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quarta-feira, 4 de março de 2015

GENEBRA ABRIGARÁ O SEU IMPORTANTE SALÃO INTERNACIONAL DO AUTOMÓVEL, COM LANÇAMENTOS SIGNIFICATIVOS DO MUNDO AUTOMOTIVO, CUJAS ESTRELAS SÃO OS MAIS ECONÔMICOS E OS ELÉTRICOS. A VW RI DE ORELHA A ORELHA COM A ESCOLHA DE SEU PASSAT COMO "CARRO DO ANO" DA EUROPA. E NO BRASIL, O LANÇAMENTO DO JEEP/FIAT RENEGADE E DO HONDA HR-V MEXEU COM OS CONCORRENTES FORD E RENAULT. A BRIGA VAI SER BOA. E VOCÊ SABIA QUE O AUTOMÓVEL COMEÇOU POR MÃOS FEMININAS



Coluna Nº 1.015 - 04 de Março de 2015
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Genebra, Salão do Futuro

Mostra anual, bem firmou-se no cenário destas ao focar pequenos construtores e buscar soluções tecnológicas. 


Para a imprensa é o melhor. Fácil de percorrer, num dia liquida-se a agenda. 

Noutro, pente fino para os pequenos expositores sem direito a agenda e lançamento oficiais. 

Dia de abertura, informados 10 mil jornalistas visitantes. 

Como no Brasil, muita gente sem sê-lo, e uma tropa de espiões chineses fotografando detalhes dos carros europeus. 

Um deles, com formulário à mão, respondia questões mandadas da China análise pontual de cada veículo de interesse. 

Chineses são peculiares – sem o menor senso de noção. 

Muitas presenças, CEOs de indústrias, mas Simonetta Sommaruga, presidente da Confederação Helvética, não foi, causando arrepio político. 

Em tecnologia, a de maior impacto foi a da nanoflowcell.

Corporificada em dois veículos, um Sport Limousine, quatro portas bem disfarçadas, baixa altura de esportivo, e outro, o QUANTiNO, tamanho de VW Fox, também baixo, quatro lugares. 

O esportivo tem 800 km de autonomia, o menor, mais de 1.000.

Não vendem produto, mas tecnologia. Elétricos, sem baterias de lítio, extremamente caras, de caótico e poluente processo produtivo, nem células de combustível, transformando hidrogênio. 

Faz coisa simples: dois tanques, um com líquido de carga positiva, outro de negativa ao se encontrarem reagem gerando energia, armazenada por baterias e transferidas às quatro rodas. 

O sistema é mais simples e o maior peso dos tanques é compensado pela potência superior e pela economia de partes no motor. Nunzio La Vecchia, chefe técnico, diz-se aberto a negociações. 

Revolucionária tecnologia é aplicável a veículos em geral. 

Lembrou a mudança operada pelo Solar Impulse, avião movido a energia solar.

QUANTiNO 

Caminho inverso, em tempos de busca por alternativas energéticas e aplicação de conectividade aos veículos, Dieter Zetsche, da Mercedes, disse não se preocupar – ao contrário de outras indústrias –, com as ações da Google e da Apple para construir automóveis. 

Foi ao óbvio, dizendo ter tecnologia para fazer a parte rolante dos automóveis e fornecer aos industriais das telecomunicações. 

Automóvel tende a virar iPhone com rodas …

Em negócios Sergio Marchionne, nº 1 da FCA, anunciou estudar fusão com outra marca - exceto Volkswagen. 

Mercado acredita em Suzuki ou, em especial Honda, vivendo problemas facilitadores a negócios.

Maioria dos veículos se orgulha de consumos baixos – esportivo mais de 10 km/litro, híbridos em torno de 50 km/l, poluindo pouco. 

Um dos caminhos é a redução de peso, e por isto Porsche se associou à sua fornecedora de fibra de carbono Capricorn Composite. 

Exibiu atração maior, o Cayman GT4, motor seis cilindros contrapostos, 380 cv. É o Porsche de melhor comportamento.

Fonte da empresa confirmou informação da Coluna. Marca terá escritório no Brasil para importação e representação. Hoje importador é distribuidor. 

Cayman GT4 

Bentley, inglesa conduzida pela VW, terá SUV extra luxuoso, o Bentayga, à venda em 2016, e fará super esportivo para concorrer no topo do mercado com Ferrari e Aston Martin. 

Fabricantes investem nos segmentos de maior demanda, como os utilitários esportivos, e em superesportivos, de larga rentabilidade. 

Para este, plataforma fornecida pela Porsche, também sob a árvore da VW. 

Bentley protótipo, o EXP 10, 6 speed


Frustração, Christian, neto de Carl Borgward, industrial criador da marca, das maiores da Alemanha, nos anos ’50, anunciou lançar veículo revivendo-a meio século pós-fechamento. 

