Coluna Minas Turismo Gerais
Jornalista Sérgio Moreira
Turismo em Minas movimenta bilhões
Passeios com a Maria Fumaça é realizada em várias cidades mineiras
O período de pandemia fez com que revêssemos uma série de conceitos, hábitos e, porque não, de valores e costumes. Em vários setores da vida, já é possível perceber claramente essas mudanças. O ato de viajar e o que as pessoas procuram ao fazer turismo são exemplos disso. Antes colocada como tendência, a fruição ao ar livre, assim como os deslocamentos mais próximos, além da escolha por um lugar mais acolhedor e seguro neste momento, se tornaram a nova realidade do ir e vir do ser humano pelo planeta, por um período presente e futuro que ainda está para ser identificado. É neste cenário que Minas Gerais vem se destacando, com números substanciais que indicam o crescimento do turismo no estado, colocando-o como o principal destino brasileiro em 2021.
A Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) lançou, em maio deste ano, quando o setor do turismo começou a dar sinais de retomada gradual com o avanço da vacinação no Brasil, o programa Reviva Turismo, voltado a identificar tendências e promover o estado, seguindo os protocolos de biossegurança. Desde que ele foi colocado em prática, o fluxo turístico em Minas Gerais identificou uma movimentação de mais de 6 milhões de pessoas, garantindo números maiores inclusive que o período anterior à pandemia. Pelo Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, por exemplo, uma das portas de entrada para o estado, em agosto de 2019, período pré-pandemia, passaram cerca de 570 mil pessoas. Já em agosto de 2021, o fluxo supera 670 mil turistas, ou seja, mais de 100 mil novos viajantes pelo estado.
O novo relatório divulgado pelo Observatório do Turismo de
Minas Gerais (OTMG) registra que, em agosto de 2021, mais de 2 milhões de
viajantes circularam pelo estado. Segundo dados da última Pesquisa de Demanda realizada
pelo Estado, em 2016, visto que ainda não há uma medição mais atualizada deste
viés até então, a média de gasto de um turista em Minas Gerais é de cerca de R$
105 por dia. A média de permanência do viajante no estado é de aproximadamente
6 dias, o que dá o valor R$ 630 por turista. Ao multiplicarmos 2 milhões de
pessoas por R$ 630, chegamos ao montante de R$ 1,26 bilhão injetados na
economia mineira por mês desde maio de 2021. Em três meses, desde o lançamento
do Reviva Turismo, esse número chega a R$ 3,78 bilhões.
Complexo turístico da Pampulha, atrai turistas do Brasil e exterior |
No que diz respeito ao movimento de empregos no setor do turismo em Minas Gerais, que vinha registrando quedas até o mês de maio, a partir de junho, com a recuperação exponencial que o setor vem passando, já houve registro de mais de 12 mil novas vagas preenchidas no acumulado. Somente no último mês de agosto foram registrados mais de 5 mil postos de trabalho ocupados no setor do turismo no estado. O programa Reviva Turismo colocou como meta o aumento de 100 mil empregos na área em 15 meses. Em três, o estado já alcançou, portanto, 12% desse montante.
Minas conquista o imaginário coletivo
O contexto promissor vivido por Minas Gerais no momento é
comprovado também pelos papéis de destaque que o estado vem desempenhando nas
mais variadas vertentes relacionadas ao turismo. A tradição, a cultura, a cozinha e o jeito
único de seu povo fazem de Minas um dos dez destinos mais acolhedores do mundo,
segundo o ranking global da premiação Travellers Review Awards 2021, da
plataforma de reservas online Booking.com. Esta é a primeira vez que uma
localidade brasileira está presente na lista das Regiões Mais Acolhedoras no
Mundo.
