Coluna Fernando Calmon
Nº 1.209 —14/7/22
Briga acirrada entre SUVs
compactos no semestre
Ainda sem atingir a
normalidade da produção pela falta de chips e atrasos na cadeia global de
logística, o primeiro semestre do ano mostrou que os SUVs ocuparam 37% do
mercado brasileiro de veículos leves. Foram vendidas 315.362 unidades em quatro
segmentos. Os compactos, com dois segmentos, somaram 266.481 unidades (31%). Somando-se
os 54.563 hatches subcompactos aos hatches e sedãs pequenos a participação sobe
para 38%.
Entre os 14 segmentos
que dividem o mercado dois modelos se destacaram. O HB20 firmou-se na liderança
entre os hatches compactos, deslocando para segunda posição o Onix que ainda
enfrenta dificuldades de produção.
Outra mudança
aconteceu entre os SUVs compactos. Com 212.739 unidades comercializadas representaram
25% do mercado total. O T-Cross liderou pela primeira vez, mas a disputa foi
tão acirrada que apenas 1 ponto percentual de diferença separou os primeiros
cinco colocados. Renegade, líder em 2021, caiu para a quarta posição.
Um modelo que chegou,
viu e venceu foi o Commander entre os SUVs médios-grandes.
O Corolla alcançou participação
recorde de 70% com a saída de cena do Civic, que voltará como híbrido importado
e, assim, com pouca força de vendas. Mas nada se compara aos 87% da picape
Strada. Foram entregues 50.945 unidades, individualmente o veículo mais vendido
no Brasil, ressalvando que só há três produtos nesse segmento contra 16 entre
os hatches compactos e 20 entre os SUVs compactos.
Ranking da coluna tem critérios próprios e técnicos com
classificação por silhuetas. Referência principal é distância entre eixos, além
de outros parâmetros. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos
Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo
de dois) e maior importância do segmento. Compilação de Paulo Garbossa, da
consultoria ADK.
Hatch subcompacto: Mobi,
58%; Kwid, 42%; E-JS1, 1%. Mobi com mais folga.
Hatch compacto: HB20, 26%; Onix, 20%; Gol, 14%; Argo, 13%; 208,
9%; Yaris, 7%; City, 4%; Sandero, 3%; Polo, 1%. HB20 novo líder.
Sedã compacto: Onix Plus, 26%; Cronos, 16%; HB20S, 15%; City,
12%; Voyage, 8%; Yaris, 7%; Logan, 5%; Versa/V-Drive, 4%; Grand Siena, 3,9%; Virtus,
3%. Onix avançou.
Sedã médio-compacto: Corolla, 70%; Cruze, 16%; Civic, 7%. Ampliada
a vantagem do líder.
Sedã/cupê médio-grande: BMW Série 3/4, 78%; Audi A4/S4, 7%;
Mercedes Classe C, 6%. BMW consolidado.
Sedã/cupê grande: Taycan, 43%; Panamera, 26%; BMW Série 5/6, 13%.
Único elétrico a liderar.
Cupê esportivo: Mustang, 53%; BMW M3/M4, 33%; Camaro e Challenger,
5%. Mustang tranquilo.
Cupê esporte: 911, 49%; 718 Boxster/Cayman, 23%; Corvette, 9%. Inabalável
o 911.
SUV compacto: T-Cross, 15%; Creta, 14%; Tracker, 13%; Renegade,
12%; Pulse, 11%; Kicks, 8%; Nivus, 7,8%; C4 Cactus, 5%; Duster, 4%. A disputa
mais apertada.
SUV médio-compacto: Compass, 44%; Corolla Cross, 31%; Tiggo 7, 6%.
Sem ameaças ao Compass.
SUV médio-grande: Commander, 33%; SW4, 23%; Tiggo 8, 15%. Commander,
novo líder.
SUV grande: BMW X5/X6, 29%; XC90, 14%; Cayenne, 13%. Líder
avançou.
Picape pequena: Strada, 87%; Oroch, 7 %; Saveiro, 6%. Strada ainda
mais à frente.
Picape média: Toro, 31%; Hilux, 26%; S10, 17%. Toro com menor
vantagem.
Anfavea espera enfraquecimento nas vendas
Previsões para o mercado
brasileiro em 2022 estão em baixa segundo a Anfavea, em linha com que a
Fenabrave anunciou no começo deste mês. Em dezembro de 2021 a associação
das fabricantes estimava para este ano expansão de 8,5% nas vendas internas,
9,4% na produção e 3,6% nas exportações. Cerca de 170.000 veículos deixaram de
ser produzidos no Brasil até agora.
A inflação puxou os juros para cima e afastou parte dos
consumidores, embora ainda exista forte demanda reprimida. Estoques nas
fábricas e concessionárias subiu para 24 dias ainda longe do mínimo de 35 dias
considerados normais. Márcio Leite, presidente da Anfavea, prevê agora crescimento
de apenas 1% no mercado interno, de 4,1% na produção e alta expressiva de 22,2%
nas exportações.
Leite não comentou, porém, o mercado externo pelo visto foi
priorizado por dois motivos claros: desvalorização do real tornou os modelos
nacionais mais competitivos e vendas perdidas no exterior ficam mais difíceis
de recuperar.
O presidente do Sindipeças, Claudio Sahad, é mais cauteloso:
produção de autoveículos teria leve retração de 0,7% este ano.
Volkswagen planeja autônomos sob demanda
Tecnologia para veículos autônomos avança, apesar de
acidentes recentes com carros de teste no tráfego. Em um aspecto não há
evolução: preço continua proibitivo. Em entrevista à Bloomberg, Dick Hilgenberg,
líder da Cariad, subsidiária da VW para softwares, afirmou que atualizações
remotas não servirão apenas para melhorar o desempenho dos carros.
“Existe um novo modelo de negócios – assinatura ou função
sob demanda – quando você pode dirigir de forma autônoma, se quiser, pelos próximos
100 quilômetros, por exemplo”, afirmou o executivo. Essa seria uma forma de
ajuda aos motoristas que se sintam cansados ou preferem adiantar alguma tarefa
antes de chegar ao destino.
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