Essa verdade manifestada em instituição de tamanha credibilidade internacional não ocorreu por acaso, mas como resultante da análise de um movimento que, embora nos seus longínquos anos se resumisse tão somente ao Centro da Cidade (o que vale a dizer: RUA CHILE), quando era a elite local quem limitava o que poderia ocorrer, então, e o que deveria ser afastado. Isso acontecia lá pelos idos do século XIX.

No entanto, pela força que lhe moveu nos muitos anos seguintes, na realidade acabou ultrapassando os limites então concebidos, da intimidade dos clubes sociais, conquistando as fronteiras urbanas e expandindo-se pelos tantos circuitos. Até mesmo exportando os seus valores.

O início da grande expansão

Por sinal, a denominação CARNAVAL, com essa titulação, diz a história, foi identificado no ano de 1884, porquanto, até então, era conhecido como “entrudo”, por sinal, festejo oriundo do sul da França (Nice, em particular) e que se constituía nas pessoas se comunicarem arremessando água nos passantes. No entanto, a partir daquele período, o Clube Carnavalesco Cruzeiro da Vitória (Cruz Vermelha) – cuja sede ainda se encontra ali, no Campo Grande, inovou ao montar um carro alegórico e desfilar pelas ruas do Centro (Avenida Sete de Setembro, Praça Castro Alves, Rua Chile, Praça Municipal (Tomé de Souza), Misericórdia e Praça da Sé.

Àquela manifestação do clube social outras seguiram em adesão, como ocorreu com o também Clube Carnavalesco Fantoches da Euterpe (sede que ainda se encontra na Rua Democrata/Largo Dois de Julho). Bem assim a igualmente associação recreativa Inocentes em Progresso – que foi mantida por muitos anos pelo, inúmeras vezes, Vereador, Izidro Monteiro. Aqueles desfiles dos belos e originais carros alegóricos ocorriam às noites dos domingos e terças-feiras e permaneceram por muitos anos.

Na sequência do progresso crescente da realização da grande festa, sempre nos meses de fevereiro, o, da mesma sorte, clube social Associação Atlética da Bahia também instituiu um desfile às noites dos sábados do Carnaval, com os seus associados exibindo previamente as suas criativas fantasias em um corso de carros abertos.

A grande explosão em definitivo

Era lá pelos idos do ano de 1950 quando uma iniciativa de veículos de comunicação promoveu uma curiosa e – até certo ponto, pelas suas consequências – explosiva manifestação, quando convidaram para se exibir nas ruas de Salvador, em período anterior ao Carnaval – uma representação do Clube de Frevo VASSOURINHAS, de Recife. Jamais imaginaram de que aquela iniciativa iria, a seguir, alterar e enriquecer incrivelmente o Carnaval da Bahia



O desfile – que deveria ser apenas uma exibição - teve início no Campo Grande e prosseguiu pela Avenida Sete de Setembro, alcançando a Praça da Sé. Até então, nunca a cidade havia testemunhado uma manifestação popular tão agitada. Porque, em virtude de – àquela época – os blocos não usarem cordas, o povão, por todo o percurso, foi aumentando incrivelmente, constituindo na maior exaltação que se testemunhou em torno do valoroso conjunto. A ponto de inúmeros dos músicos de instrumentos de sopro dos “Vassourinhas” partirem lábios, por consequência da mistura com o povão.

O magnífico sucesso daquela promoção foi, em verdade, responsável pela criação do “instrumento” mais consagrado do Carnaval, em todo o Brasil: o Trio Elétrico. Porque, Osmar Macedo, inconformado com o êxito fantástico do grupo pernambucano em solo soteropolitano, aliou-se ao seu sócio, o técnico em eletricidade Dodô (Adolfo Nascimento), e, numa explosão de criatividade, decidiu criar um “instrumento” que pudesse se constituir numa autêntica novidade no Carnaval da cidade e que motivasse a mesma explosão de alegria no povão.

Utilizaram, uma “fobica” conversível, à qual instalaram um serviço de som, com duas “bocas” de alto-falantes e, Osmar no cavaquinho e Dodô no violão, saíram também pelas principais artérias da cidade, no mesmo percurso dos desfiles carnavalescos, executando os principais sucessos da festa de “Momo” da época.