Não o fez, apenas a logo, releitura da original e avisou ter o automóvel na mostra de Frankfurt, em setembro. 

Fruto do imponderável, a proposta de sedã pela Italdesign/Giugiaro não chegou ao Salão para ser exposto: amassou a traseira no transporte, foi reparado e chegou 24h atrasado. 

Borgward. Logo. Falta o automóvel 


Novo protótipo utilitário esportivo Infiniti QX 30, com possível lançamento ao mesmo Salão de Frankfurt. 

Curioso é basear-se em plataforma Mercedes CLA/GLA e utilizar motor do sedã C 200, dois litros e turbo.

Brasil
Muitas novidades, poucas a migrar ao Brasil. 

De importados, o SsagnYong Tivoli, SAV pequeno, motor 1.6 de 126 cv, novo caminho da marca. 

Na Mitshubishi, novo picape L200 Triton. 

Honda exibiu o Civic Type R e reapresentou o esportivo NSX, a ser trazido ao Brasil. 

É evolução do original, da década de ’90, conceito sugerido por Ayrton Senna: carro forte, mas de reações adequadas ao motorista e prazer ao dirigir. 

Motor V6, bi turbo, longitudinal central traseiro, e abusa da eletricidade – na direção, dois motores, um para cada roda, filtram tração e precisão na direção. É híbrido.

O Civic R emprega L4 2.0 injetados e com turbo: faz 310 cv e tração dianteira. 

Honda NSX 

De maior interesse, o alemão Opel Viva, motor 1.0 de três cilindros. 

Virão ao Brasil, motor será produzido em Joinville, SC. 

Desta turma, é o mais avançado até o momento, com eixo contra rotante dentro do cárter de óleo para anular as vibrações naturais do número ímpar de cilindros. 

É o Projeto Phoenix, substituto do Celta, a ser feito na Argentina. 

Praça natural seria São José dos Campos, SP, mas a sequência de abrasões entre a fabricante e o sindicato dos metalúrgicos local, interrompendo produção, forçou o gradual sair do município. 

Opel Viva, breve na Argentina. Motor em SC. 


Roda-a-Roda 

Do Ano - Volkswagen Passat foi escolhido "Carro do Ano" para Europa, a láurea das mais desejadas pelos fabricantes. 

Futuro – Também exibiu o Sport Coupé, releitura do CC. Elegante mescla de hatch, cupê e sedã. 

É conceito mas será produzido. 

Reação – Providências de lançamento do Jeep Renegade, 4/4, e do Honda HR-V aos 9/4 fez Renault correr a apresentar o Duster com mudanças na frente e grupo óptico. 

Ford, líder no setor, dotará EcoSport com grupo motor/transmissão do Fiesta. 

Conjuntura – No cenário de queda de vendas, a VW cancelou o projeto do Taigun, o menor SAV da marca, a ser construído sobre a plataforma do up!. 

Quanto – Nissan anuncia preços antes de lançar o veículo. Caso do Versa, três volumes sobre plataforma do March. 

De R$ 41.990 para 1.0 simplificado a R$ 54.990 a 1.6 equipado. 

Retífica RN – Leitor Ricardo Lima alerta: Coluna passada se enganou. Em nota sobre mudança de CEO mundial. 

Takanobu Ito, saindo, e Takahiro Hakahiro, assumindo, são da Honda. 

Gente – Leandro Teixeira, 32, administrador pela FGV, mudança. 

OOOO Após Unilever, Pepsico e Ambev, diretor de marketing e RP na Volvo Cars. 

OOOO Pedreira. Sem fábrica ou projeto no Brasil, os carros Volvo pagam 35% de imposto de importação e IPI + 30 pontos. 

OOOO Suzana Vieira, jornalista, mesa nova. 

OOOO Deixou a da Volkswagen, agora senta na Mercedes, também assessoria de imprensa. 

OOOO Boa conquista. OOOO


E o automóvel começou 
por mãos femininas 


Visões machistas separam os automóveis e a mulheres. 

Dizem-nas sem compromisso com o uso, desconhecedoras do funcionamento. 

Entretanto, e talvez pelo desconhecimento e inexistência de tal preconceito ao final do Século XIX, é bom lembrar nestes dias de comemoração às mulheres que, se Dona Berta Benz tão tivesse praticado, cometido, o ato de independência: fazer, dirigindo, a primeira viagem de automóvel, a história do objeto mais importante do Século XX teria sido diferente. 

Foi assim. Dona Berta era casada com Karl Frederich Benz, engenheiro, produtor de motores a gás, e tenaz perseguidor da ideia de fazer carruagens com motor. 

