Fernando Calmon
Nº 1.014 — 12/10/18
RESERVAR FORÇAS
O apelo este ano foi menor, mas o Salão do Automóvel de
Paris manteve-se atraente ao público, mesmo com a ausência recorde de 16 marcas.
A indústria mundial enfrenta pesados investimentos em quatro níveis de alta
tecnologia – eletrificação, conectividade, direção autônoma e compartilhamento –
e sem descuidar dos atuais veículos.
Por isso, tem havido seletividade nos
dispêndios. Reservar forças para as novidades compatíveis às datas das grandes feiras
mundiais. A exposição francesa completou 120 anos em 2018 (assim como a
Renault) e encerra no próximo dia 14.
Marcas alemãs dominaram em termos de lançamentos. Uma das
grandes atrações foi a sétima geração do sedã BMW Série 3 que cresceu em dimensões
(até na clássica grade de duas entradas) e teve o novo interior muito elogiado.
Outra atração foi a quarta geração do X5 a ser produzida nos EUA e China. Os
dois novos produtos e o renovado roadster Z4 chegam ao Brasil ao longo de 2019.
Arquirrival Mercedes-Benz contra-atacou com o GLE, um SUV de
tamanho intermediário e rodas de nada menos que 22 pol. de diâmetro.
Classe A,
na versão sedã, tem boa chance de ser produzido em Iracemápolis (SP). Também
apresentou o novo monovolume Classe B. Estes dois últimos estreiam a primeira
caixa automatizada de duas embreagens e oito marchas (antes, sete).
Audi, além da segunda geração do hatch A1, apresentou seu
primeiro SUV elétrico, o e-Tron, concorrente direto do também estreante EQC400,
da Mercedes-Benz, ambos com dois motores – um em cada eixo – para tração 4x4.
Renault manteve sua ofensiva elétrica com o subcompacto K-ZE,
ainda numa versão conceitual baseada no Kwid, a ser produzido na China para se
tornar mais acessível.
Também apresentou o EZ-Ultimo, um carro-conceito futurista
autônomo, elétrico e otimizado para compartilhar. Peugeot deu o troco com o
conceitual e-Legend inspirado no estilo do icônico cupê 504, de 1969, mas com
motor elétrico de 462 cv. Citroën C5 Aircross estreou e pode ser importado já
no próximo ano tendo o mesmo porte do Peugeot 3008.
Entre os carros esporte, Ferrari voltou a roubar a cena
graças aos espetaculares Monza SP1 e SP2. Ambos são roadsters, mas o primeiro
deles tem o lugar do acompanhante coberto.
Motor é um V-12, de 6,5 litros e 810
cv, o mais potente que já produziu para um automóvel de rua. Porsche também
chamou atenção pelo conversível conceitual 911 Speedster, mas com linhas
definitivas. Estará à venda no próximo ano (apenas 1.948 unidades em referência
ao ano de fundação da marca).
Em meio à ênfase relacionada aos veículos elétricos,
voltaram as dúvidas sobre quantos estão mesmo interessados em comprá-los.
Na
Europa, representam cerca de 2% das vendas e sem sinais de que a demanda vá
crescer de forma significativa. Poucos acreditam que em 2030 países como a
França vão mesmo limitar a comercialização de carros novos apenas a elétricos puros.
Híbridos, sim, terão mercado crescente.
Curiosamente, a petrolífera inglesa BP anunciou no Salão que
pesquisa carregadores ultrarrápidos: em cinco minutos, 80% da carga. Nada
comentou sobre menor vida útil da bateria submetida a ciclos repetitivos desse
tipo.
ALTA RODA
ANFAVEA reviu
crescimento do mercado interno este ano para 13,7% (previsão da Coluna no
começo do ano, 14,1%). Número de financiamento aumentou, pois a taxa de
inadimplência atingiu 3,5%, percentual mais baixo da série histórica. Estoques
subiram para 40 dias, pouco acima do normal. Apenas a exportação enfrenta
dificuldades: deve cair 9% este ano.
EXPECTATIVAS para
o Salão do Automóvel de São Paulo (8 a 18 de novembro) continuam muito boas. VW
T-Cross, primeiro SUV da marca com produção local, terá apresentação prévia
pelo Facebook no próximo dia 25. Suas linhas serão reveladas na Alemanha,
Brasil e China. Interior poderá se manter “escondido” mesmo no Salão. No
mercado só no segundo trimestre de 2019.
MERCEDES-BENZ Classe
C 2019, produzido em Iracemápolis (SP), recebeu retoques no para-choque
dianteiro e lanternas traseiras. Há novas rodas e faróis em LED. Motor 1,5
turbo recebeu um alternoarranque que gera 14 cv extras (sistema de 48 V) e
permite até 10% de economia de combustível quando combinado com desligar e
religar o motor em declives suaves.
GUIAR o híbrido
Lexus CT200h deixa transparecer solidez e silêncio. Acabamento interno é muito
bom, embora pudesse arrojar mais no painel e quadro de instrumentos. Como o
hatch manteve altura de rodagem original, raspa com certa facilidade nos famigerados
quebra-molas e valetas. Espaço interno e visibilidade são pontos altos.
Porta-malas tem razoáveis 375 litros.
ZF COMPLETA 60 anos de sua fábrica no
Brasil, primeira fora da Alemanha. Hoje tem sete unidades no País e uma na
Argentina. Empresa adquiriu a TRW há três anos e pretende produzir aqui
equipamentos de ponta como câmeras e radares de bordo. Produz freio de
estacionamento elétrico para eixo dianteiro, ainda não aplicado em modelos
nacionais.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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