Coluna
Fernando Calmon
Nº 1.073 — 26/11/19
LANÇAMENTOS BADALADOS
DO SALÃO DE LOS
ANGELES
Os salões de automóveis nos EUA não são gigantescos como os
europeus, a exemplo de Frankfurt (o maior do mundo) e o de Paris. Eles se
espalham por algumas cidades americanas, acumulam tradição e até concorrência
entre eles. Os de Detroit e Los Angeles, por coincidência, existem desde 1907.
As datas eram próximas (novembro e janeiro), mas Detroit passou para junho.
Este ano o Salão de Los Angeles (LAAS, sigla em inglês),
aberto até 1º de dezembro, teve estreias importantes. A principal foi o Mustang
Mach-E, o SUV cupê elétrico da Ford. O desenhista Joel Piaskowski é o mesmo do
cupê esportivo que completou 55 anos com prestígio em alta. A inspiração, no
caso do SUV, é sutil nas lanternas traseiras e na extremidade dianteira. A Audi
também partiu para um SUV cupê, muito elegante, o e-tron Sportback. Distância
livre ao solo diminuída em 1,3 cm e as linhas do teto caindo com suavidade
fazem a diferença.
Marcas alemãs sempre têm presença forte no LAAS e este ano
focaram no alto desempenho. A própria Audi apresentou o RS Q8, de 600 cv,
enquanto a Mercedes-Benz respondeu à altura com o Mercedes-AMG GLS 63, ambos
SUVs de grande porte. BMW concentrou-se em modelos menores como o BMW Série 2
Gran Coupé, de 305 cv, e a sua subsidiária MINI completou a festa com o MINI
John Cooper Works GP e seu imenso aerofólio traseiro. Todos chegarão ao Brasil
em 2020 em pequenos lotes.
Entre os elétricos destaques para o Porsche Taycan,
sedã-cupê de alto desempenho que terá na Califórnia seu maior mercado; a
station Volkswagen ID. Space Vizzion e o reformulado Toyota Mirai – agora um
carro realmente bonito – a aposta japonesa nas pilhas a hidrogênio como
contraponto às baterias de íons de lítio.
Versão conversível do novo Corvette, de motor
central-traseiro, também atraiu olhares. O SUV crossover Trailblazer (nada a
ver com o homônimo vendido aqui) servirá de base para os futuros Chevrolet
nacionais, inclusive o mesmo motor de três cilindros turbo de 1,2 litro. Outro
modelo para o nosso mercado é a totalmente reformulada oitava geração do Nissan
Sentra, fabricado no México: tudo novo inclusive o motor (previsão segundo
trimestre de 2020).
Três acontecimentos chamaram a atenção fora do LAAS. Um
deles o fiasco da apresentação da estrambótica picape elétrica pesada da Tesla.
Em evento à parte do salão, o presidente da empresa Elon Musk teve uma surpresa
desagradável. Os vidros pretensamente inquebráveis da Cybertruck não resistiram
à demonstração por duas vezes.
Também teve impacto a decisão da GM de processar a FCA por
supostas perdas financeiras bilionárias em relação às negociações trabalhistas,
envolvendo o sindicato de metalúrgicos UAW. Esse episódio remonta a 2009, mas
teria se agravado há três anos na gestão do falecido (em 2018) executivo-chefe
Sergio Marchionne com quem a empresa americana viveu às turras desde os anos
1990.
E o governo da Califórnia anunciou que não mais compraria
modelos da GM, FCA, Toyota e Nissan pois estas decidiram acatar regras federais
de emissões algo mais permissivas, porém válidas para os 50 estados americanos.
Uma briga ridícula, de viés puramente político.
ALTA RODA
TOYOTA decidiu
que próxima geração do Yaris, a exemplo do Corolla, também terá versão híbrida.
Não antes de 2023 ou 2024, ao fim do ciclo de vida do modelo que estreou em
2018. Até lá será mais comum a hibridização como forma de grande economia de
combustível em uso urbano, em geral 60% da quilometragem anual.
AUDI inicia
pré-venda do todo novo Q3 a partir de R$ 179.990, importado da Hungria.
Entregas em fevereiro de 2020. A marca estuda viabilidade de produção no
Brasil. SUV tem agora 2,68 m de entre-eixos, quase 8 cm a mais. Banco traseiro
corrediço (5 cm) pode aumentar o espaço. Porta-malas, 530 litros, é o maior do
segmento. Desenho ficou bastante atraente.
MUITO
impressionante é o mínimo que se pode dizer sobre o Ford Mustang Shelby GT350R,
avaliado por duas horas em Los Angeles, Califórnia. No país do câmbio
automático, oferece caixa manual de seis marchas e engates extremamente
precisos. Direção e freios (Brembo) são de alto nível. Suspensão firme, mas sem
desconforto. Potência, 533 cv; 0 a 96 km/h em 3,9 s.
ONIX PLUS tem linhas atraentes e
comportamento bastante suave no dia a dia. Acelera firmemente ao combinar um
equilibrado motor 1.0 turbo, câmbio automático e baixo peso em ordem de marcha
para o seu porte. Interior espaçoso, porta-malas bom com 469 litros, direção
precisa e freios bem dimensionados. Tanque de combustível (44 litros) deveria
ser maior.
CUIDADOS com os
futuros carros autônomos chegam à pintura. BASF trabalha em nova tecnologia de cores
escuras, para facilitar o reflexo de sinais infravermelhos enviados por lidar
que calcula distâncias com extrema precisão. Pigmentos são específicos para esse fim e desde já estão sendo
desenvolvidos.
RESSALVA: frenagem autônoma de emergência estreou no Jeep Compass. Hyundai HB20
foi o primeiro entre os compactos.
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