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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

CHRYSLER 300 E, 1958, UM CARRO MUITO RARO POIS FORAM CONSTRUÍDOS 647, EM 1959. ESSE COUPÊ TINHA QUASE SETE METROS DE COMPRIMENTO TINHA UM MOTOR QUE GERAVA 400 CV. UM DOS DOIS 300 E AINDA DEVE ESTAR EM ALGUM GALPÃO OU GARAGEM PELO BRASIL.



Antigomobismo 

Por
Ricardo Caffarelli


Chrysler 300 E - 1959
American Beauty  




Meus caros amigos, fiéis leitores, amantes do antigomobilismo, estou novamente aqui escrevendo sobre carros antigos com os quais tive o prazer de conviver por um período. 

Sempre fico pensando qual escolher, pois muitas opções me vêm à mente e não quero deixar de lado um carro por outro somente porque é mais raro ou tem maior ou menor importância. Também contam muito as experiências vividas com cada um.

Em meu último relato contei divertidas histórias vividas a bordo de um Porsche 911 T que renderam boas risadas. 

Desta vez, a coluna sai de novo da Europa, deixando a Alemanha e volta para terra do Tio Sam. 

Os carros americanos sempre representaram um estilo de vida do americano. Normalmente, de dimensões generosas, macios, privilegiando nitidamente o conforto. 

Sem dúvida, tudo pode ser associado ao “modus vivendi” e até mesmo aos espaços disponíveis. 

Não é de hoje que se encontram boas estradas nos EUA, vagas com tamanho compatível e por aí vai.


O carro que escolhi para falar é um autêntico exemplar da linhagem americana. Um coupêzasso, se assim pode se falar. Ele tem 5,61 metros. 

Para comparar pare dois Smart´s um atrás do outro, ainda assim vão sobrar 21 cm para você passar entre eles.

A Letter Series como é chamada foi uma série especial da Chrysler que foi produzida durante 10 anos (1955 a 1965) e respeitou religiosamente a ordem alfabética, só pulou a letra I e a K, não sei porquê, mas o fato é que se alguém reparou, logo em seguida acabou com a produção do modelo, que foi até a letra L. 

Como está na moda, recentemente, houve um “remake” desta linha com o Chrysler 300 M, em 1999, e que, na minha opinião, começou cometendo um pecado grave: foi lançado com um motor V-6 e não V-8. 

Posteriormente a Chrysler corrigiu o erro lançando o 300-E com opções de V-6 e V-8 além de uma versão mais apimentada, a RT-10, de 400 cv.


Mas, falando sobre o nosso 300-E, tudo começou num dia quando meu pai comentou que estava chegando mais um automóvel para a coleção e colocou água na minha boca ao comentar apenas que o carro tinha dois carburadores quadri-jet. Fiquei pensando que carro seria?

Um V-8 com 2 carburadores quadrijet deveria ter mais de 300 CV sem dúvida! Fiquei morrendo de curiosidade. O que seria? Um esportivo europeu?

Passados uns dias de muita ansiedade chegou um caminhão trazendo o galipão preto. 

Fomos descarregá-lo na rampa de troca de óleo do posto Shell, perto de casa. O carro quase não coube na rampa.

Na época eu não tinha lido ainda nada sobre o carro, mas sabia que era bem raro. Conversando com amigos do Veteran Car Clube do Rio de Janeiro, soubemos que o carro tinha sido de um ex-colecionador já falecido à época, chamado João Daltro de Oliveira. 

No Brasil, só havia dois Chrysler Letter Series. Este preto e um branco, só não tenho certeza se eram do mesmo ano, acho que um deles era um ano mais antigo (1958).

Fizemos o carro funcionar e fomos para casa que ficava a apenas um quarteirão de distância. Mesmo desregulado deu para perceber que a baleia se movia como um tubarão!


A primeira coisa que me chamou a atenção foi o câmbio de botão. A Chrysler inovou nesta época lançando um câmbio automático cuja seleção de mudanças ficava à esquerda do painel em uma botoeira. 

Algo realmente muito moderno e inovador para época. Imagino como deve ter deixado muitas pessoas confusas na hora de dirigir. rsrs.

Direção extremamente leve, mas
 com uma folga descomunal, mais para férias de 30 dias do que para folga, sem contar os calos que estavam mais para joanete do que para calo!