E foram mais adiante, porque, naquele exato momento, criaram, também, um instrumento que foi o precursor da guitarra baiana, com a eletrificação e a amplificação – pela primeira vez - do som daquelas peças que, aliadas a um amplificador, proporcionaram ao povão uma música simplesmente eletrizante. Foi quando o mundo conheceu os instrumentos de corda eletrificados.

Vale afirmar de que o êxito extrapolou a magnífica exibição dos Vassourinhas. Estava criado ali uma das maiores novidades, no gênero, em todo o Brasil e por todos os tempos, que ainda hoje constitui, sem dúvidas, a maior atração responsável pela exaltada animação dos Carnavais brasileiros: o TRIO ELÉTRICO.

“Axé Music” foi a consequência


Trinta anos depois, uma criativa invenção de cantores e compositores baianos promoveu mais uma inovação, que tem sido uma tônica, como mais uma contribuição da Bahia para os seguimentos artísticos de toda a sorte no país. Foi, inclusive, responsável por elevar o CARNAVAL da Bahia a um patamar jamais imaginado: o AXÉ MUSIC. Criatividade que, pelo seu nível de repercussão, conquistou todo o país, exportado de forma magnífica pelos seus criadores e intérpretes. Foi – e tem sido – em verdade, responsável pela conquista de milhões de turistas que se destinam a Salvador, sobretudo na época do Carnaval.

Numa demonstração de que o Carnaval baiano nunca foi uma promoção estática, muito ao contrário, a cada ano mostra uma busca de novas criatividades e emoções, aconteceram nos anos 80 outras duas iniciativas que conduziriam a festa baiana a um novo patamar de enriquecimento: a revelação do “Circuito Dodô”, no Farol da Barra, ao lado da bela iniciativa do Governo do Estado, então, em transferir a responsabilidade pela organização do Carnaval baiano para a Prefeitura de Salvador.

Foi quando da mesma sorte, uma outra decisão contribuiu para ainda mais estimular o agigantamento do desenvolvimento do Carnaval baiano: a tendência que se configurou e se consolidou do “Carnaval sem cordas”, liberando os blocos daquela limitação e incluindo o povão em toda a movimentação dos grupos tantos que enriqueciam a festa. E esta iniciativa ocorreu ainda bem mais forte este ano, quando praticamente a unanimidade dos blocos – salvo alguma exceção – agregou o povão em torno de si.

Do Campo Grande ao Centro Histórico

Os circuitos da cidade, inclusive, receberam os nomes dos maiores animadores do Carnaval de Salvador, a exemplo do Circuito Osmar Macêdo (Campo Grande à Praça Castro Alves), do Circuito Dodô (da Barra a Ondina). Foi exatamente no preciso momento em que o cenário do Carnaval deixou de ser apenas a Rua Chile e a Avenida Sete de Setembro para se estender até o Campo Grande.

Mas só foi em 1988 que um novo circuito foi acrescentado, com o objetivo de expandir a área destinada aos desfiles dos blocos, uma vez que o do Campo Grande/Centro Histórico já estava ficando estrangulado, diante da quantidade de organizações que se propunham a transitar pelo percurso. Fator aliado ao crescimento da população da cidade que já alçava os 3 milhões. Isto, aliado aos milhares e até milhão de turistas que passaram a prestigiar o acontecimento.

E foi precisamente o famoso grupo Olodum, que já se articulava como uma das principais e especiais agremiações presentes ao circuito da folia, e decidiu buscar uma nova via de exibição. E levou todo o seu cortejo para percorrer o novo circuito, que se limitou desde o Farol da Barra e até o bairro de Ondina. O êxito foi simplesmente estrondoso, pois a multidão que se concentrou naquele trecho, em torno do festejado bloco, alertou a todos quantos faziam a festa para aquela nova e muito especial opção de circuito.

Consagrado o novo espaço – Barra/Ondina - e por ser uma extensão rigorosamente residencial, ao lado da maciça aprovação, iniciou-se uma reação de moradores que se sentiam e ainda se sentem perturbados na sua tranquilidade, com toda aquela movimentação que se estendia, como ocorre ainda hoje, por toda a noite e até o dia amanhecer. Muito embora tal ocorra apenas durante o Carnaval.


Nos últimos meses do ano passado (2022) levantou-se a hipótese de transferir o circuito Barra/Ondina para a orla, a partir da Boca do Rio e até Piatã, ou imediações. Algumas vozes juntaram-se à hipótese levantada pela Prefeitura, mas a reação foi, também, imediata. A ponto do Prefeito, em decisão, já este ano, revelar que o assunto estaria fora da pauta, pelo menos por enquanto. O que se depreende é que, diante de tantas dificuldades, bem assim do sucesso absoluto do circuito Barra/Ondina, é quase impossível que aquela ideia possa vingar.

Centro Revitalizado em homenagem a Moraes


Uma outra realidade foi a absoluta revitalização do Centro como o fulcro da realização do Carnaval, especialmente diante do fato que se destinou a festa deste ano a comemorar o centenário de Osmar Macedo, ao lado, também, das homenagens que se destinaram a outro “monstro” do Carnaval que foi Moraes Moreira, especialmente com fixação na Praça Castro Alves, local especialmente exaltado por ele.

No mesmo espaço em que se consagraram e, ainda hoje, pontificam como dos seus maiores “astros”. Como é o caso do tradicional “Afoxé” Filhos de Gandhi, que cobre com um tapete incrivelmente branco todo o percurso por onde circula. Como também por ter sido o local que consagrou algumas das mais tradicionais atrações do Carnaval baiano, como é o caso de Margareth Menezes, tanto quanto de Daniela Mercury, Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Armandinho, Ivete Sangalo, Bel Marques, Luiz Caldas, Caetano Veloso, Moraes Moreira e Claudia Leite. Para apenas citar alguns.

E foi, precisamente na Praça Castro Alves que se criou um dos momentos fantásticos do CARNAVAL baiano: o “encontro dos trios”.

Com aquela revitalização do Centro da Cidade, a Prefeitura, através dos seus titulares, inclusive dos órgãos de turismo, considerou um sucesso absoluto. Sobretudo pelo fato do poder municipal ter priorizado a contratação de dezenas de atrações para que se apresentassem precisamente naquele local, o Circuito Osmar. Ao lado da iniciativa de, da mesma sorte, estimular cada vez mais a extinção da corda nos blocos, priorizando o público denominado de “pipoca”, ou seja, o grande povão que não integra as agremiações.

O que se observou, ao longo dos anos, especialmente nessa última manifestação carnavalesca, foi que, indiscutivelmente, o carnaval baiano deixou de ser apenas uma “avenida” para se tornar, indiscutivelmente, “uma cidade”. Porquanto, este ano, praticamente todos os bairros da urbe foram integrados à comemoração, com programas específicos para os quais foram destinadas inúmeras e especiais atrações. Assim, por exemplo, o bairro de Santo Antônio conquistou uma programação original e espontânea que o integrou, definitivamente, às comemorações.

Tanto quanto, a democratização do Carnaval da Bahia agregou, por exemplo, o Nordeste de Amaralina, para onde foi destinada um programa também próprio, sendo aquele circuito, inclusive, batizado de “Mestre Bimba”. Um outro espaço que foi, definitivamente agregado foi o Centro Histórico, para onde se dirigiu a atenção de uma considerável parcela do público carnavalesco. E ali foi criado, então, o Circuito Batatinha.

Mas a folia não se ateve, pura e simplesmente, àqueles locais já mencionados, mas se espraiou irrecorrivelmente por outros bairros, como Nordeste de Amaralina, Liberdade, Piripiri, Plataforma (os dois últimos no subúrbio), Boca do Rio, Itapoã, Pau da Lima e Cajazeiras.

É de se ver, portanto, de que, inclusive, a ação da Prefeitura “alargou” de forma surpreendente a festa por toda a cidade.

E foram muitas as atrações nacionais que aderiram

Como vem ocorrendo a cada ano, a presença de um público eclético, provindo não somente de todas as partes do país, mas também do exterior, é consequência da, cada vez maior, repercussão do sucesso para além dos limites do Estado. Por exemplo, uma das expressivas atrações que esteve em Salvador, no Carnaval, foi o ator TIAGO ABRAVANEL, o qual, inclusive, desfilou na “pipoca” do cantor Saulo.

Ao lado disto, também a consagrada atriz BRUNA MARQUEZINE, tanto quanto o “influenciador” CARLINHOS MAIA, como também o cantor JOÃO GOMES, buscaram novas emoções na pipoca do trio da Ivete, onde se encontravam. Avalie-se, por exemplo, que se noticiou ter uma turista do Espírito Santo, FRANÇOISE FONSECA, que se encontrava pela primeira vez em Salvador curtindo o Carnaval, do mesmo modo ter prestigiado a “pipoca”, a exemplo de centenas de tantos outros visitantes.

Uma, da mesma sorte, grande atração que dividiu com os baianos o embalo do Carnaval, foi o ator JOSÉ LORETO, que chegou a subir no trio da IVETE SANGALO. Observe-se, ainda, que o folião autêntico tem absoluta liberdade para eleger qual o bloco ou trio elétrico que vai preferir para seguir no seu embalo.

Não esquecendo que a iniciativa de FLORA e GILBERTO GIL, em – já há vários anos – instalar na extensa e considerada “sobreloja” do Edifício Oceania o mais badalado “camarote” do Carnaval da Bahia, e numa localização extremamente privilegiada, ser, indiscutivelmente, responsável pela presença de um sem número de personalidades nacionais, a partir, inclusive, da “primeira dama” – JANJA – e da Ministra da Cultura Margareth Menezes, como aconteceu neste ano.

As atrações especiais

Concorrendo com os trios elétricos, algumas atrações têm destaque absoluto, tanto pela sua originalidade, como pela sua grandeza, e mais, pelo seu propósito de agregar as tão ricas tradições da Bahia. O AFOXÉ FILHOS DE GHANDI é um desses destaques, quando desfila, “macula” de alvo toda uma extensão que vale por toda uma avenida soteropolitana. Saindo do Largo do Pelourinho, onde, no início, promove o denominado “padê”, que é o típico ritual das religiões que têm matrizes africanas, quando são oferecidos alimentos e bebidas às divindades, com as bênçãos de EXÙ, somente após o que pode seguir o seu destino. 

Os FILHOS DE GANDHI constituem uma tradição que já demanda 74 anos. Este ano, a grande novidade foi a participação, também de indígenas que, por sua vez, realizaram igualmente um ritual antes do bloco sair. Uma presença do maior destaque entre os “Gandhi”, foi o Governador do Estado, da mesma sorte como foi o Prefeito de Salvador.               

Uma outra, dentre as maiores atrações do Carnaval da Bahia, encontra-se, como ha já tantos anos, o considerado como o “mais belo dos belos”, que sai da Ladeira do Curuzú e que é o fantástico “ILÊ AIYÊ’, precedido da revoada de pombas brancas e do sopro do “pó de pemba” sobre a multidão presente, em meio do que se encontrava, também o Governador do Estado, Jerônimo Rodrigues. Seguem-se alguns rituais do candomblé. 

Após o que inúmeros integrantes do grupo passam a fazer jorrar sobre todas as cabeças da mesma multidão o milho branco, bem assim promovendo um autêntico banho de pipoca. É a tradicional benção. O que constituem momentos de profunda emoção. Do Curuzú, segue para o Campo Grande onde o povão aguarda com ansiedade. Porque são quase cerca de 12 horas todo o desfile.

Uma notícia bem recente chegou a abalar sensivelmente as hostes do “ILÊ AIÊ”, com a informação de que o seu Presidente, a título de comemorar precisamente os primeiros 50 anos do bloco, aventou a possibilidade de abertura à participação também de “brancos”, o que, até então, era considerado um “tabu”. À manifestação do Vovô (Antônio Carlos dos Santos), insurgiram-se dezenas de personalidades, vinculadas ou não, ao bloco. 

Até então conhecido como o espaço de enaltecimento e resistência dos negros, evidente que a questão explodiu como uma imensa “bomba”. Foram tantas as manifestações, sobretudo de personalidades expressivas no seu circuito e na sociedade baiana, que o próprio Vovô retrocedeu para reconhecer que, pelo menos, ainda não era o momento para tamanha evolução.

Por seu lado, de prestígio e fama internacional, o OLODUM também arrepia quando desliza com o seu ritmo consagrado internacionalmente e que tem sido a marca de todos os jogos da Seleção Brasileira de Futebol, momento projetado, inclusive, pelo festejado locutor esportivo GALVÃO BUENO. O tema deste ano foi “Logunedé”. Oportunidade em que o grupo comemorou nada menos do que 25 anos participando do Carnaval da Bahia.

“Mudança do Garcia”, uma irreverência


Mas, há uma outra atração que, diversamente das que já foram mencionadas, constitui numa manifestação de espontaneidade de todo o povo de um bairro. Falamos da “MUDANÇA DO GARCIA”. Já lá se vão dezenas de anos que essa promoção ocorre. No início, 1926, com o nome de “Arranca Touco” e pela iniciativa de ex-policiais, manteve-se em evidência até que, desde a década de 1950 um Vereador de Salvador – Herbert de Castro - assegurou o nome definitivo. 

Ele que teve a feliz ideia de continuar promovendo a saída do bloco, sem cordas, sem fantasias, sem agrupamento específico, mas que agregasse a população daquele próprio bairro e tantas quantas outras pessoas aderissem. E, por conta disto, uma autêntica multidão constituiu, e constitui, em sua história, a MUDANÇA DO GARCIA. A tônica, todos os anos, são os temas políticos, sobretudo. 

Este ano, não foi diferente. Ao som de inúmeros grupos de percussão e de instrumentos de sopro, foi o destaque, como sempre, da “segunda-feira GORDA”, saindo do bairro – GARCIA – que desagua no Campo Grande e segue até o Centro Histórico. Vale mencionado que, quem lhe deu muita força com as suas especiais composições, foi o consagrado e saudoso cantor e compositor Riachão.

Toda essa estrutura, toda essa manifestação, consiste, pura e simplesmente, de que, o CARNAVAL DA BAHIA, sem a menor dúvida é, na verdade, o que o GUINESS BOOK, desde o ano de 2005, reconhece que, na Bahia, encontra-se ...

O MAIOR CARNAVAL DE RUA DO MUNDO!!!...

Um CARNAVAL que é, realmente, do mundo


No entanto, apesar de termos mencionado o Carnaval em outras partes do mundo, como em NICE, no sul da França, a verdade é que o Carnaval ocorre em diversos locais, nos quatro cantos da terra. Como o da própria NICE, está também na Suíça, mais precisamente na Basiléia, onde a festa dura precisas 72 horas. 

O seu início é, por acaso, na segunda-feira antes da “quarta-feira de cinzas”. Curiosamente, começa em torno das 4 horas da madrugada, oportunidade em que as luzes são apagadas e se inicia o cortejo dos grupos fantasiados, desfilando pelo centro da cidade. Executam-se, então, músicas do próprio Carnaval local, executadas por flautas e tambores dos muitos músicos.

Mas é em TORRES VEDRAS que ocorre o Carnaval considerado o mais português de Portugal. Nos desfiles encontram-se até mesmo os carros alegóricos, enquanto o povão se mascara e deflagra muitas críticas aos políticos.

Embora não se imagine possível, mas em Londres, mais precisamente em NOTHING HILL, o Carnaval também existe, no entanto, no mês de agosto. Na realidade, teve início por iniciativa dos imigrantes de Trinidad e Tobago, conquanto, nos dias atuais, haja igualmente a participação de nativos de outros países, como até do próprio Brasil.

Ainda na Europa, o Carnaval da mesma sorte pontifica na Alemanha, na realidade em COLÔNIA, onde tem início no mês de novembro – que é o décimo primeiro mês do ano - mais precisamente às 11 horas e 11 minutos, estendendo-se até a Quarta-feira de Cinzas. Por sinal, os alemães denominam de “a quinta estação do ano”.

Já nos Estados Unidos, é em NOVA ORLEANS – considerada a capital mundial do jazz – onde se encontra o mais famoso carnaval daquele país. É o “Mardi Grass”, ou seja “terça-feira gorda”. Um dos que mais se assemelham às comemorações brasileiras, uma vez que é realizado através de blocos, de carros alegóricos e de muita fantasia. Mas conserva uma tradição de distribuir colares de contas coloridas às mulheres que permitirem mostrar os seus seios.

Uma outra cidade que mantém velha tradição de Carnaval, na Europa, é VENEZA, onde remonta ao século XIII. No entanto, com características próprias, pois exibe o aspecto de “baile de máscaras” nas principais ruas da cidade. Ao lado disto, também estende os seus festejos aos antigos palácios, onde são exibidas as mais sofisticadas e elaboradas fantasias.

