Coluna Fernando Calmon
Nº 1.171 — 14/10/21
RECARGA DE BATERIAS,
AGORA, MAIS RÁPIDA
Um dos empecilhos na
adoção em massa de carros elétricos é o tempo de recarga da bateria. Esse
desafio sempre está entre os difíceis de superar e, agora, ocorre pequena evolução.
A suíço-sueca ABB, focada em energia e automação, anunciou um novo supercarregador
batizado de Terra 360. Pode atender quatro veículos simultaneamente com
potência constante de 360 kW, diminuindo filas de espera. Significa 100 km de alcance
a cada três minutos de recarga e até quinze minutos para completar a operação,
dependendo do nível da bateria.
O supercarregador
chega em países da Europa no fim deste ano e no resto do mundo em 2022. A
empresa não revelou os custos do equipamento e de instalação que costumam ser altos.
Os quinze minutos ainda parecem muito frente a quatro ou cinco minutos para
abastecer 50 litros de um tanque de carro comum. Não se sabe quando se alcançará
a equivalência de tempo, futuramente.
O novo equipamento
não foi projetado para uso doméstico. Outras ressalvas: a fim de preservar a
vida útil das atuais baterias de íons de lítio o ideal é recarregar entre 20% e
80%; tempo de recarga proporcionalmente bem maior entre 80% e 100% do que entre
0% e 80%; condições climáticas de muito frio ou muito calor influenciam. Os
custos de reciclagem em massa ainda estão por definir. Também se desconhece
quanto os preços de lítio, cobalto e cobre subirão com o aumento de demanda por
baterias.
Embora existam
previsões de diminuição de custos dos veículos elétricos (VE), um estudo recente
da Jato Dynamics revelou que nos últimos 10 anos o tíquete médio de venda subiu
28%, na União Europeia e 38%, nos EUA. Na China, ao contrário, os VE ficaram 47%
mais baratos no mesmo período em razão de estímulos governamentais e a
proliferação de modelos subcompactos, mais em conta, para uso urbano.
Como baterias
acrescentam de 400 kg a 600 kg à massa de um carro, ainda não está claro o
impacto sobre a durabilidade de pneus e elementos de suspensão, apesar de
gastos com pastilhas e discos de freio bem menores. O chamado custo total de
propriedade ainda está sujeito ao futuro preço da eletricidade que, na verdade,
ninguém sabe quanto será.
Outra dúvida é o modo
dos governos transferirem os impostos sobre combustíveis líquidos que geram
valores elevadíssimos, principalmente na Europa. Algumas cidades nos EUA
criaram taxas simbólicas de manutenção de rodovias sobre carros elétricos a fim
de compensar parte da arrecadação perdida com a gasolina. Desconsiderar essa
realidade parece pouco prudente, pois a conta vai chegar.
Enquanto isso, novos
investimentos continuam a ser anunciados e prazos otimistas revelados por
grandes grupos automobilísticos em resposta, principalmente, ao posicionamento
de países europeus. Nos EUA, a Ford revelou semana passada que investirá US$ 11
bilhões (R$ 60 bilhões) em duas fábricas, de baterias e picapes, embora o
governo americano não tenha estabelecido metas.
O ex-presidente da GM
América do Sul, Carlos Zarlenga, estimou em até 60% a participação de elétricos
e híbridos plugáveis nas vendas totais, em 2030, na Europa, China e EUA. Para América
do Sul entre 15% e 25%, ficando o Brasil mais perto do primeiro porcentual por
sua extensão territorial.
ALTA RODA
ESCASSEZ de semicondutores dificulta as previsões da Anfavea para este último
trimestre do ano. Em relação a 2020, as vendas totais em 2021 podem variar
entre menos 1% e mais 3%. Na melhor hipótese atingiriam 2,118 milhões de
veículos leves e pesados. A produção crescerá entre 6% e 10% para atender compromissos
de exportação. A situação reflete o panorama mundial de escassez de chips. Consultoria
IHS estima que só em 2024 a produção mundial de veículos voltará ao nível do
ano recorde de 2017.
PEUGEOT vem recuperando participação de mercado. Uma das razões é a evolução no
nível de equipamentos e qualidade percebida do 3008 GT Pack que beneficia a
imagem da marca. O SUV médio importado da França agrada pelo espaço interno,
piso traseiro plano, quadro de instrumentos digital e porta-malas de 591
litros. Dirigibilidade boa, mas os 1.375 kg exigiriam algo mais de potência do
que os 165 cv (só gasolina). Preço: R$ 270.521.
PORSCHE escolheu o recém-chegado Taycan Cross Turismo (R$ 685.000), crossover de sedã e perua de balanço
traseiro bem curto, para a primeira expedição de longa duração de um modelo elétrico
pelo País. Em 26 dias, percorrerá 9.000 km de Foz do Iguaçu (PR) a Jericoacoara
(CE). Previsão de chegada em 31 de outubro. O planejamento previu instalação de
postos de recarga rápida em hotéis e pousadas. O Cross Turismo entrega entre
380 cv e 476 cv (overboost no
controle de largada).
CAOA CHERY começa a vender, esta
semana, Arrizo 6 Pro por R$ 134.990 (período de lançamento). Taxa de financiamento
e seguro serão subsidiados, inicialmente. O sedã conviverá com a versão GSX (intermediária)
que não recebeu a nova grade dianteira nem faróis e lanternas traseiras em LED.
Rodas de liga leve de 17 pol. também são exclusivas da versão de topo.
___________________________________________________________________________________________
www.fernandocalmon.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário