Alta
Roda
Nº 689 - 12 de julho de 2012
Fernando Calmon
HYUNDAI COM MAIS
FORÇA
Entre
as trajetórias mais surpreendentes dos últimos anos está a do grupo sul-coreano
Hyundai, que possui 34% das ações da Kia, mas, controla a marca por meio da
mesma família proprietária, a Chung. No ano passado, o grupo produziu quase
sete milhões de unidades de automóveis e veículos comerciais, atrás apenas de
GM, Toyota e Volkswagen.
O
país asiático de 50 milhões de habitantes é o exemplo de como investimentos
maciços na educação transformaram uma nação dividida e pobre em desenvolvida ao
longo de menos de 50 anos. E continua a crescer, haja vista estradas e
conjuntos de edifícios em construção ao redor da capital Seul.
Fundada
em 1967, a companhia começou montando carros da Ford e depois fabricou produtos
baseados em mecânica Mitsubishi. Seu primeiro modelo próprio, o compacto Pony,
é de 1974 e o primeiro motor, de 1991. São nada modestos ao comentar que suas
referências atuais em qualidade transferiram-se das marcas japonesas para as principais
europeias.
A
expansão internacional da Hyundai impressiona. Cerca de 60% de sua capacidade
produtiva total situa-se fora da Coreia, incluindo China e EUA. No Brasil, a
fábrica de Piracicaba (SP) está dimensionada para 150.000 unidades, por ano, em dois turnos,
e começará a produzir, em outubro. O acordo de importação com o Grupo CAOA
continua, além da produção em Anápolis (GO) do SUV Tucson e dos caminhões leves
HR/HD. No entanto, a nomeação de novas concessionárias será de responsabilidade
dos coreanos. Lojas próprias da CAOA respondem, hoje, por 70% das vendas atuais
da marca.
O
foco da empresa é o mercado brasileiro, sem preocupação inicial em exportar
para os países vizinhos. Tanto que produz na Índia dois modelos pequenos, i10 e
Eon, e ainda assim decidiu desenhar um carro específico para o Brasil, com nome
a ser anunciado em breve.
No
centro de desenvolvimento de Namyang, a 60 km de Seul, alguns jornalistas
puderam ver o carro pronto, faltando apenas pormenores como a superfície do
volante de direção. Embora nada comentassem sobre arquitetura e dados técnicos do
carro, sua origem é o Kia Picanto/i10, um subcompacto de dimensões internas e
externas próximas às de um Gol, por exemplo. Distância entre eixos e comprimento
do Picanto (2,38 m/3,60m ante 2,46 m/3,90 m do Gol) são inferiores, mas não
chegam a comprometer o espaço para joelhos e cabeça atrás. Volume do porta-malas
é bom (225 litros), porém não igual ao de um compacto como o Uno (280 litros).
O
estilo do Hyundai brasileiro é bastante atual e difere tanto do Picanto como do
i10. Internamente, painel e quadro de instrumentos são específicos, de desenho
agradável, além de um bom porta-luvas. A versão mostrada foi a de topo e inclui
recursos como regulagens de altura e distância do volante, além do assento do
motorista, e bom apoio para o pé esquerdo.
Haverá
dois motores, ambos flex: 1,0 l, 3 cilindros (Picanto) e o 1,6 l, 4 cilindros (Cerato/Soul).
Em curta avaliação, o motor de três cilindros demonstrou disposição para
acelerar, sonoridade agradável, mas não tão suave como um quatro-cilindros. Direção
e suspensões ficam dentro dos melhores padrões do segmento.
O preço,
obviamente, continua em segredo até o lançamento. Com certeza estará abaixo de
R$ 29 mil. O sedã vem no começo de 2013, seguido por versão “aventureira” do
tipo CrossFox. O SUV ou crossover derivado ainda está por definir.
RODA
VIVA
APESAR de ter acontecido o
melhor junho da história – 353.200 unidades vendidas entre carros e veículos
comerciais – ainda não dá para saber como será o segundo semestre. Parte do bom
resultado se deve a unidades que não puderam ser emplacadas no fim de maio logo
depois da redução do IPI. Fenabrave (concessionárias) acha que, no máximo,
haverá empate com 2011 e Anfavea prefere esperar para revisar sua previsão de
crescimento.
EXISTE consenso entre
analistas de que condições atuais de imposto menor precisam ir além de 31 de
agosto. Isso para que o segundo semestre alcance média de pelo menos 330.000
unidades mensais e o fechamento de 2012 empate com o ano passado. Em junho estoques
totais caíram de 43 para 29 dias e índice de inadimplência deu sinais de queda.
Assim, o ano não parece perdido, apesar dos tropeços até agora.
COMPRA dos restantes 50,1%
das ações da Porsche Holding pela Volkswagen muda pouca coisa na prática. Fusão
das duas empresas já havia acontecido na prática, mas não de direito. Ocorre
que a Porsche SE, nível acima na estrutura acionária e de propriedade das duas
famílias que controlavam diretamente a marca de carros esporte, continua com
50,7% do novo grupo.
CÂMBIO manual automatizado,
agora disponível no CrossFox I-Motion, trouxe o conforto de uso no dia a dia do
trânsito que faltava na versão aventureira do Fox. Demora em tornar disponível
a opção deveu-se a testes para o uso leve no fora de estrada. Em qualquer das
duas situações o comportamento do câmbio é muito bom e tende a ter mais
aceitação pela relação preço-comodidade.
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fernando@calmon.jor.br
e www.twitter.com/fernandocalmon
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