Coluna Fernando Calmon
Nº 1.206 — 24/6 /22
Alemanha rejeita fim total de
motores a combustão em 2035
Apesar de o
Parlamento Europeu ter aprovado, dia 8 último, um projeto de proibir a venda de
motores a combustão a partir de 2035 nos países da União Europeia, há alguns
obstáculos a superar. Sem dúvida, o rumo está correto em direção aos carros
elétricos, mas o ritmo de substituição ainda parece incerto. Acelerar a
transição pode criar problemas e obstáculos como montar uma rede de recarga rápida
e ultrarrápida o mais pulverizada possível, a dependência de metais para as
baterias de íons de lítio e o preço das próprias baterias.
De acordo com a
agência de notícias Reuters, o ministro das Finanças da Alemanha, Christian
Lindner, afirmou durante uma conferência em 21 de junho “que continuaria a
haver nichos para motores a combustão, a proibição estava errada e o governo discordaria
desta legislação europeia”. Alemanha é a maior economia da Europa e uma
declaração deste peso possivelmente terá o poder de flexibilizar as metas. As
decisões finais neste bloco econômico dependem de aprovação unânime dos 27
países membros.
Logo após a votação
no Parlamento Europeu, a ACEA (sigla em francês para Associação dos Fabricantes
Europeus de Automóveis) liberou um comunicado pouco amistoso em que a apoia a meta
de redução de 50% das emissões de CO2 até 2030, mas não de 100% em
2035. Combustíveis sintéticos neutros em CO2 em motores a combustão estariam
entre as alternativas.
“Nossa indústria está no meio
de um grande impulso para veículos elétricos, com novos modelos chegando de
forma constante. Mas, dada a volatilidade que enfrentamos globalmente, qualquer
regulamentação de longo prazo que vá além desta década é prematura neste
estágio inicial. É necessária uma revisão transparente no meio do
caminho para definir as metas pós-2030.”
As posições da ACEA, sediada em Paris, seguem o pensamento
da maioria dos 16 associados, incluindo produtores de caminhões e duas marcas
não europeias (Toyota e Hyundai). A Stellantis, porém, preferiu se desligar da
ACEA no final deste ano e lançar logo no início de 2023 um fórum próprio anual que
chamou Liberdade de Mobilidade. Trata-se de uma clara cisão (não apresentada como
tal) do quarto maior produtor mundial de veículos.
Carlos Tavares, presidente da Stellantis, afirmou: “Neste fórum
público vamos abordar as principais questões em torno da mobilidade
descarbonizada e fornecer os próximos passos para tomarmos juntos.”
E como fica o Brasil neste debate? A VW, a própria Stellantis e a Toyota vislumbram para o País uma solução de descarbonização que inclui o etanol. Em encontro com a indústria de autopeças, no último dia 20, o presidente da Toyota para América Latina, Masahiro Inoue, disse que “o etanol é um combustível renovável maravilhoso, e podemos mostrar ao mundo que a tecnologia de híbridos flex é uma opção para a descarbonização. Precisamos avançar para outros mercados da região e outros continentes, como demonstram os estudos que a Índia está realizando”.
Híbridos no Brasil são apostas das chinesas GWM e CAOA Chery
Ainda este ano a GWM começará a importar a nova geração do
SUV Haval 6, cuja produção na fábrica de Iracemápolis (SP) está prevista para o
segundo semestre de 2023. A empresa só venderá modelos híbridos em três versões:
híbrido convencional, híbrido plugável e híbrido plugável com tração nas quatro
rodas e dois motores elétricos (total 483 cv/77,7 kgf.m). Os motores a
combustão interna (MCI) são a gasolina, mas terão adiante versões flex.
Principal vantagem frente aos híbridos convencionais é o que a empresa chama de
DHT (sigla em inglês para Tecnologia Híbrida Dedicada).
No caso do híbrido plugável a maior diferença é uma bateria que
permite alcance no modo puramente elétrico de até 200 km, três a quatro vezes
maior em relação à média dos concorrentes. O MCI de 1,5 litro turbo, neste caso,
tem função secundária ao contrário de outros híbridos.
Existe apenas um par de engrenagens fixas para conectar o
MCI às rodas. Uma vantagem é não exigir planejamento para recarregar a bateria
em viagens mais longas pois o MCI atua como gerador. A velocidade máxima no
modo elétrico é de 140 km/h. Também é possível acionar um modo ampliado de
regeneração e quase dispensar o pedal de freio em uso urbano na maioria das
situações.
Já a Caoa Chery apresentou sua linha de veículos
eletrificados com cinco modelos. Por R$ 139.990, o iCar é um microcarro elétrico
(duas portas; só 3,2 m de comprimento) mais barato do Brasil. Potência 61 cv e
alcance de 282 km. Os SUVs Tiggo 5X Pro (R$ 169.990) e Tiggo 7 Pro (R$ 199.990),
fabricados em Anápolis (GO), são híbridos leves (semi-híbridos, de fato) e chegam
em julho. Motor 1.5 turbo flex de 160 cv (E) também equipa o Arrizo 6 Pro, importado
da China a partir de agosto.
De lá também virá o Tiggo 8 Plug-in Hybrid (R$ 269.990), que tem dois motores elétricos e entrega 317 cv e 56,6 kgf.m. São dois modos de condução e três modos de regeneração. Marca desenvolveu seu primeiro câmbio dedicado a veículos híbridos – no caso com 11 marchas. O SUV tem alcance elétrico de 77 km. A marca seguirá oferecendo versões MCI de todos os modelos em linha.
Jetta GLI vai melhor com o novo câmbio DSG
O preço alto (R$ 216.900)
não atrai, mas o Jetta GLI entrega desempenho bem acima da média do segmento de
sedãs médios compactos. Dentro dos novos limites de emissões Proconve L7 o
motor turbo de 2 litros a gasolina, 231cv e 35,7kgfm forma um conjunto
instigante com o câmbio automatizado DSG agora de sete marchas e problemas
anteriores resolvidos. As trocas de marchas no modo Sport são feitas em
rotações mais altas e muito rápidas. Boa estabilidade chama atenção nas curvas
e respostas ágeis remetem ao Golf GTI. Cabine traz o volante de ID.3, toques de
esportividade, carregador sem fio para celular e central multimídia de 10,1 pol.
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