É comum, no Carnaval de Veneza, mais precisamente na Praça de Maio, desfilarem os grupos de fantasiados e mascarados de “gralhas” a soltarem gritinhos típicos daquela ave.

Conquanto não seja um país que registre uma vocação carnavalesca, o Canadá, da mesma sorte, tem o seu Carnaval particular. Mais precisamente em QUEBEC. Por sinal, ali é considerado como o maior “Carnaval do Inverno” do mundo. 

E ele ocorre através de concertos musicais, ao lado da confecção de esculturas na neve, como também desfiles noturnos, tudo concomitantemente a atividades esportivas, tais quais as competições de canoas e a pesca no gelo. Tudo isto ocorre num momento em que a temperatura, nunca raro, marca simplesmente até 10 graus negativos. No entanto, atrai participantes de toda a parte do mundo.

Não poderíamos deixar de mencionar, também, uma manifestação na América do Sul. Porque, igualmente na Colômbia existem realizações carnavalescas, mais precisamente em BARRANQUILLA, onde ocorrem desfiles de danças e de ritmos folclóricos, como é o caso da “Cumbica”, do “Pito”, da “Gaita”, da “Salsa”, do “Fandango”, do “Manoel” e da “Recumbe”. 

Por sinal, a importância dessas comemorações na Colômbia alcançaram tal repercussão que a própria UNESCO a considerou como “Obra Mestra do Patrimônio Oral e Intangível da Humanidade”. Por sinal, o seu começo ocorre no sábado anterior à quaresma, com a tradicional “batalha de flores”.              

Mas ainda não acabou

Quem imagina que o Carnaval já se encerrou definitivamente na Bahia está equivocado. Ainda neste fim-de-semana dois acontecimentos marcaram o retorno em alguns locais da manifestação de “MOMO”. 

Um deles foi aqui mesmo no nosso Condomínio da Pedra do Sal, quando um grupo de moradores promoveu uma “ressaca” fora de época. Contrataram um pequeno trio elétrico e centenas de “vizinhos” e amigos convidados desfilaram com suas famílias, todos fantasiados, ao som dos mais empolgantes sucessos da temporada.

No entanto, um outro momento repetiu o que vem ocorrendo já desde o ano de 2003. Mais precisamente na rua Boa Vista do Lobato (subúrbio), ou mesmo Alto do Cabrito – para muitos – acontece uma autêntica reprise do Carnaval. E tudo tem ocorrido por todos estes anos em virtude da iniciativa do técnico industrial ARNALDO CASTRO que, como em 2003 não pôde “brincar” o Carnaval por se encontrar trabalhando, decidiu que destinaria a si mesmo um outro dia para a sua festa. E, no domingo daquele ano, após a Quarta-Feira de Cinzas, reuniu amigos, acionou o som da mala do seu carro e conduziu o grupo pelas diversas ruas com a sua comemoração particular.

Já no ano que se seguiu, sofisticou a repetição da iniciativa, confeccionando camisas especiais para todo o grupo que crescia consideravelmente. Foi um impulso para que os trios elétricos fossem incorporados à festa. Embora falecido em 2018, o seu filho, ROBSON CASTRO prosseguiu honrando a iniciativa. A cada ano novos blocos vêm aderindo ao Carnaval fora de época.

Mesmo que, há dois anos, aquela comemoração estivesse suspensa por conta da pandemia, este ano, novamente, em torno de mil foliões incorporaram-se à camiseta própria do bloco o qual denominaram de as “Cabritas”. A elas, quase um outro igual número de foliões se juntou em torno de cerca de 10 atrações que animaram o cortejo, como foi o caso de “Oh Polêmico”, “Anna Catarina” e “O Kanalha”, entre os demais.

Na realidade, a comemoração especial teve início na sexta-feira com a concentração em camarotes que foram instalados ao longo do percurso. Pois, no dia seguinte, sábado, foram os trios elétricos e os grupos de fanfarras que animaram o cortejo. No domingo, no encerramento do “Carnaval” fora de época, desfilaram, então, os tradicionais blocos.

É possível que o CARNAVAL ainda não se tenha encerrado em Salvador. Quem garante!!!