Nº 764 —20/12/13
Fernando Calmon
A extensa lista de modelos que sairão de linha em 2013 demonstra que alguns fabricantes, finalmente, se convenceram de não valer a pena passar por tantos desgastes.
Fernando Calmon
DESGASTE DESNECESSÁRIO
E a senha para esse fim foi justamente a lei que estabeleceu freios ABS e bolsas infláveis, embora razões de mercado também tenham prevalecido.
Picape Courier foi a primeira baixa do ano, ainda em abril. Até 31 de dezembro, a relação de fim de fabricação (FdF) será engrossada por Kombi, Mille, Fiorino antigo, Ka e Gol Geração IV (poderia receber os itens citados, mas dará lugar ao UP!).
Picape Courier foi a primeira baixa do ano, ainda em abril. Até 31 de dezembro, a relação de fim de fabricação (FdF) será engrossada por Kombi, Mille, Fiorino antigo, Ka e Gol Geração IV (poderia receber os itens citados, mas dará lugar ao UP!).
FdF não significa fim de vendas, pois há estoques. No caso dos itens de segurança o limite é 31 de março próximo.
Mas há outros casos. Fiesta Rocam ganhou sobrevida de alguns meses até a chegada do novo Ka.
O Golf IV, por razões comerciais/industriais e não técnicas, também terá FdF nos próximos dias, mas será comercializado até o final do estoque em 2014.
Kombi é um fenômeno único de longevidade da segunda metade do século passado. Completou 57 anos de fabricação (inclui o primeiro ano, 1957) graças ao uso prevalecente como veículo de trabalho.
Surpresa maior, o Mille esteve em produção por nada menos de 30 anos (inclui 1984), algo raríssimo no caso de automóveis e ainda porque só ocorreram mudanças superficiais.
Gol G IV superou o Mille nessa disputa inglória: saiu das linhas de montagem por 34 anos (inclui 1980).
Mas o líder de mercado teve entre-eixos aumentado e carroceria arredondada em 1994 (apelidado de Bolinha), o que talvez o coloque na história como exemplo digno de purgatório por ter, afinal, compatibilidade com recursos primários de segurança.
Há pessoas que choram o fim de modelos superados por meio de regulamentos de segurança e ambientais ou até empregos perdidos. Nada mais falso.
Essa mentalidade levou à situação absurda em que governo e parte dos fabricantes aventaram, semana passada, adiar a obrigatoriedade do uso de airbags e ABS por dois anos, a partir de 1º de janeiro próximo.
Depois de embates nos bastidores, recuaram parcialmente. A Kombi sobreviverá por dois anos – única exceção – com desculpas como empregos gerados e pelo uso comercial.
Estrago institucional, no entanto, já está feito. Péssimo para o País mudar regras a menos de 15 dias de vigorar.
Volkswagen, inclusive, deve explicações ou compensações a quem já adquiriu as duas séries especiais “Última Edição”.
Governo mostra improvisação. Nos EUA, há 40 anos, houve cronograma diferenciado e limitado para exigências de segurança entre automóveis e veículos comerciais leves.
Aqui, em 2009, já se sabia que o furgão alemão tinha características únicas e, eventualmente, insubstituíveis.
O escalonamento de cinco anos, estabelecido pelo Contran, era razoável. Deixar isso para a undécima hora, a fim de agradar sindicalistas ou usuários específicos, é um tremendo desgaste.
Por que governo e indústria não aprendem a lição e estabelecem novas exigências factíveis para os próximos cinco anos?
Imobilidade é tudo que organizações oportunistas, como Latin NCAP, desejam para conduzir testes e critérios discutíveis.
BMW GROUP surpreendeu ao ampliar seu comprometimento com o mercado brasileiro. Já se sabia que o sedã Série 3 (mais vendido da marca aqui e no mundo) e o SUV derivado dele, X1, além do hatch Série 1, modelo de entrada, estavam entre os que entrarão em produção em Araquari (SC). Inclui agora o X3 (arquitetura com base no sedã Série 5) e o Mini Countryman.
PELA primeira vez, BMW e Mini dividirão o mesmo teto de uma fábrica, a partir de outubro de 2014. Cronograma prevê intervalo de apenas três meses para os três primeiros produtos.
É bem provável que por sair na frente no segmento premium e projetar a maior capacidade instalada (32.000 unidades/ano), existam planos ainda mais ousados, incluindo exportações.
STRADA cabine dupla de três portas não oferece espaço razoável para adultos no banco traseiro, porém no uso urbano a porta extra, atrás, agiliza o acesso na maioria dos casos.
Impressiona a robustez da solução, mesmo em pisos ondulados e buracos. Melhor combinação é a versão avaliada: motor 1,8 l/132 cv (etanol) e câmbio automatizado, apesar do preço salgado.