Suspensão ligeiramente mais rígida que o padrão (Cadillac e Lincoln, até porque já usava barra de torção) freios um pouco duros, mas servo-assistidos, um belíssimo e moderno painel com um suporte bem high-tech para época do espelho retrovisor interno e bancos que, além de serem elétricos, é claro, possuíam um exclusivo sistema giratório para facilitar a saída do carro (a que os americanos chamavam de swivel seats). 

A única coisa que dei falta foi o ar condicionado, que aparentemente havia sido removido do carro, pois atrás dos encostos traseiros estavam 2 dutos que seriam responsáveis pelo insuflamento do ar frio para toda a cabine. 


Para resolver esse problema, posteriormente, meu pai adquiriu um Plymouth 1956 sedan que estava até bonito mas em que tinham trocado o motor por um seis cilindros de Opala, com cambio no assoalho. 

É! Não é de hoje que tem gente que altera as características originais "matando" o carro. Bem, esse Plymouth tinha o aparelho de ar original completo atrás do banco traseiro, um excelente doador. 

Comecei a buscar literatura sobre o carro e a primeira decepção que tive é que, em 1959, a Chrysler havia decidido retirar o famoso motor HEMI e colocar no lugar um poderoso, porém bem gastador, Golden Lion de 413 Cu. In. (6.800 cc) que rendia 380 cv. 


O bicho era brabo mesmo, chegava a balançar quando acelerávamos com o carro parado. 

Mas ainda sim senti que algo não estava bem regulado e nessas horas ninguém melhor que nosso amigo Zé Galipa, o rei dos carburadores para resolver o problema.

Num sabadão, ele foi lá para casa desmontar os carburadores gigantes e logo viu uma série de defeitos. 


Na verdade só estava funcionando um carburador. Nossa, vai ficar ainda mais forte! Pensei.

O carro estava bastante original e em bom estado portanto fizemos uma revitalização somente. 


Um bom polimento, hidratação do couro, que era bege claro e estava ligeiramente amarelado por ação do tempo. Agora, persistia o problema da folga de direção.

Ficamos sabendo que este era um defeito crônico do carro. 
Crônico e de difícil solução. 

Peças de Chrysler em geral já são bem mais difíceis de encontrar que de outros automóveis das linhas GM ou Ford. 

Tivemos que recorrer a uma situação um pouco inusitada. Comprar nos EUA uma sucata de outro Chrysler 300, desmontar, tirar a caixa e trazer para cá. Imagina o trabalho! Ah, mas valeu a pena, o carro ficou muuuito melhor. 



Claro que não era um carro tipicamente esportivo, afinal como dizia uma propaganda de pneus: “Potência não é nada sem controle”, que cabe bem neste caso. 

O carro tinha freios a tambor, um peso descomunal, eixo rígido na traseira, pneus diagonais finos. O resultado disso era que nas retas o carro era um canhão, mas nas curvas as frenagens exigiam um certo cuidado.

Até que não passeamos muito com o carro, o levamos em uma ou duas exposições no máximo, é que nesse momento tínhamos muitos automóveis e muitas prioridades na frente. 


Recordo-me que quando soube que a Chrysler iria lançar o 300 novo, pensei em procurá-los para expor em um show-room o novo e o antigo, mas meu pai acabou vendendo o automóvel antes disso.

Não sei por onde se encontra essa raridade, hoje, mas sem dúvida da época em que vendemos até hoje seu valor deve ter pelo menos quintuplicado.

Esses Chryslers e seus irmãos (Plymouth e Desoto) principalmente conversíveis têm atingido cifras de meio milhão de dólares nos últimos leilões e eventos de autos antigos nos EUA, superando o valor de Cadillac´s e Lincoln´s. 


De fato, são mais raros. Em 1959, fabricaram apenas 522 coupês e 125 conversíveis o que torna o 300-E um dos mais raros de toda a série.

Os carros antigos são como filhos, dão trabalho, mas proporcionam muitas horas de prazer e são excelentes para se fazer amigos.

Prometo que o próximo artigo será mais light. Vou deixar em suspense, o próximo automóvel antigo que vou comentar, mas posso adiantar que foi de nossa coleção, possuía um motor de 2 cilindros a ar, menos de 1.000 cc mas andava muito bem e era muito avançado para a época, a ponto de ter toda a carroceria de alumínio.

Espero que tenham gostado e até à próxima.

Um abraço.

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