Nº 1.142 — 25/3/21
COMO SE PRECAVER
DE
GOLPES EM
CONSÓRCIOS
O sistema de autofinanciamento começou no Brasil no início
dos anos 1960, pouco depois da instalação da indústria automobilística.
Originalmente atendia apenas veículos novos, mas hoje há consórcios até para
cirurgias plásticas. No ano passado, segundo a Associação Brasileira de
Administradores de Consórcio, quase 2,5 milhões de contratos foram assinados
incluídos todos os tipos de veículos novos e usados: leves, pesados e
motocicletas.
Na ponta do lápis, certamente não vale a pena. Consórcio só
sobrevive aqui e em alguns poucos países vizinhos. No mercado de automóveis
novos representa cerca de 5% das vendas totais. Ainda assim, é preciso tomar
cuidado para não cair em armadilhas. Para começar, no lugar de juros se cobram
taxa de administração e todos os reajustes dos carros ou motos novos, que podem
ser superiores à inflação. Há que se ver o preço médio efetivamente pago depois
de 50 ou 60 meses. Os últimos contemplados, além de pouca sorte, tiveram de
pagar para que uma empresa o “obrigasse” a fazer uma poupança mensal.
Alexandre Gomes, da fintech
Consorciei, descreve quatro golpes contra consorciados envolvendo o sistema.
1) Venda de cota contemplada. Antes de qualquer pagamento certificar-se
dos dados e se assegurar da transferência.
2) Promessa de contemplação. Alguns vendedores tentam
"empurrar" o produto para uma pessoa menos interessada, garantindo
que será contemplada. No entanto isso é incerto, tanto nos casos de sorteio,
quanto por lance. A compra do veículo passa por análise de crédito tão rigorosa
quanto a de um financiamento. Se não tiver quitado sua cota com o lance, o
consorciado precisará deixar o veículo como garantia e seguir com pagamento das
parcelas.
3) Entrar em consórcio sem verificar se é autorizado pelo
Banco Central. No site do BC há relação atualizada de todas as administradoras
do País.
4) Contemplação é diferente de quitação. Embora possa dar um
lance de contemplação que também quite o consórcio, caso o lance seja menor que
o saldo devedor ou o consorciado tenha sido contemplado por sorteio, ainda
precisa pagar as parcelas restantes.
Simpósio aponta caminhos
na revolução da mobilidade
Temas relevantes e
atuais marcaram a 28ª edição do Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva
(Simea), na semana passada. O macrotema deste ano: “A Revolução da Mobilidade
na Sociedade 5.0”. O conceito de Sociedade 5.0 surgiu no Japão, em 2016, e
sucederá os quatros anteriores na perspectiva histórica: Caça, Agricultura,
Indústria e Informação. Agora os focos apontam para qualidade de vida,
sustentabilidade e inclusão.
Este ano houve mais
de 1.000 inscritos e foram apresentados 60 trabalhos técnicos, 10% a mais que a
edição do ano passado.
Carlos Zarlenga,
presidente da GM América do Sul, disse na abertura do Simea que o Brasil
precisa acelerar o passo para continuar a atrair investimentos externos na
indústria. Destacou que há dez anos a previsão era de crescimento contínuo do
mercado, mas o cenário hoje está abaixo do esperado. Para isso, caminhos
tecnológicos precisam surgir para definir o futuro.
Uma das palestras
mais interessantes, apresentada por David Dias, da Accenture Technology, previu
que, em 2025, no Nível 3 de automação (hoje estamos no Nível 2,5) o carro
poderá se movimentar sozinho, apenas sob supervisão do motorista. “Melhor dos
mundos é a combinação da máquina com o julgamento humano, apesar de a Inteligência
Artificial facilitar práticas e resultados”, afirmou.
Dyrr Ardash, da Williams Advanced Engineering, destacou que “a
eletrificação é a chave para o futuro da propulsão automotiva, mas as
alternativas de energia em pesquisa precisam ser sustentáveis e, ao mesmo
tempo, atender às exigências do consumidor final para manter sua confiança”.
Essa confiança pode ser traduzida como autonomia, tempo e rede de recarga, entre
outros desafios.
Dois representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovações, José Gontijo e Eliana Emediato, ressaltaram o objetivo “de
incentivar produção no Brasil de itens mais complexos, além de aumentar a
produtividade da indústria nacional a partir de modelos de negócios inovadores
e maior cooperação das cadeias produtivas”.
No início desta semana, a fabricante de autopeças ZF informou que até 2025 a adoção do sistema de Frenagem Automática de Emergência (AEB, na sigla em inglês) deve saltar de 5%, atualmente, para 26% dos veículos vendidos no Brasil. A empresa acenou com a possibilidade de produzir aqui, em médio prazo, as câmeras frontais para AEB. Esse equipamento deve se tornar de série até o fim dessa década. É um dos mais importantes para diminuir acidentes por erro ou distração do motorista. E poderá reduzir o valor do seguro.
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