Fernando Calmon
Nº 1.045 — 17/5/19
COMO VIRAR O JOGO
Entre as inúmeras frases de efeito criadas no mundo dos
negócios está o termo BTR (De Volta à Corrida, na sigla em inglês). Esse termo
se aplica bem ao esforço recente da Peugeot em mudar sua imagem no Brasil.
A
marca teve algo em torno de 2,5% de participação de mercado e caiu para menos
de 1%. Hoje, ronda 1,2% ou metade do que já representou.
Este cenário coincidiu
com dificuldades financeiras da matriz na França, agora lucrativa, depois do controle
tripartite das ações entre família fundadora, governo francês e chinesa
Dongfeng.
A virada aqui começou pelo básico. Renovação de 70% das
concessionárias, investimento em treinamento – em três anos se gastou mais que
nos últimos 15 anos – e disponibilização de uma frota própria de 1.000 carros
de reserva distribuída entre quase 100 pontos de venda. Ao mesmo tempo bateram
na tecla: “Se o cliente não estiver satisfeito com o serviço ou atrasou a
entrega, não paga.” Foi criado serviço de reboque para veículos de até oito
anos de uso, em pane ou acidentado.
Agora apresenta a primeira revitalização do SUV compacto
2008. Mudaram para-choque dianteiro, grade, capô, logotipo do leão estilizado saiu
do capô para a grade, DRL e rodas.
A inspiração estilística veio do 3008,
importado da França, que passou a oferecer versão de entrada por competitivos
R$ 139.990. No 2008, o interior recebeu nova central multimídia, teto solar e ar-condicionado
bi zona.
Neste caso, os preços se mantiveram nominalmente iguais de R$ 69.990 a
R$ 99.990, o que significa queda real de preços. A empresa espera aumento de
30% nas vendas do modelo.
Faz, ainda, outro movimento ousado. Torna-se a primeira
marca generalista no Brasil a aposentar totalmente a caixa manual. Tanto os
motores de 1.600 cm³ de aspiração natural (118 cv/etanol) quanto o turbo (173
cv/etanol) só são oferecidos com câmbio automático de seis marchas.
Desde o lançamento do 2008, em 2015, apesar dos vários
desmentidos da Peugeot, essa coluna antecipou que o motor turbo seria acoplado
ao câmbio automático. Não havia empecilho técnico ao analisar o carro.
Provavelmente, existia estoque elevado, a ser escoado, da anterior e sofrível caixa
automática de quatro marchas. Para ajudar na decisão, o mercado brasileiro deu
uma forte guinada e foi deixando de lado as caixas manuais. A marca francesa afirma
oferecer o único SUV automático abaixo de R$ 70.000 para o público PcD.
O carro perde em espaço interno para seu irmão de
arquitetura Citroën C4 Cactus e ganha no volume do porta-malas. No entanto,
apresenta comportamento dinâmico um pouco melhor, em especial em arrancadas
mais fortes com o motor turbo.
Seu volante ligeiramente ovalado e de pequeno
diâmetro permite experiência muito interessante, inclusive visão do quadro de
instrumentos por cima da parte superior do aro.
ALTA RODA
FCA anuncia, na
próxima semana, que terá motores turbo de três e quatro cilindros na sua gama
Fiat e Jeep. Baseiam-se nos Firefly de 1 litro e de 1,33 litro para fabricação
em Betim (MG). Serão motores sofisticados e disponíveis para 2020. O atual 1,75-litro
de aspiração natural E-Torq (mais barato de produzir) continuará em linha ao
menos até 2023 e também receberá atualizações.
PRIMEIRO carro
elétrico da Jaguar, I-Pace, chega ao Brasil por R$ 437.000, incluídas revisões
grátis nos cinco anos de garantia. Potência total de 400 cv (dois motores, um
para cada eixo, tração 4x4) e nada menos de 69,6 kgfm lidam bem com o peso
adicional das baterias de 90 kWh: acelera de 0 a 100 km/h em 4,8 s. Autonomia de
470 km, no ciclo WLTP, mais próximo da realidade.
USO prático do I-Pace,
nas condições brasileiras de subidas e descidas, não deve garantir tanta
autonomia. Há apenas 200 carregadores públicos no País contra 40.000 postos de
combustíveis. Mas a Jaguar criou um sistema de navegação inteligente, capaz de
cruzar as informações da rota desejada com a autonomia disponível para viagens
mais descontraídas.
CHEVROLET Tracker
Midnight, importado do México, segue a moda dos apliques pretos do logotipo às
rodas. O desempenho do motor turbo (1,4 L, 153 cv) é o maior destaque deste SUV
compacto. Suas dimensões limitam o espaço interno e o tamanho do porta-malas. Direção
precisa, câmbio automático de seis marchas e suspensão bem acertada destacam-se.
PESQUISA feita na
Alemanha pela Bosch revelou que há grande demanda para aplicativos de telefone
celular substituírem as chaves tradicionais ao abrir/fechar o carro e
desbloquear/bloquear a ignição. Entre as vantagens estão menos possibilidades
de extravio, mais pessoas compartilharem o carro e a segurança em caso de furtos
graças ao bloqueio remoto.
EMPERRADA há mais
de dois anos no Contran, a vinculação do licenciamento anual à comprovação de
atendimento a um eventual recall pode se tornar obrigatória. Pelo menos esta é
a proposta tramitando na Câmara dos Deputados, de autoria de Juninho do Pneu
(DEM-RJ). Apenas 40% dos proprietários, no máximo, atende aos recalls, uma
ameaça à segurança.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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