Nº 871 — 15/1/16
Fernando Calmon
Vencedores e vencidos
Em um ano tão depressivo como 2015, com queda geral nas vendas de 26,6% (houve recuos mais expressivos de 41%, em 1981, 33%, em 1987 e 28%, em 1998), todos os 15 segmentos em que esta coluna divide o mercado sofreram bastante com exceção de um, os SUVs compactos.
Enquanto os carros esporte e stations mergulharam 48% e 34%, respectivamente, os utilitários esporte pequenos subiram nada menos de 34% sobre os resultados de 2014.
Tudo indica que podem continuar a crescer com a confirmação, logo no primeiro dia útil de janeiro, da produção do Nissan Kicks ainda este ano no Brasil.
Hyundai já trabalha em projeto semelhante. Renault lançará o Captur de dimensões um pouco maiores.
Faltam apenas Toyota e VW. O HR-V é o novo líder do segmento, mas o Renegade tende a ultrapassá-lo em 2016, inclusive por ter maior capacidade de fabricação.
Onix, mesmo separado do sedã Prisma, foi individualmente e pela primeira vez o modelo mais comercializado (125.931 unidades) com uma vantagem de apenas 3.368 unidades sobre a dupla de hatches Palio/Palio Fire.
Os BMW Série 3 e 4 desbancaram também o Fusion do comando do segmento médio-grande. Entre as picapes médias a Hilux quase quebrou os 20 anos de liderança da S10.
Nosso ranking soma hatches e sedãs da mesma família e igual distância entre eixos, independentemente do nome do modelo.
Sedãs com entre-eixos de significativa diferença classificam-se à parte (Grand Siena, Logan, Etios e outros).
A base é a do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores). Só são citados os modelos mais representativos, considerada ainda a importância do segmento. Dados compilados por Paulo Garbossa, da consultoria ADK.
Compacto:
Onix/Prisma, 13,6%;
HB20 hatch/sedã, 11,3%;
Palio/Fire/Siena, 9,6%;
Ka hatch/sedã, 8,6%;
Gol/Voyage, 8,59%;
Fox, 5,51%;
Uno, 5,5%;
Sandero, 5,4%;
up!, 3,7%;
Classic, 3,4%;
Fiesta hatch/sedã, 3,3%;
Grand Siena, 3%;
Etios hatch, 2,4%;
Logan, 2,1%;
City, 1,83%;
Etios sedã, 1,8%;
Cobalt, 1,6%;
March, 1,59%;
Versa, 1,21%;
C3/DS3, (1,19 %);
Punto, 1,14%;
Clio, 1%; 208, (1%).
Onix/Prisma confirmam liderança.
Médio-compacto:
Corolla, 31%;
Civic, 14%;
Focus hatch/sedã, 10%;
Cruze hatch/sedã, 9,4%;
Golf/Jetta, 8,8%;
Sentra, 6%;
A3 hatch/sedã, 3,6%;
Fluence, 3,5%;
C4 Lounge, 3%;
Lancer, 1,6%;
Peugeot 308, (1,5%);
Bravo, 1,3%.
Corolla aumenta margem.
Médio-grande:
BMW Séries 3 e 4, (29%);
Mercedes C, 28%;
Fusion, 27%.
Novo líder, bem apertado: BMW.
Grande:
BMW Série 5/6, (35%);
Mercedes E/CLS, 31%;
Jaguar XF, 20%.
BMW confirma.
Topo:
Mercedes S, 50%;
300C, 16%;
BMW Série 7, (12%).
Classe S com muita folga.
Esporte:
Boxster/Cayman, 25%;
BMW Z4, (23%);
911, (13%).
Liderança apertada.
Station:
Weekend, 56%;
SpaceFox, 36%;
Golf Variant, 5%.
Weekend amplia vantagem.
SUV compacto:
HR-V, 27%;
Renegade, 21%;
Duster, 18,5%.
Novo líder já ameaçado.
SUV médio-compacto:
Tucson/ix35, 36%; Outlander, 11%;
Sportage, 9%.
Líderes sossegados.
SUV médio-grande:
Hilux SW4, (39%); Santa Fe/Grand, 11,55 %;
XC60, (11,52%).
Sem ameaça à Toyota.
SUV grande:
Pajero Full/Dakar, 31%;
Grand Cherokee, 16%;
BMW X5/X6.
Pajeros tranquilos.
Monovolume pequeno:
Fit, 48%;
Spin, 31%;
Idea, 9%.
Fit consolidado.
Crossover:
ASX, 55%;
Range Rover Evoque, 23%; Freemont/Journey, 19%.
Liderança folgada.
Picape pequena:
Strada, 54%;
Saveiro, 31%;
Montana, 13%.
Strada imbatível.
Picape média:
S10, (28,8%);
Hilux, 28,4%;
Ranger, 14%.
Difícil S10 manter posição.
RODA VIVA
PREVISÕES para o mercado interno de veículos (incluídos leves e pesados) em 2016 são desanimadoras. Todos os números, qualquer que seja a fonte, permanecem negativos.
Fenabrave espera menos 5,9%, Anfavea menos 7,5% e a média em uma pesquisa entre jornalistas do setor, menos 9,4%. Produção deve ficar estagnada, apesar de previstos 8% de aumento nas exportações.
CONTRARIAMENTE ao esperado, o aumento nominal das tabelas ficou abaixo do índice de inflação (IPCA), sem contar bônus e descontos, segundo a Anfavea.
Vários importadores deixaram de repassar a desvalorização cambial, mas certamente o farão este ano.
Quebra de escala de produção também deverá ser repassada aos preços este ano e talvez ultrapasse a inflação pela primeira vez em mais de 10 anos.
FENABRAVE está otimista quanto ao anúncio em breve do plano de renovação de frota.
O maior problema é encontrar sustentação financeira, pois o governo permanece exaurido no seu balanço fiscal.
Para caminhões com mais de 30 anos a ideia é trocar por outro menos usado. Quanto a automóveis e motos com mais de 15 anos, é partir para um zero-km.
O carro seria reciclado ou sucateado e o interessado receberia um crédito.
EM PLANOS semelhantes, na Europa e EUA, os governos sempre entraram com dinheiro para estimular o consumidor.
Também no exterior há inspeção técnica veicular (emissões e de segurança) e toda uma cadeia de reciclagem.
Essa infraestrutura, praticamente, inexiste aqui. O ministro Armando Monteiro acenou que algo sairá da cartola. Tomara que não seja um coelho...
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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