Traction Avant significa literalmente "tração dianteira", embora o nome oficial fosse numérico e se referisse à potência do carro: 7CV. Desenvolvido por André Lefèbvre e Maurice Sainturat em apenas 18 meses, o veículo era tão evoluído que ainda parecia contemporâneo mais de duas décadas depois, já que ele foi produzido até julho de 1957.
MODERNO EM TODOS OS SENTIDOS
Talvez o carro mais inovador do mundo à época, o modelo não inventou as tecnologias que o tornaram famoso: suspensão independente, carroceria monobloco, tração dianteira e freios hidráulicos. Mas a combinação delas era única.
Não foi à toa que o veículo, um dos mais ousados pensados por André Citroën, foi amado por políticos, artistas, poetas e empresários durante seus 23 anos de vida, tendo inclusive as famosas versões presidenciais desenvolvidas por Henri Chapron para o presidente da França, Charles de Gaulle.
A adoção precoce dessas tecnologias pela Citroën fez com que o Traction Avant não só fosse cerca de 25% mais leve do que a maioria dos rivais da época, mas também tivesse uma aparência radicalmente diferente. Sem cardã atravessando a carroceria longitudinalmente, era espaçoso por dentro e, sem um chassi ou carroceria separados, era baixo, leve e ágil.
Uma solução tão ousada que logo se propagou por toda a indústria automotiva global. Não à toa, a esmagadora maioria dos carros de passeio produzidos atualmente adotam o mesmo conceito criado pela Citroën há 90 anos.
O modelo também inédito foi em seu design. O escolhido para desenhar artesanalmente o Traction Avant foi o escultor italiano Flaminio Bertoni, que nunca havia trabalhado para o setor automotivo.
Mesmo assim, o artista conseguiu aproveitar o seu talento, seus conhecimentos do trabalho com metal e as inovações tecnológicas para chegar a uma silhueta aerodinâmica, elegante e inconfundível. Seu projeto, apresentado a André Citroën em um molde de argila, foi aprovado de imediato.
VERSÕES E DIFERENCIAIS
Uma das versões mais raras do Traction Avant é a 7A, que somou 7 mil unidades fabricadas até julho de 1934 e era equipada com um motor de quatro cilindros, 1.303 cm³ e 32 cv. Depois vieram os modelos 7B (1.628 cm³ e 38 cv) e 7 Sport (1.910 cm³ e 48 cv). Era possível escolher entre as carrocerias Berline (sedã), Faux Cabriolet (conversível) e Roadster (conversível de dois lugares).
Em 1938, uma versão mais potente, chamada 15-Six G, apareceu e complementou a linha, equipada com motor seis-cilindros de 2.867 cm³ e 77 cv e suspensão hidropneumática. Essa versão do Traction Avant foi apelidada de “Queen of the Road” (Rainha da Estrada), pelo seu vanguardismo, imponência, mas também conforto e impavidez no rodar.
Todas as versões usavam caixa de câmbio de três marchas, com a alavanca, no estilo típico da Citroën, projetando-se verticalmente do painel. A suspensão independente com barra de torção e o moderno sistema de direção recompensavam o desafio com um guiar vívido e inspirador. A “gentileza” se completava com seu conjunto formado por motor, câmbio, radiador e suspensão dianteira acessível por um capô com fixação longitudinal, facilitando a vida dos mecânicos.
Além disso, a carroceria monobloco também conferia inúmeras vantagens: na parte aerodinâmica, o veículo, por ser mais baixo, possuía consequentemente a parte dianteira menor, reduzindo a resistência do ar. Além disso, a eficiência do conjunto permitiu uma notável redução de peso, o que representou uma melhoria no consumo.
A suspensão independente nas quatro rodas proporcionou ao Traction Avant um conforto de condução que surpreendia a todos, conferindo ao veículo uma estabilidade na estrada sem precedentes para a época. E por não possuir um túnel de transmissão, usada até então em carros de tecnologia mais antiga, o interior tinha um piso totalmente plano.
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