Nº 1.044 — 9/5/19
TORCER PARA DAR CERTO
Na primeira quarta-feira de maio de 1999, esta coluna
estreou em 12 jornais brasileiros. Agora, duas décadas depois, mais de 80 jornais,
revistas, portais, sites e blogs espalhados pelo País a reproduzem.
Entre os assuntos daquele primeiro artigo estava a guerra fiscal.
O Estado do Rio Grande do Sul tinha resolvido romper unilateralmente o contrato
para construção, com incentivos, de uma nova fábrica de automóveis da Ford em
Guaíba (RS).
A Bahia, no entanto, aceitou as condições e a empresa se instalou
em Camaçari. Vinte anos se passaram e é fácil concluir quem saiu ganhando nessa
história, inclusive nas contas públicas e no nível de emprego industrial.
Naquele primeiro artigo foram citados vários exemplos de
cidades ou Estados ao redor do mundo, inclusive o Estado de Nova York (EUA),
que concederam descontos nos impostos para atrair investimentos. Interessante
notar que o Estado de São Paulo não entrou nas batalhas fiscais e, ainda assim,
recebeu algumas fábricas novas.
Mas, como o mundo dá voltas, quem participa agora das
escaramuças? O governo paulista. Em decisão pragmática, criou o programa
IncentivAuto que teve adesão da GM e, possivelmente, da Toyota e da Scania para
começar. Pela boa infraestrutura, o nível de incentivo (2,5% de desconto no
ICMS para cada R$ 1 bilhão aplicado) é muito menor do que em outros Estados.
Competitividade, porém, para garantir investimentos, continua
sendo a palavra-chave. Quando o peso dos impostos é grande demais, distorções
aparecem.
O Brasil usa e abusa desse expediente: o automóvel de menor preço
recolhe, nominalmente, cerca de cinco vezes mais que nos EUA e 2,5 vezes mais
que na União Europeia (à exceção da Dinamarca).
A indústria automobilística
instalada aqui precisa também exportar muito, sem ficar dependente só do
mercado argentino, na prática, mera extensão do nosso.
O México, por exemplo, tem custos de produção 18 pontos
percentuais menores que o Brasil, segundo estudo da consultoria PwC. Eles se beneficiam
não apenas da proximidade do mercado americano.
Assinaram 12 tratados de livre comércio com 46
países e 32 acordos bilaterais. No nosso caso, são seis tratados com 11 países
e 21 acordos bi e multilaterais. A carga fiscal sobre automóveis no mercado
mexicano é igual à da Europa, como deveria ocorrer aqui.
O livre
comércio de veículos entre Brasil e México, sem cotas ou imposto de importação,
começou no último mês de março. Mas só em 2020 incluirá caminhões pesados,
segmento em que o País é bastante competitivo e nunca pôde vender livremente
para lá, desde o primeiro acordo em 2002.
Outra característica, que dificulta para
quem quer exportar para o México, é a importação de veículos usados dos EUA.
Esse problema já foi maior, mas ainda existe.
Luiz Carlos
Moraes, novo presidente da Anfavea, sabe que o atual governo federal tem
posição econômica liberal e antiprotecionista.
Ele sugere medidas para
estimular o comércio exterior, melhorar a logística e reduzir a carga
tributária. “Trará nova dinâmica em diversos segmentos da economia, não somente
o automobilístico”, acrescenta.
Resta torcer para
tudo dar certo.
ALTA RODA
ENQUANTO as
vendas de automóveis e veículos comerciais acumuladas no primeiro quadrimestre deste
ano, em relação a igual período de 2018, continuam 10,1% superiores, a produção
na mesma comparação estagnou. Cenário provocado pela queda de 45% nas
exportações em razão da depressão econômica na Argentina. Aqui, estoques de 40
dias estão 14% acima do normal.
OUTRO termômetro
do mercado interno – venda de veículos usados – mostra uma “tênue linha de
recuo (1,2%) nos números acumulados de janeiro a abril, em relação a 2018”,
segundo a Fenauto, associação nacional de comerciantes desse ramo. A entidade
atribui a sinais de pequena queda no Índice de Confiança do Consumidor, mas não
tem previsão ainda para 2019.
HYUNDAI CRETA Prestige, SUV compacto mais
vendido em 2018 e quarto em 2019, destaca-se pelo espaço interno, porta-malas
amplo e recursos como saídas de ar-condicionado para o banco traseiro, TV a bordo,
ventilação do banco do motorista e pulseira-relógio que serve como chave
presencial. Motor é bastante elástico, mas cilindrada de 2 litros cobra em
consumo.
LEMA deste ano da
campanha Maio Amarelo, do Observatório Nacional de Segurança Viária, é simples
e direto: “No trânsito o sentido é a vida”. No filme de divulgação, crianças
pedem aos adultos para respeitar as regras de boas atitudes ao volante. Inspirado
nos cinco sentidos humanos, chama atenção para a sinalização de trânsito que
costuma ser desrespeitada.
DÉCIMA versão do
sistema operacional Android para smartphones chega ao Brasil no segundo semestre.
Traz um prático recurso, que tem por base a tecnologia de predição, no intuito
de antecipar os próximos passos do usuário. Quando alguém enviar um endereço,
bastará tocar na tela para abrir diretamente no Google Maps e navegar até o
destino.
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fernando@calmon.jor.br
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