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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

NOSSO COLUNISTA FERNANDO CALMON CONFESSA E SUGERE QUE NINGUÉM DEVE TER REMORSOS, SENTIR CULPA, POR USAR O CARRO DIARIAMENTE E TEM TODA A RAZÃO. O PODER PÚBLICO NOS SEUS VÁRIOS NÍVEIS NÃO SOLUCIONA DE VERDADE E DEFINITIVAMENTE A QUESTÃO DA MOBILIDADE URBANA NAS GRANDES CIDADES QUE A CADA DIA SE AGRAVA. SISTEMAS DE RODIZIO DE PLACAS E CADA VEZ MAIS ÔNIBUS NAS RUAS NÃO RESOLVEM NADA. A SOLUÇÃO É A CONSTRUÇÃO DE LINHAS DE METRÔ, DE VERDADE, NÃO COMO DO RIO E SÃO PAULO, MAS DO TIPO DE NOVA YORK, PARIS E LONDRES. CONTUDO, AS MONTADORAS ESTÃO REGISTRAM QUEDAS NAS VENDAS NO BRASIL, OU SEJA OS BRASILEIROS ESTÃO COMPRANDO MENOS CARROS.


Alta Roda 


Nº 796 - 7/8/14

Fernando Calmon 

USAR SEM CULPA

Um debate que mais cedo ou mais tarde acontecerá no Brasil é a maneira de utilizar, de forma mais racional, as vias de superfície nas grandes cidades.

Ideias surgem no rastro de soluções implantadas em outras áreas metropolitanas no mundo. 

Pedágio urbano não é novidade, mas sua aplicação pode-se reconhecer como bastante restrita. 

Apenas Cingapura, Londres, Milão e Estocolmo cobram para que cidadãos motorizados adentrem o Centro Histórico. 

Em geral, usa-se o sofisma de taxa de congestionamento. Roma impõe restrições de acesso, sem cobrança. 

Outras, como Cidade do México, proíbem circulação de veículos poluidores, mais antigos.

Há exemplos de pagar para uso em algumas vias expressas (Santiago) ou túneis (Nova York). 

O que parece realmente pouco inteligente é limitar a circulação, sem fins ambientais, por meio de finais de placas, como acontece em São Paulo. 

Essa ideia, de tão ruim, se limita à capital paulista, mas alguns espertos a “venderam” para Bogotá e Caracas.

Existem algumas propostas brasileiras para disciplinar o tráfego de superfície. Uma, vem de Celso Franco, que já dirigiu o antigo Departamento de Trânsito do Rio de Janeiro. 

Ele propôs, há mais de cinco anos, um estímulo indireto para que pessoas partilhem seus carros em caronas. 

O pedágio urbano de R$ 50,00/mês isentaria quem se voluntariasse ao transporte solidário. Mais recentemente, a americana Uber lançou um aplicativo, já em 30 países, para que pessoas ofereçam caronas mediante pagamento. 

Isso despertou a ira dos taxistas em cidades europeias e também no Rio e São Paulo. Difícil é banir aplicativos desse tipo.

Outra proposição vem do consultor ambiental e transporte sustentável, Olímpio Álvares que apresentou o conceito do pedágio urbano inteligente (PUI) para a capital paulista em substituição ao rodízio (bom frisar). 

A tarifa média seria de R$ 7,00/dia ou 50% do que se cobra em Milão, que tem regulamentação complexa e várias exceções. 

Sua vantagem: limitar cobrança aos eixos de trânsito congestionados e apenas se a velocidade da via ficasse abaixo de um limite regulado. 

Aplicativos para celulares que traçam rotas alternativas ajudariam a aproveitar de modo mais racional as vias.

Álvares acredita numa implantação gradativa do PUI que poderia ser proporcional ao valor do IPVA e consumo/emissões de cada veículo. 

Seus cálculos apontam arrecadação para construir, anualmente, 7 km de metrô ou 100 km de BRT (corredor de ônibus avançado, não a enganação de faixas do lado direito).

O grande problema de qualquer solução que envolva mais um imposto disfarçado, como pedágio urbano, é garantir dinheiro carimbado para o transporte coletivo que realmente funciona: metrô ou monotrilho. 

Soluções de superfície apresentam sérias limitações pelo crescimento desordenado das cidades brasileiras.

Outro ângulo a coluna sempre enfatiza. Fabricação de veículos responde por 5% do PIB brasileiro e 12% dos impostos arrecadados, sem contar a derrama que continua ao longo da sua vida. 

Portanto, há dinheiro de sobra para mobilidade urbana, não aplicado por má gestão administrativa e política dos recursos. Ninguém deve se sentir culpado por usar um carro para ir ao trabalho.


RODA VIVA

GRUPO PSA Peugeot Citroën decidiu importar toda a linha DS da China. Os carros estarão no Salão do Automóvel de São Paulo, começando pelo DS5 com motor turbo de 1,8 l/200 cv. 

Preços serão realmente competitivos. Grupo francês enquadrou a linha DS como nova submarca, sem ligação à Citroën ou à Peugeot.

PARA quem acha que no Brasil sempre se ganha dinheiro fácil vendendo automóveis, precisa ver balanços regionais das companhias. 

Ford perdeu quase US$ 300 milhões neste segundo trimestre, na América do Sul, onde o País representa quase 2/3 do faturamento. 

GM também está no negativo. Fiat já havia registrado queda de lucro de 80%, em 2013, e agora mais 23%.

MINI Cooper S exibe desempenho nem um pouco minúsculo. Nova geração do modelo inglês tem motor turbo 2 litros/192 cv, mas o torque impressiona muito: 30,6 kgf.m a apenas 1.250 rpm. 

O interior ganhou espaço atrás e o novo quadro de instrumentos ficou bem melhor. Suspensão é firme um pouco além da conta (para o piso brasileiro) mesmo na regulagem suave.

APESAR de problemas em alguns mercados, Grupo VW prevê vender pela primeira vez mais de 10 milhões de unidades no mundo, este ano. 

A Toyota também projeta romper essa barreira. Briga pela liderança mundial está acirrada, mas projeções de analistas apontam tendência de os alemães chegarem ao topo em 2014, quatro anos antes da meta anunciada.

SINDICATO de servidores federais da área de ciência e tecnologia do setor aeroespacial apoiou a publicação de um livro sobre a história de desenvolvimento do motor a álcool no Brasil. 

De autoria de Fernanda Andrade, reporta com pormenores e documentos o esforço desde 1975 do professor Urbano Stumpf e sua equipe do então Centro Técnico Aeroespacial, de São José dos Campos (SP).

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fernando@calmon.jor.br e twitter.com/fernandocalmon

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