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Nº 1.049 —15/6/19
INTERVENCIONISMO
ATRAPALHA
Governos, com certa frequência, mais prejudicam do que
ajudam em assuntos envolvendo a indústria automobilística, por si só bastante complexa
por sua extensa cadeia produtiva e os próprios riscos do negócio. Há exemplos
agora na França – fusão FCA-Renault – e no Brasil – mudanças no Código de
Trânsito.
O bem articulado plano de fusão dos grupos ítalo-americano e
francês esbarrou em exigências nada racionais do governo francês, como previsto
nessa Coluna. FCA simplesmente retirou sua oferta e deixou os políticos falando
sozinhos, após exigências descabidas como manter a sede na França ou garantia
absoluta de empregos. Nissan, por sua vez, defendeu maior influência sobre
decisões dentro da aliança de duas décadas com a Renault.
A posição brusca da FCA não significa que tudo terminou. O
governo da França baixou o tom. Admite diminuir de 15% para 7,5% sua
participação (com poder de veto) na Renault e também acena para um papel maior
da Nissan que se diz prejudicada por ser, ultimamente, maior que a Renault em
produção e resultados. O imbróglio não está fácil de resolver. O negócio ainda
pode sair, sem se tornar uma novela por meses.
Aqui, mudanças por projeto de lei do Código de Trânsito
Brasileiro provocam muita polêmica. Quem decidirá é o Congresso, sem prazo. Ninguém
desconhece a importância dos banquinhos infantis para segurança das crianças.
O
Governo Federal sugere trocar a multa por advertência escrita, porém os pontos continuariam
a ser lançados no prontuário do motorista. Essa advertência, se bem redigida e
com fotos de teste de colisão para maior dramaticidade, tem grande efeito
educativo. No entanto, deveria valer, quando muito, apenas para a primeira infração.
Mesmo a multa deveria vir acompanhada da advertência.
Hoje táxis, veículos escolares e carros de aplicativos
registrados (considerados de aluguel) não são multados na ausência de
dispositivos de retenção. Em outros países isso também levou a grandes discussões.
A fiscalização enfrenta percalços por envolver a idade das crianças e até
certidões de nascimento.
Quanto ao aumento de 20 para 40 pontos na apreensão da
carteira, o meio-termo talvez fosse ideal: 30 pontos. Recentemente o tempo
mínimo de suspensão foi aumentado de um mês para seis meses.
Então não parece
descabido elevar o limite de pontos, já que também o valor das multas sofreu
forte correção. É pouco válido comparação entre países sem saber o critério utilizado
de graduação de pontos.
O sistema alemão parece racional ao estabelecer advertência
por escrito, quando a pontuação do motorista está próxima ao limite.
Essa discussão estéril sobre “indústria da multa” parece
ignorar que a arrecadação é tão elevada que já faz parte do orçamento de muitas
prefeituras. Há quem defenda fiscalizar a fiscalização para evitar abusos, argumento
risível.
Em um ponto, porém, o governo acertou: faróis acesos de dia
só em rodovias de mão dupla, se aprovado pelos congressistas. Mesmo neste caso
é um equívoco, com mais desvantagens do que vantagens.
EUA têm a maior frota do
mundo e lá nunca foi obrigatório, depois de vários estudos. O correto, como previsto
agora, são luzes de uso diurno (DLR, em inglês) e um prazo de instalação nas
fábricas.
Aumentar a validade da CNH de cinco para dez anos também é
adequado.
ALTA RODA
ANFAVEA revisará
para baixo sua previsão de exportações (em razão da forte queda de vendas na
Argentina), o que também atingirá a produção em 2019. Fabricantes cortaram
vagas ou deram férias, mas o crescimento do mercado interno continua firme:
12,5%. Isso ainda garantirá números de produção maiores em relação a 2018.
QUEM ainda
duvidava do acerto do programa Rota 2030, melhor ficar mudo. Já se habilitaram
32 empresas entre fabricantes de veículos e de autopeças. Agrale, PSA e VW
foram as primeiras, ainda em dezembro de 2018. FCA, GM e Renault mais
recentemente. Todas investirão aqui em pesquisa e desenvolvimento. Nenhuma
marca oriental ainda aderiu.
JETTA GLI com mesmo motor do Golf GTI, 230
cv/35,7 kgfm, foi lançado agora por R$ 144.490. O mexicano tem preço inferior ao
hatch produzido no Paraná; surpreende por também ser fracionalmente mais rápido
e veloz, apesar de maior massa. Trata-se de um sedã muito prazeroso de dirigir,
ótimo porta-malas (510 litros) e bem equipado.
DEPOIS de pequenos
ajustes de preço, o Honda WR-V tornou-se razoavelmente competitivo. Derivação
aventureira mais extensa do Fit, destaca-se pela suspensão robusta e reações
previsíveis mesmo com altura de rodagem maior. Estilo na parte traseira algo exagerado.
Câmbio CVT precisa ser usado na posição “S” frequentemente para diminuir
letargia de respostas.
ASSOCIAÇÃO Brasileira
de Engenharia Automotiva (sigla AEA) acaba de completar 35 anos. Por meio de
seminários e premiações (este ano organizou a 13ª edição dedicada ao meio
ambiente) colaborou para vários avanços tecnológicos do País. É mantida por 81
empresas, instituições governamentais e universidades, sempre em equilíbrio.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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