CHERY admite ter avaliado mal a competitividade dos produtos importados da China, em meio à contração do número de concessionárias. Queda de vendas foi de 40% em 2013, sobre 2012.
Inauguração da fábrica de Jacareí (SP), no segundo trimestre de 2014, produtos mais atuais, rede ampliada, centro de pesquisas e unidade de motores ajudarão na virada que ela espera.
PARA ganhar – ou manter, no pior cenário – dinamismo nas vendas, a JAC, segunda marca chinesa a construir fábrica no Brasil (2015), aposta em sistemas multimídia nas linhas J3 e J6.
Tela tátil de 6,2 pol. no painel ou na parte posterior dos encostos de cabeça dianteiros, sem cobrança adicional, é uma fórmula de atrair e evitar descontos que repercutem no valor de revenda.
_____________________________________
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
Kombi é um fenômeno único de longevidade da segunda metade do século passado. Completou 57 anos de fabricação (inclui o primeiro ano, 1957) graças ao uso prevalecente como veículo de trabalho.
Surpresa maior, o Mille esteve em produção por nada menos de 30 anos (inclui 1984), algo raríssimo no caso de automóveis e ainda porque só ocorreram mudanças superficiais.
Gol G IV superou o Mille nessa disputa inglória: saiu das linhas de montagem por 34 anos (inclui 1980).
Mas o líder de mercado teve entre-eixos aumentado e carroceria arredondada em 1994 (apelidado de Bolinha), o que talvez o coloque na história como exemplo digno de purgatório por ter, afinal, compatibilidade com recursos primários de segurança.
Há pessoas que choram o fim de modelos superados por meio de regulamentos de segurança e ambientais ou até empregos perdidos. Nada mais falso.
Essa mentalidade levou à situação absurda em que governo e parte dos fabricantes aventaram, semana passada, adiar a obrigatoriedade do uso de airbags e ABS por dois anos, a partir de 1º de janeiro próximo.
Depois de embates nos bastidores, recuaram parcialmente. A Kombi sobreviverá por dois anos – única exceção – com desculpas como empregos gerados e pelo uso comercial.
Estrago institucional, no entanto, já está feito. Péssimo para o País mudar regras a menos de 15 dias de vigorar.
Volkswagen, inclusive, deve explicações ou compensações a quem já adquiriu as duas séries especiais “Última Edição”.
Governo mostra improvisação. Nos EUA, há 40 anos, houve cronograma diferenciado e limitado para exigências de segurança entre automóveis e veículos comerciais leves.
Aqui, em 2009, já se sabia que o furgão alemão tinha características únicas e, eventualmente, insubstituíveis.
O escalonamento de cinco anos, estabelecido pelo Contran, era razoável. Deixar isso para a undécima hora, a fim de agradar sindicalistas ou usuários específicos, é um tremendo desgaste.
Por que governo e indústria não aprendem a lição e estabelecem novas exigências factíveis para os próximos cinco anos?
Imobilidade é tudo que organizações oportunistas, como Latin NCAP, desejam para conduzir testes e critérios discutíveis.
RODA VIVA
PELA primeira vez, BMW e Mini dividirão o mesmo teto de uma fábrica, a partir de outubro de 2014. Cronograma prevê intervalo de apenas três meses para os três primeiros produtos.
É bem provável que por sair na frente no segmento premium e projetar a maior capacidade instalada (32.000 unidades/ano), existam planos ainda mais ousados, incluindo exportações.
STRADA cabine dupla de três portas não oferece espaço razoável para adultos no banco traseiro, porém no uso urbano a porta extra, atrás, agiliza o acesso na maioria dos casos.
Impressiona a robustez da solução, mesmo em pisos ondulados e buracos. Melhor combinação é a versão avaliada: motor 1,8 l/132 cv (etanol) e câmbio automatizado, apesar do preço salgado.
CHERY admite ter avaliado mal a competitividade dos produtos importados da China, em meio à contração do número de concessionárias. Queda de vendas foi de 40% em 2013, sobre 2012.
Inauguração da fábrica de Jacareí (SP), no segundo trimestre de 2014, produtos mais atuais, rede ampliada, centro de pesquisas e unidade de motores ajudarão na virada que ela espera.
PARA ganhar – ou manter, no pior cenário – dinamismo nas vendas, a JAC, segunda marca chinesa a construir fábrica no Brasil (2015), aposta em sistemas multimídia nas linhas J3 e J6.
Tela tátil de 6,2 pol. no painel ou na parte posterior dos encostos de cabeça dianteiros, sem cobrança adicional, é uma fórmula de atrair e evitar descontos que repercutem no valor de revenda.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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