Coluna
Fernando Calmon
Nº 1.105 — 7/7/20
DIRIGIBILIDADE DO
NIVUS
É UM PONTO MARCANTE
No mês passado a VW assumiu pela primeira vez em 10 anos a
liderança no mercado de automóveis e comerciais leves (não no acumulado do ano)
e o Nivus reúne tudo para ajudar a marca nessa batalha. Ele atrai pelo estilo
único de SUV compacto cupê no segmento mais disputado, hoje, do mercado
brasileiro.
Sua base é a do Polo, mas à exceção das portas, tudo é novo. Vão
livre do solo 27 mm maior que o hatch e 15 mm menor que o T-Cross permite
passar por valetas e lombadas, sem retirar praticamente nada do prazer de
dirigir. O trabalho de ajustes da suspensão ficou muito bem feito.
Avaliei a versão de topo Highline. Chama atenção o
isolamento acústico. Também dá para notar o acerto melhor entre motor e câmbio,
em especial quando se desloca a alavanca da posição N para D e se observava
antes um pequeno tranco à frente ao retirar o pé do freio.
Aceleração de 0 a
100 km/h informada pela VW é de 10 s, coerente por pesar 50 kg mais que o Polo
e 100 kg menos que o T-Cross, todos com o motor de 1 litro turbo de 128 cv
(etanol).
O volante é novo e a direção eletroassistida, precisa e comunicativa.
Há vários comandos a partir do volante. Ainda bem que a VW manteve um manual
impresso no porta-luvas com 2/3 menos de páginas para quem estranhar as
orientações por voz e imagem.
A nova central multimídia de 10,1 pol. tem resolução de tela
impressionante e vários aplicativos úteis já instalados. Pareamento do celular
com sistema iOS é sem fio, mas Android o exige. Porém, se o telefone tiver
roteador Wi-Fi é possível conectar-se com o Waze pré-instalado na central e
seguir a rota na tela grande usando plano de dados do celular.
O espaço interno do Nivus, inclusive no banco traseiro para
pernas e cabeça, é praticamente o mesmo do Polo, incluindo a saída de
ar-condicionado atrás. Porta-malas de 415 litros é 115 litros maior do que o do
hatch e tem 42 litros a mais que o T-Cross.
ESTATÍSTICAS DE
VENDAS
SUBVERTIDAS PELA
CRISE
Os números são conflitantes por razões conhecidas. Com o
fechamento dos Detrans e das concessionárias (que continuaram a vender por
meios digitais) as vendas de veículos leves e pesados sofreram um grande efeito
de represamento em maio.
Assim em junho houve aumento de 129,1% sobre maio, mas
em relação a junho de 2019 a queda foi de 57,7%. Na comparação dos primeiros
semestres, 2020 encolheu 50,5% sobre 2019.
Projeções da Anfavea estimam o ritmo efetivo de vendas
diárias em torno de apenas 5.000 unidades em junho e o estoque nas fábricas e
concessionárias de 46 dias (normal seria de 30 a 35 dias), apesar da
paralisação da produção.
O que mais preocupa é a possibilidade de demissões
quando se esgotarem os efeitos dos acordos de redução de jornadas de trabalho.
A entidade manteve estimativas para 2020: queda sobre o ano passado de 40% nas
vendas, 45% na produção e 53% nas exportações, baseadas no encolhimento do PIB
brasileiro em torno de 7%.
No entanto, há previsões um pouco menos pessimistas. Maior
banco privado do País, o Itaú prevê queda do PIB de 4,5% e, se confirmada,
efetivamente vai amortecer um pouco a queda do mercado.
A Bright Consulting
estima que as vendas caiam 29% este ano e os números de 2019 só voltarão em
2024. A consultoria avalia que os SUVs começarão a avançar também sobre o
mercado de hatches em razão da perda de poder aquisitivo.
O setor tem esperança de alguma medida de estímulo ao
consumo por parte do Governo Federal, a exemplo do que acontece na Europa e nos
EUA. A indústria automobilística representa 5% do PIB e gera, direta e
indiretamente, cerca de um milhão de empregos.
SISTEMA
ANTIDERRAPAGEM
COMPLETA 25 ANOS
Um dos mais úteis e eficientes recursos de segurança ativa
para qualquer tipo de veículo surgiu em 1995. Trata-se do ESP (Programa Eletrônico
de Estabilidade, em inglês) para evitar derrapagens. As primeiras pesquisas começaram
nos anos 1980 por iniciativas individuais da Bosch e da Daimler-Benz (hoje,
Daimler).
A partir de 1992, as duas trabalharam em conjunto, mas a
empresa de autopeças tinha liberdade de entregar o produto a qualquer
interessado. Na época era um dispositivo caro. Em 1995, Mercedes-Benz Classe S e
BMW Série 7 ofereceram o ESP quase simultaneamente.
Em 1997, um Mercedes-Benz
Classe A capotou durante teste de desvio de obstáculo de uma revista sueca. A
fabricante decidiu, então, tornar o ESP equipamento de série para todos os seus
modelos.
ESP combina controle de tração (TC) e antibloqueio dos
freios (ABS). É particularmente útil em pistas escorregadias, mas pode evitar
até 80% das derrapagens. Estima-se que na União Europeia 15 mil vidas foram
poupadas em 25 anos. Só a Bosch já produziu 250 milhões de unidades.
O sistema tem nome genérico ESC (Controle Eletrônico de
Estabilidade), produzido também por outros fornecedores, e está em 82% dos automóveis
novos no mundo. No Brasil, desde o início de 2020, é equipamento de série nos
novos projetos e em 2022 passará a ser obrigatório em todos os automóveis e
comerciais leves vendidos no País.
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www.fernandocalmon.com.br
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