Conseguiu, patenteou, mas as reações da população, prefeitura e polícia de Manhein contra o funcionar da máquina, assustando animais e pessoas com seu barulho e fumaça, proibiram-na de circular. 

O objeto do sonho e orgulho pela invenção, foi imobilizado pela ignorância.

A invenção de Benz, o primeiro registro de patente para veículo a motor, poderia ter-se perdido por abandono na cocheira da família, não fosse Dona Berta, então aos 33 anos, naquele nascer do amanhã em agosto de 1888. 

Difícil ver o sonho de toda a família e o produto de tanta dedicação encostado na cocheira. 

O Patent Motor Wagen estava ali, em semi abandono, há quase três anos. Decidiu-se ir à casa de seus pais, em Pforzheim, a distantes 120 km, via Floresta Negra. 

Ao nascer, a manhã com dois de seus quatro filhos, Eugen, 15, e Richard, 13, tiraram o pioneiro veículo da cocheira e o empurraram a distância segura, evitando o ruído do funcionar do motor não acordasse o patriarca Benz. 

Os três puxaram com vigor a grande polia horizontal, fazendo o motor funcionar. 

D. Berta e os pequenos Benz iniciaram a primeira viagem em veículo movido por motor de combustão interna. 

O efeito demonstração aos pais, sempre socorrendo a sobrevivência dos Benz, virou história.

A viagem 
A charrete, sem varais e sem cavalo, com uma roda dianteira comandada por haste metálica, leve, estrutura metálica e rodas raiadas como bicicletas, era equipada com pequeno motor monocilíndrico, 900 cm3 e 3 de hp, pesando 96 kg. 

Em conta simples, deslocar seu peso acrescido de D. Berta, Eugen e Richard, equivaleria a grosso modo, e para se manter na consequência desta viagem, mover um grande caminhão Mercedes com um motorzinho do Smart. 

Embicaram a Pforzheim. 

A viagem, na linguagem popular seria um cala-boca, aos pais, financiadores sempre críticos, polícia e das pessoas contrárias ao transporte sem tração a sangue ou vapor. 

E mostrar, a invenção do engenheiro Benz, daria autonomia superior a cavalos e charretes. 

Na prática foi mais: teste e oportunidade a novos negócios e instituições. 

Descobriram, por exemplo, ser o motorzinho fraco. 

Nas subidas, após Heildelberg, com Richard ao comando da direção e da alavanca comandando a cinta de transmissão, D. Berta e Richard empurravam. 

Outro desenvolvimento foi aumentar a capacidade do sistema de refrigeração. 

O Patent exigia completar água a cada 20 km. Idem para o sistema de freio, mecânico, por abrasão. 

Dona Berta pediu a um sapateiro para revesti-la em couro, melhorando a eficiência. 

Percebeu-se, também, a necessidade de lugares para vender o combustível Ligroin, um limpador doméstico vendido em farmácias – todo farmacêutico seria, em futuro próximo, o dono do posto de gasolina... 

A corrente de bicicleta colocada como transmissora de movimento, mostrou-se fraca. 

Quebrada, exigiu caminhada dos meninos a um ferreiro refazer um elo. 

Era o primeiro mecânico de estrada, capaz de improvisar. 

Outro tropeço, o motor morre e descobre-se não passar Ligroin pelo arremedo de carburador, permeando um ajuntamento de fibras. 

Dona Berta resolveu com o alfinete do chapéu, e logo usou uma liga das meias para a função de mola. 

À noite, descendo o morro, a barulhenta novidade foi interceptada pela Polícia, mas acompanhou-os ao Correio, aberto para passar um telegrama tranquilizador a Benz, e à casa da família. 

No total, ida e volta, foram 194 km e hoje a estrada, em reverência, se chama Berta Benz Memorial Route.

Depois
O efeito-demonstração obteve larga cobertura jornalística no percurso, e necessário resultado. 

Era um meio de transporte, fácil de conduzir – uma senhora poderia faze-lo –, era útil, ia muito mais longe que cavalos e charretes. 

Benz focou melhor o negócio e aproveitou as observações dos pilotos de teste. 

Um mês depois, tinha pronto outro automóvel para a Exposição de Máquinas e Motores de Força e Trabalho, em Munique. 

Pela insólita invenção volta para casa com a Grande Medalha de Ouro e encomendas. 

Começou aí. 

O resto, você sabe. 

Ou, se quiser desprezar todas as consequências paralelas ao ato, incluindo o desenvolvimento tecnológico levando à criação do avião e das experiências interplanetárias, forçosamente chegará a outra via, óbvia e simplória: nada como somar uma mulher peituda, dois meninos em férias com a criação de um engenheiro brilhante e obter resultado nunca imaginado, a entrada em uma nova era. 

Ilustração romantizada da pioneira viagem 
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