Coluna Fernando Calmon
Nº 1.214 — 18/8/22
Como a Suécia inverteu a
mão de
direção há 55 anos
Em 19 de agosto de
1967 comecei no jornalismo especializado em automóveis atraído inicialmente pelas
competições. Foi a data de estreia ao vivo do programa Grand Prix, na TV Tupi
do Rio de Janeiro (RJ). No ano seguinte, iniciei uma coluna sobre indústria
automobilística no Jornal do Commercio, também no Rio.
Desde 1976 em São
Paulo (SP) e agora com 55 anos nesta estrada, escolhi um fato relevante no ano
de 1967. Foi a mudança na Suécia em 3 de setembro de 1967 que inverteu a
chamada mão esquerda de direção (ou inglesa) para a mão direita (também conhecida
como francesa).
Historiadores relatam
que desde os tempos do Império de Roma os cavaleiros escolhiam o lado esquerdo
das trilhas para poderem manejar a espada com a mão direita, caso fossem
atacados. O imperador da França Napoleão Bonaparte, no século XIX, inverteu o
sentido. Uns dizem por ser canhoto, outros porque podia ver melhor os inimigos
a distância ou apenas para contrariar os ingleses.
Os primeiros carros tinham
volante de direção na direita e outros na esquerda. A mão direita acabou
prevalecendo, mas a Suécia levou décadas para mudar. Havia muitos carros
importados da Europa e outros países com direção no lado esquerdo até o
Parlamento sueco decidir em 1963 trocar a mão de circulação. Um planejamento
minucioso de quatro anos decorreu até o domingo marcado para a mudança,
conforme a Wikipédia.
“Todos os veículos
tinham de parar completamente às 04:50 da manhã, para em seguida cuidadosamente
mudar para o lado direito das vias e parar novamente, até a autorização para
circular ser dada às 05:00. Na capital Estocolmo e em Malmö, a proibição
de tráfego foi bem mais duradoura: das 10:00 da manhã de sábado às 15:00 do
domingo.” Na segunda-feira os cuidadosos suecos se envolveram em acidentes
reportados abaixo da média e nenhum fatal por conta da inversão de mão. Até os
faróis assimétricos dos carros tiveram de ser trocados, o que não era tão caro
na época.
Hoje ainda há 70 países
com mão de direção do lado esquerdo, a grande maioria com frotas pequenas. Incluindo
territórios são 76.
Em 1967 houve 32
lançamentos importantes de automóveis no mundo. Entre os mais conhecidos aqui:
Alfa Romeo Montreal e 1750, Aston Martin DBS, Chevrolet Camaro, Ford Escort,
Mercury Cougar, Pontiac Firebird e Toyota 2000 GT.
No Brasil novidades
eram raras. Em 16 de fevereiro de 1967 começou a produção do Ford Galaxie. Até
o Fusca 1300 era “comemorado” naquele ano, embora o 1.200 já fosse líder desde
1961. A VW comprou a Vemag e descontinuou a produção do DKW, inviabilizando o
Puma GT dos quais foram produzidas (estimativamente) apenas 135 unidades. Os
mais vendidos 55 anos atrás, depois do Fusca, eram Kombi, Ford Rural, Galaxie, Aero-Willys
e Willys Jeep nas primeiras seis posições.
Toyota Mirai aposta no hidrogênio
Grupo Toyota é o maior
produtor mundial de veículos praticamente empatado com o Grupo VW. Ao contrário
de outros fabricantes continua dando atenção aos híbridos comuns e aos
plugáveis, além de investir nos elétricos a bateria, inclusive nas de estado
sólido que ainda não estão viabilizadas. No Brasil foi pioneira com o Corolla e
Corolla Cross híbrido flex.
A empresa importou
para demonstração um carro elétrico que substitui as baterias comuns por pilhas
a hidrogênio. O Mirai (Futuro, em japonês) é um sedã grande com 4,97 m de comprimento
e 2,92 m de entre-eixos. Ainda está longe de se tornar viável no mercado porque
a infraestrutura do hidrogênio, além de muito cara, precisa partir do zero. Em
futuro mais distante pode tornar-se opção.
Fiz rápida avaliação do
Mirai na pista de teste da fabricante em Sorocaba (SP). Tem a vantagem de ser
abastecido em apenas cinco minutos para 650 km de alcance. Acelera bem como
todo elétrico, porém com um único motor de 182 cv e 30,6 kgf.m para 1.950 kg de
massa não chega a empolgar. Nos EUA é vendido por US$ 49.000 (R$ 252.000,
conversão direta) certamente com subsídio implícito da Toyota para promover
essa tecnologia.
ALTA RODA
Ford ainda não tem
uma data para importação do elétrico Mustang Mach-e, um crossover com alguns
traços inspirados no Mustang cupê. Acaba de mostrar o carro estático no campo
de provas de Tatuí (SP), onde passa por avaliação. Também em Camaçari (BA) o
carro é visto circulando nas ruas em torno do Centro Técnico. A produção nos
EUA ainda não atingiu o nível que permita atender o mercado interno e exportações.
Foi o terceiro modelo elétrico mais vendido naquele país no primeiro semestre.
Volvo C40 Recharge alcançou
a segunda colocação em vendas de elétricos no País com 370 unidades nos primeiros
seis meses. Só perde para outro Volvo, o XC40 Recharge (629 unidades). O C40
tem estilo atraente de um SUV cupê, embora arrojado demais no caimento do teto
que prejudica a retrovisão, se duas pessoas sentarem no banco traseiro. Espaço
atrás, porém, é muito bom. Teto panorâmico de vidro ilumina o interior, sem
deixar passar calor do sol. Os dois motores (um em cada eixo) totalizam 408 cv e
fazem até esquecer os 2.185 kg de massa. O sistema de selecionar um só pedal
para aceleração e frenagem regenerativa é de fácil adaptação. Falta o alerta
sonoro para pedestres em baixa velocidade que outros elétricos já oferecem.
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