usuais estão prestes a mais do que apenas um rude despertar – estão caminhando
para a obsolescência”, disparou.
Em outro ponto do relatório a AlixPartners reconhece que existem agora
apenas cinco modelos à venda nos EUA fabricados na China: os SUVs Lincoln
Nautilus e Buick Envision, o sedã Volvo S90 e os elétricos Polestar 1 e 2.
Marcas chinesas não são vendidas nos EUA.
Aí já começa a complicar. O mercado americano é o segundo maior do mundo, porém sustenta a incomparável relação de 18 habitantes para cada veículo vendido. Na China, o maior mercado, são 56 habitantes por veículo comercializado.
Com o imposto de importação de 100% recém-anunciado, na prática
marcas chinesas não teriam como enfrentar. Mas estas já estão se instalando no
México, visando o mercado americano. No entanto, tudo indica que essa porta de
entrada também ficará fechada.
Na Europa, como nos EUA, nenhum fabricante está parado. Podem se associar aos chineses como já fez a Stellantis — “se você não pode vencê-los, junte-se a eles”. Ou a Renault, que acaba de anunciar um acordo com a sul-coreana LG Energy Solutions e a chinesa CATL para produção de baterias 20% menos custosas já em 2026.
Também a União Europeia passa a taxar importações da
China, embora algum acordo de meio-termo possa ser alcançado em razão do peso
da Alemanha, que exporta modelos caros e muito rentáveis para a China.
Nenhuma dúvida existe sobre o avanço chinês. Mas daí a se concluir que
concorrentes ocidentais ficarão inertes, vai uma longa e irremovível distância.
Vendas em junho continuaram a subir acima do esperado
Apesar de o mês passado ter um dia útil a menos do que abril, junho
apresentou ótimas vendas. O crescimento do primeiro semestre deste ano foi de
14,6% frente ao mesmo período de 2023, totalizando 1.143.796 unidades. Destaque
para os automóveis que aceleraram 15,7%.
Segundo José Andreta Jr, presidente da Fenabrave, todos os segmentos
mostraram números melhores à exceção dos comerciais leves, que recuaram
ligeiramente (menos 1,3%). “Graças à oferta firme de financiamentos e índices
de confiança melhores de consumidores e empresários, os emplacamentos
acumulados este ano são os mais altos desde 2014, o que demonstra o aquecimento
do setor”, ressaltou.
Este panorama levou a entidade a rever para cima sua previsão de mercado
para este ano. Em janeiro havia prognosticado 12,7% de aumento nas vendas e
agora, 14,7%. O fechamento em 2024 poderá ser reavaliado para cima depois dos
resultados do terceiro trimestre.
Há expectativa de recuperação das vendas no Rio Grande do Sul, afetadas
por enchentes históricas. Grandes prejuízos foram relatados por 260
concessionárias, algumas com perda total.
BMW X2 ficou maior, mas manteve motor inalterado
Principal característica de estilo foi mantida no novo X2, um SUV cupê
que evoluiu sem se afastar do DNA da marca. No entanto, o carro cresceu 19,4 mm
no comprimento para 4.550 mm, 210 mm na largura (agora 1.840 mm), 64 mm na
altura (1.590 mm) e até no entre-eixos que passa a ter 2.690 mm (20 mm extras).
O porta-malas de 560 litros pode totalizar até 1.470 litros com o rebatimento
do encosto do banco traseiro.
Outra novidade é a iluminação de contorno da parte central da grade
do radiador, na tradicional forma de duplo rim, que caracteriza e identifica de
longe todos os modelos da marca alemã. Há também novas rodas de 20 pol., além
de um defletor na tampa do porta-malas e para-choque traseiro redesenhado. Foi
mantido o tradicional pacote estético M Sport.
O interior destaca-se pela tela curvada e contínua de 10,25 pol. para o
quadro de instrumentos e sistema multimídia de 10,7 pol. No console central,
além de dois porta-corpos, há carregamento sem fio para bateria de telefones
celulares. Teto solar panorâmico é de série. Abertura ou travamento das portas
dispensa a chave física e, agora, sem necessidade de aproximar telefone ou
relógio inteligentes. O sistema aceita pareamento Samsung ou Apple para Android
Auto e Apple CarPlay, respectivamente.
Motor continua o 2-litros turbo, quatro cilindros, 204 cv e 30,6 kgf·m,
além do tradicional câmbio automático epicicloidal de sete marchas. A BMW
indica aceleração de 0 a 100 km/h em 7,4 s e máxima de 231 km/h.
O roteiro para primeiras impressões foi na região de serra de Campos do
Jordão (SP). Banco do motorista estável, sem menosprezar o conforto, junta-se à
ótima estabilidade direcional, modulação de frenagem muito boa, comportamento
praticamente neutro em curvas com leve tendência subesterçante para evitar
surpresas e suspensões firmes. Resposta sempre exata do volante e uma relação
da caixa de direção bem baixa (rápida) que permite contornar a maior parte das
curvas sem cruzar braços, completam o comportamento dinâmico típico dos BMW. Em
piso irregular transmite ruídos dentro do tolerável. Também é possível
configurar os modos de condução para uma experiência mais prazerosa.
Preço: R$ 388.950.
Baterias de baixa tensão têm papel importante
Veículos elétricos
são dependentes de baterias de alto desempenho, pesadas e com química que exige
segurança ao extremo principalmente em colisões mais graves. Elas ainda são
muito caras, porém garantem uma segunda vida como fonte de energia alternativa de
back-up e em um terceiro momento aceitam um processo completo de reciclagem.
Segundo a Clarios,
multinacional que aqui fabrica a marca Heliar, baterias de baixa tensão de 12 a
48 volts estão em todos os tipos de veículos: com motor a combustão interna
(MCI), os três tipos de híbridos e os totalmente elétricos. É necessário
integrar química, eletrônica, software e diagnóstico independentemente
de requisitos de tensão, mesmo em carros elétricos que utilizam baterias de
maior desempenho, de até 800 V dos modelos mais caros.
Os principais sedãs de luxo atuais com MCI geralmente
utilizam não apenas uma bateria de baixa tensão, mas até três. Elas alimentam
sistemas de controle de cruzeiro adaptativo, atualizações de software via ar
(OTA) e fornecem soluções de armazenamento para a energia economizada com a
frenagem regenerativa entre outras funções. Por isso nem os carros 100%
elétricos podem dispensá-las.
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