Coluna
Fernando Calmon
Nº 1.085 — 21/2/20
APLICATIVOS DE ROTAS
AINDA ERRAM FEIO
As recentes enchentes em várias cidades brasileiras,
provocadas por chuvas muito acima do normal e grandes erros de projeto da malha
viária ou falta de manutenção das vias pluviais chamaram atenção para os graves
problemas de mobilidade urbana do Brasil.
No caso específico de São Paulo, com a maior população e
frota de veículos do País, que ficou literalmente paralisada por várias horas e
em algumas regiões por mais de um dia, ocorreu outro episódio surpreendente.
No
dia de interrupção total das duas maiores vias expressas da cidade, quem
procurasse o caminho para o aeroporto internacional de Guarulhos recebia um
tempo de viagem surreal de 43 minutos informado pelos dois principais
aplicativos de rotas alternativas, Waze e Google Maps. Esse é o tempo em
feriados, domingos ou horários longe do pico.
Desconcertante foi a resposta das duas empresas. Alegaram “apenas
desenvolver ferramentas colaborativas que se baseiam nos alertas dos usuários para
estabelecer quais pontos das rotas das pessoas estão afetados por incidentes”. Waze
acrescentou ainda que troca informações com órgãos públicos. Rádios e TVs de
livre acesso, porém, mostravam tudo ao vivo...
Em plena era de desenvolvimento da inteligência artificial,
trata-se de algo classificável como desinteligência artificial. Não é crível
algoritmos deixarem de detectar problemas, naquele dia e horário, quando
milhares de veículos deveriam estar circulando pelas duas vias com inevitáveis
longos e enervantes congestionamentos. Com a interrupção de trechos por horas
isso teria de ser considerado de alguma forma e não indicar trânsito leve.
Embora os dois aplicativos sejam de uso gratuito, as rotas
incluem várias inserções publicitárias que, em teoria, deveriam dar suporte
mais do que suficiente para ao menos garantir um nível primário de inteligência
artificial. Sempre é bom lembrar que São Paulo é a cidade com maior número
registrado de usuários da plataforma Waze no mundo.
O caso lembra o truque que enganou o sistema do Google Maps
em Berlim, capital alemã, no início deste mês. Com um carrinho de mão e 99 celulares
ali armazenados, o artista Simon Wreckert circulou calmamente puxando sua
“carruagem de fogo” e conseguiu esvaziar quase completamente uma via da cidade.
A iniciativa foi irresponsável por provocar congestionamentos em outras ruas.
A brincadeira de mau gosto do alemão repercutiu aqui e fica
claro que algo precisa ser feito para aperfeiçoar os programas de rotas
alternativas. Os dois aplicativos citados prestam, sem dúvidas, relevantes
serviços e já livraram milhões de usuários em todo o mundo de milhares de horas
perdidas no trânsito. É recurso válido para melhorar a mobilidade urbana, reduzir
poluição e gasto extra de combustível.
Também vale relembrar os esforços para evitar áreas mais
perigosas em cidades sujeitas à violência. Waze, por exemplo, fez um bom
trabalho, iniciado no Rio de Janeiro e depois estendido a outras capitais, ao
mapear locais sensíveis e evitá-los ao indicar outros caminhos.
Nada, porém, justifica o erro flagrado em São Paulo e que
poderia ter acontecido em qualquer outra cidade do Brasil ou do mundo.
ALTA RODA
ANTONIO FILOSA, presidente da FCA Latam,
confirmou a estratégia de 25 lançamentos no Brasil até 2024 quando se concluirá
o atual plano de investimentos. Desse total, seis chegaram ao mercado em 2019 e
mais seis, virão este ano. Para 2020, indicou uma picape grande (Ram 1500), a
picape leve Strada e a importação do Fiat 500 elétrico (em volume simbólico).
FALTAM contabilizar outros três modelos do
grupo, que Filosa não abriu aos jornalistas em entrevista em São Paulo. A Coluna
aposta nos recém-lançados na Europa modelos híbridos dos Jeep Renegade e
Compass que também chegarão importados em pequenos volumes da Itália. O sexto
produto é a picape Jeep Gladiator importada dos EUA.
VIRTUS GTS, sexto sedã VW, tem mesmo motor do
Polo GTS: 150 cv e 25,5 kgfm. Eixo traseiro com calibração diferente em razão
do maior peso e capacidade de carga. 0 a 100 km/h, 8,7 s; 210 km/h, máxima. Câmbio
automático 6-marchas. Novo para-choque frontal, faróis full LED, grade, spoiler
e saias laterais com friso vermelho, rodas 17 pol. e interior exclusivo. R$
104.940.
EMBORA sem
grandes mudanças, Honda Civic EXL continua um sedã particularmente íntegro e
bem agradável de dirigir, em especial pela suspensão independente nas quatro
rodas. Câmbio CVT simula sete marchas, mas não empolga. Seu freio elétrico de
imobilização é exemplo de conforto no para-e-anda do trânsito. Destacam-se espaço
para as pernas atrás e porta-malas (519 litros).
PROH PUDOR!, expressão em latim para Ó vergonha!.
É o que se deduz sobre projeto, que passou na Comissão de Constituição e
Justiça do Senado: proibir fabricação de motores a gasolina e diesel no Brasil,
a partir de 2030.
RESSALVA: os dois
motores elétricos assíncronos do Mercedes-Benz EQC 400 somam 408 cv.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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