Um dos mais rápidos e empolgantes pilotos
de sua geração, José Carlos Pace nos brindou com atuações sensacionais, desde
as categorias de base e obteve vitórias e resultados que trouxeram alegria aos
apaixonados por corridas de automóveis.
Foi um dos melhores entre os brasileiros
que chegaram à Fórmula 1 com sua facilidade de se familiarizar com os carros,
assimilar as características e reações e tirar deles desempenho além dos
limites.
Pode-se afirmar que não teve a sorte de
defender uma equipe de ponta, como a Lotus de Emerson Fittipaldi, e seus
primeiros times foram as pobres, na época, Williams, dirigida por Frank
Williams e, em seguida, a Surtees, do ex-piloto John Surtees.
A Williams em que estreou na Fórmula 1 em
1972 lhe deu um carro March usado do ano anterior que, naturalmente, não
incorporava os avanços das outras equipes. Sabemos que a evolução dos carros é
muito veloz e que um modelo do ano anterior, fica ultrapassado, muito abaixo do
nível dos novos modelos.
Mas, como era o que tinha à disposição
para chegar à principal categoria do automobilismo mundial, aceitou o desafio.
Com o pior carro do campeonato, assim mesmo, obteve o quinto lugar no Grande Prêmio
da Bélgica e o sexto, na Espanha, completando três pontos no campeonato. Uma
façanha!
No ano seguinte, recebeu convite da
Surtees, equipe menos pobre que a Williams, mas ainda sem o poder das grandes
equipes. Com o Surtees, José Carlos Pace conseguiu terminar 7 provas. Foi
décimo terceiro na França; décimo na Suécia; oitavo na Bélgica; sétimo na
Holanda; quarto na Alemanha e terceiro na Áustria, o seu primeiro pódio.
Na Alemanha, deu um show em Nürburgring,
por ter garantido a volta mais rápida da prova que superou cinco vezes
seguidas, registrando o recorde de 7 minutos, 11 segundos e 4/10, à velocidade
de 190,600 km/h. No Grande Prêmio da Áustria, classificou-se em terceiro lugar
e, de sobra, também fez a volta mais rápida, com 1 minuto, 37 segundos e
29/100, com a velocidade de 218,720 km/h, comprovando talento em pistas de alta
velocidade.
Em 1974, começou a temporada na Surtees,
mas na metade do campeonato mudou de equipe, passando para Brabham, conseguindo
o quinto lugar na Itália e estabelecendo a volta mais rápida da prova, com o
tempo de 1 minuto 34 segundos e 2/10, à velocidade de 220,891 km/h. Nos Estados
Unidos fechou o ano com o segundo lugar em Watkins Glen, onde também registrou
a melhor volta da prova, com o tempo de 1 minuto, 40 segundos e 608/1.000, a
194,431 quilômetros por hora. Terminou o campeonato em 12º lugar, com 11
pontos.
Em 1975, mantendo-se na Brabham, fez sua
melhor temporada. O principal resultado foi a vitória no Brasil, com Emerson em
segundo lugar, além de quarto na África do Sul; terceiro em Mônaco; quinto na
Holanda e segundo na Inglaterra.
Além da Fórmula 1, participou do
Campeonato Brasileiro de Turismo, sagrou-se campeão e venceu também a corrida
25 horas de Interlagos, pilotando um Maverick da equipe Ford.
O engenheiro Francisco Castejon do Couto
Rosa, famoso Chico Rosa, companheiro de Emerson Fittipaldi no seu início de
carreira e consultor de vários pilotos brasileiros e de outros países, ao ser
inquirido sobre como analisava o piloto José Carlos Pace, justificou que seria
mais respeitoso ele transmitir a definição de Enzo Ferrari, que o considerava
um dos mais talentosos do mundo.
José Carlos Pace sempre se destacou pela
ousadia, habilidade, além da facilidade na análise das reações dos carros, que
lhe permitiam transmitir as características aos mecânicos para os acertos
corretos e obter o melhor desempenho. Com essas virtudes, destacou-se no
Brasil, até 1967, correndo pela equipe Willys e, em seguida, da Ford onde
obteve expressivas vitórias, com os berlinetas WilIys-Interlagos e depois, com
os Ford Maverick.
Com o patrocínio da Brahma, José Carlos
Pace seguiu o caminho trilhado por Emerson Fittipaldi e chegou a Londres para
competir nas categorias de base, entre as quais a Fórmula 3, da qual se tornou
campeão inglês, em 1970. No ano seguinte venceu o Grande Prêmio de Ímola, da
Fórmula 2.
O primeiro convite expressivo foi da
Ferrari para integrar a equipe que disputou o Campeonato Mundial de Marcas da
categoria Esporte Protótipo e tive a satisfação de conviver alguns dias com
José Carlos Pace e Chico Rosa com a equipe Ferrari no Autódromo de Monza.
Nessa convivência pude conhecer os bastidores
da equipe e ouvir, do argentino Carlos Reutemann, uma crítica à decisão da
engenharia da Ferrari, que os carros 312P, que pilotavam nesse campeonato, era
um Fórmula 1 transformado em modelo biposto e, por ser mais leve, precisou
receber a aplicação de chapas de aço como lastro para atender o peso mínimo
exigido pela categoria.
Em dupla com Arturo Merzario, José Carlos
Pace obteve a segunda posição na 24 Horas de Le Mans, a mais importante corrida
do mundo na categoria. Um resultado fantástico para o Brasil pela tradição da
prova.
Entre as virtudes de José Carlos Pace era
um piloto extremamente ousado e que se destacava em pistas de alta velocidade.
Por essa qualidade, mesmo com carros inferiores aos das principais equipes
garantiu largada na primeira fila na África do Sul, na pole position, e também
na Argentina, Bélgica, Inglaterra e Alemanha, todas pistas de alta velocidade.
Também estabeleceu voltas mais rápidas em
corridas, como na África do Sul, Áustria, Estados Unidos, Itália e Alemanha.
Imaginem o que ele teria conseguido se tivesse pilotado um carro de ponta.
Nossos super herois também
sentem medo
Como repórter do Jornal da Tarde, redigi a
notícia da conquista do segundo lugar em Le Mans e, em algum ponto do texto,
fiz uma menção de que José Carlos Pace gostava de competir no circuito francês.
Ao ler a notícia, ele ligou para mim para revelar o desconforto que sentiu em
Le Mans, principalmente à noite e com chuva, para administrar um carro com
velocidade próxima de 300 quilômetros por hora em meio a outros que atingem
menor velocidade, exigindo muito cuidado para evitar acidente.
Algum tempo depois, Wilson Fittipaldi
Júnior fez o mesmo comentário, mencionando a atenção que Le Mans exige na
condução de um Porsche 917, ao longo de 24 horas.
Tenho saudade de José Carlos Pace, piloto
que merecia melhor sorte esportiva. E meu filho, José Carlos guarda em suas
relíquias um macacão que o Moco utilizou em suas corridas e nos presenteou como
emocionante recordação.
Acesse nossos podcasts: https://soundcloud.com/user-645576547/o-veloz-e-talentoso-jose-carlos-pace-vencedor-do-gp-brasil-de-f1-em-1975?si=b359a35b95be4680bbb4b49219106422
Crédito das imagens: Arquivo
da Internet
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