O barroco de Ouro Preto é reconhecido mundialmente |
De acordo com a mesma premiação da Booking.com, Minas Gerais também abriga três das 10 regiões mais acolhedoras do Brasil. Pela lista divulgada neste ano pela plataforma, Monte Verde, no Sul de Minas, aparece em segundo lugar. Já Lavras Novas, distrito de Ouro Preto, na região central, está na sétima posição. Quem fecha o rol dos locais mais acolhedores do país, no 10º lugar, é a Serra do Cipó, compreendida pelo município de Santana do Riacho, também na região central de Minas Gerais.
Já São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto de 730 habitantes banhado pelo Rio das Velhas, é um dos três destinos brasileiros selecionados pelo Ministério do Turismo (MTur) para representar o Brasil no concurso "Melhores Vilas Turísticas do Mundo", promovido pela Organização Mundial do Turismo (OMT), agência das Nações Unidas.
As sucessivas conquistas do estado em notoriedade são também reflexo das campanhas “Minas para Minas”, “Minas para o Brasil” e “Minas para o Mundo”, desenvolvidas pela Secult no âmbito do Reviva Turismo. “Minas para Minas”, que teve início há cerca de um ano, relaciona-se ao turismo de proximidade, e ofereceu o destino Minas Gerais para os próprios mineiros, para que estes possam se reconhecer, visitar e resgatar o seu amor pelo estado, exaltando o sentimento de pertencimento do mineiro. A segunda etapa é a “Minas para o Brasil”, fase atual, que conta com ações de promoção e comercialização do destino Minas Gerais nos modelos B2B e B2C, como, por exemplo, parcerias com operadoras e agências para oferecimento de pacotes para todo o Brasil, ações de audiovisual e turismo autoguiado. As ações conjuntas com operadoras e agências brasileiras têm efeito internacional, abrindo a nova fase que será a campanha “Minas para o Mundo”.
Mas o reconhecimento das potências do estado não para por aí. Um dos seus maiores cartões de visita, a singular Cozinha Mineira, ganha os holofotes com a recente conquista no concurso internacional “Mondial du Fromage et des Produits Laitiers”, promovido na França. Produtores mineiros ganharam 40 medalhas das 57 faturadas pelo Brasil, liderando o ranking brasileiro na premiação. Além do alto número de prêmios no quadro geral, Minas Gerais levou quatro das cinco medalhas Super Ouro, que são as mais cobiçadas e mais raras, revelando a força e o vigor da cozinha mineira, o cuidado e a excelência de nossos produtos artesanais.
Minas Gerais é também o maior produtor de café do Brasil, sendo
responsável por aproximadamente 54,3% da safra nacional, colocando o país como
maior produtor e exportador do grão no mundo, de acordo com dados do
Observatório do Café, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
No estado, são 463 municípios produtores de café em uma área cultivada de 1,2
milhão de hectares (dados do mapeamento do parque cafeeiro mineiro de 2018). A
macrorregião Norte e Vales do Jequitinhonha e Mucuri possuem 77 municípios
produtores e uma área plantada de 37,8 mil hectares. Já o Triângulo
Mineiro, Alto Paranaíba e Nordeste somam 51 municípios e uma área cafeeira de
211,9 mil hectares. Na Zona da Mata mineira, Vale do Rio Doce e região Central
são 181 municípios e uma área cultivada de 322 mil hectares. As regiões Sul e
Centro-Oeste, juntas, possuem a maior área. São 649,9 mil hectares plantados em
154 municípios.
A região do lago de Furnas um paraíso das águas |
Já os azeites mineiros também ganharam evidência em setembro, durante o Brazil International Olive Oil Competition 2021, concurso que reuniu produtos de países da América Sul, da América do Norte e da Europa. Foram premiados azeites de Baependi e de Andrelândia, enquanto os produtos da Serra da Mantiqueira já vêm conquistando paladares há alguns anos em premiações internacionais.
O Governo de Minas, por meio de parceria entre a Secult e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), dentro do eixo de Infraestrutura do Programa Reviva Turismo, está oferecendo linhas de crédito especiais para os setores de turismo e eventos. O BDMG reduziu para 5% ao ano + SELIC a taxa para micro e pequenas empresas de Minas Gerais interessadas em obter crédito por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). O movimento beneficia os setores ligados a turismo e eventos e diferencia o banco da concorrência, uma vez que as demais instituições financeiras do mercado estão praticando uma taxa de 6% ao ano + SELIC.
O crédito da linha
Pronampe pode ser aplicado em capital de giro ou em investimentos, com prazo
total de 48 meses para pagar e 11 meses de carência. Além da menor taxa de
juros, há
outros diferenciais em relação ao restante do mercado: as empresas com
participação feminina no capital social maior ou igual a 50%, há pelo menos
seis meses, e as empresas da cadeia do turismo, eventos, bares e restaurantes,
contam com Tarifa de Abertura e Acompanhamento de Crédito (TAAC) reduzida.
Além dessa
importante iniciativa, Minas Gerais comemora o crescimento constante dos
contratos assinados por meio do Fundo Geral do Turismo (Fungetur). No país,
entre 2020 e 2021, 6.385 contratos foram firmados no Fundo, e o estado ocupa a
segunda posição com a maior quantidade de contratos, somando 1.113 entre
janeiro de 2020 e outubro de 2021. Esse indicador positivo da economia do
turismo em Minas é também reflexo das ações do programa Reviva Turismo para
estimular o setor. O Fungetur é uma linha de financiamento com recursos do
Ministério do Turismo (MTur) destinada, preferencialmente, aos segmentos de
micro, pequenas e médias empresas. O aumento desse índice representa giro mais
estável na economia do turismo, uma vez que é possível ampliar a capitalização
de empresas ligadas ao setor, garantindo a seu funcionamento, a realização de
obras de infraestrutura turística, além de manutenção de empregos no estado.
Minas para o Mundo
A diversidade da culinária mineira dá água na boca |
Para consolidar a internacionalização de Minas Gerais, a Secult já percorreu os primeiros passos com a abertura de uma representação do estado em Portugal, tornando Minas o primeiro estado brasileiro a ter este tipo de ação no exterior. A estratégia integra campanha “Minas para o Mundo”, mais uma ação do Programa Reviva Turismo. O ponto de partida para promover o destino Minas Gerais em terras estrangeiras começa com o projeto Via Liberdade, rota turística e cultural que irá se estender pela BR 040, ligando as belezas, as histórias, a cultura e a arte de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal. Além de comemorar o bicentenário de independência do Brasil, o projeto celebra os 100 anos da Semana de Arte Moderna, em 2022.
A intenção de levar a cozinha mineira para o mundo foi enfatizada na última quarta-feira, quando o secretário Leônidas Oliveira e a subsecretária de Turismo, Milena Pedrosa, estiveram na Assembleia Legislativa, a convite do presidente da Comissão de Turismo da Casa, o deputado Mauro Tramonte, e o Corpo Consular no Estado, além de outras entidades ligadas ao turismo e à gastronomia, para traçar estratégias de promoção da nossa culinária inicialmente na Europa e nas Américas, para depois ganhar contornos para o restante do mundo. Um evento está previsto para Portugal no início de novembro, para dar o pontapé inicial nesta ação.
Já dentre as ações de promoção de destinos e produtos turísticos as ações são: criação, produção e divulgação online de materiais digitais, conteúdos promocionais para redes sociais, sites ou blogs, press trips, ações de publicidade ou propaganda exclusivamente online; produção e aquisição de fotos e vídeos, de alta qualidade, para fins de promoção do destino ou produto turístico.
Os proponentes deverão ser organizações sociais que trabalham com turismo e possuam produtos turísticos já estruturados. Todos os projetos devem atuar com produtos turísticos mineiros com foco no turismo cultural, turismo de natureza, turismo de aventura, turismo gastronômico, turismo rural, turismo de negócios e eventos e cicloturismo.
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@sergiomoreira63
sergio51moreira@bol.com.br
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