Coluna Fernando Calmon
Nº 1.242 — 16/3/23
Surgem dúvidas nos EUA sobre
eficácia da automação veicular
Certamente os vários
recursos de direção semiautônoma hoje oferecidos em grande parte dos automóveis
modernos têm seu papel reconhecido para evitar acidentes ou mesmo diminuir a
gravidade dos ferimentos e até a letalidade. No entanto, pelo menos uma instituição
pede cautela ao analisar a eficácia dos sistemas em uso.
O Instituto das
Seguradoras para Segurança nas Estradas (IIHS, na sigla em inglês) é uma
organização não governamental ligada às companhias de seguro nos EUA que faz
seus próprios testes de colisão e estuda as soluções mais modernas de segurança
ativa e passiva. O país tem 265 milhões de veículos de quatro ou mais rodas em
circulação, cinco vezes superior à frota brasileira.
David Harkey,
presidente do IIHS, em encontro virtual no Congresso americano no começo deste
mês informou que o aviso de colisão frontal e a frenagem automática de
emergência (AEB, em inglês) reduzem os impactos em 27% e 50%, respectivamente.
Acidentes com pedestres foram evitados em 27% dos casos.
Os sistemas
analisados de várias marcas eram do Nível 2 de automação parcial atualmente no
mercado. “A pesquisa do IIHS apontou que em alguns casos podem aumentar o
perigo nas estradas pois levam os motoristas à complacência ao volante. Os
recursos atuais controlam a velocidade e até o volante, porém são incapazes de
lidar com todas as situações de risco. Assim o motorista deve permanecer focado
e pronto para assumir o comando o tempo todo. Em estudos observacionais,
descobrimos que estes usuários tendem a dirigir mais rápido, desviam o olhar da
estrada com mais frequência e por períodos mais longos, além de se envolverem
em comportamentos de maior distração”, disse Harkey.
Por esse motivo, que aqui
já comentei, alguns fabricantes estudam passar direto do atual Nível 2 para o
Nível 4 de automação avançada com a ajuda de IA (Inteligência Artificial),
descartando o Nível 3 de autonomia condicional. No Nível 4 nenhuma intervenção
do motorista é mais necessária. Falta o consenso de quando isso se tornará
possível e, principalmente, a que preço.
GWM apresenta três híbridos e nova estratégia de vendas
A GWM (Great Wall
Motor e não Motors) escolheu para estrear no Brasil três SUVs importados da
China. Os modelos H6 Premium são todos híbridos e em abril já estarão rodando
por aqui.
Os preços começam em R$
209.000 para um híbrido convencional (HEV), com pacote completo desde sistemas
avançados de assistência ao motorista (ADAS, sigla em inglês), controle remoto
de algumas funções pelo celular e atualização dos aplicativos a bordo pela
nuvem (OTA, sigla em inglês). Com um motor elétrico e outro a combustão (1,5
turbo gasolina) entrega potência e torque combinados de 243 cv e 54 kgf.m.
Acelera de 0 a 100 km/h em 7,9 s. O Corolla Cross híbrido muito menos equipado
e desempenho bem modesto de 0 a 100 km/h em 13 s, além de dimensões inferiores,
custa apenas R$ 1.000 a menos na versão XRX. A Toyota tem a seu favor apenas a
tradição e uma rede de concessionárias ampla.
Por R$ 269.000, o H6 Premium
Plug-in oferece uma solução diferenciada e mais um carregador portátil. Com
dois motores elétricos, tração 4x4, 393 cv, espantosos 77,7 kgf.m e uma inédita
bateria de 34 kWh em um híbrido que permite alcance de até 170 km (ciclo
Inmetro). Pode acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 4,9 s. Como não se trata de
um modelo 100% elétrico, há dúvidas se o Immetro também vai exigir um corte de
30% no alcance declarado.
A marca ainda
adicionou o SUV cupê H6 GT com o mesmo trem de força e desempenho praticamente
igual. Por R$ 30.000 a mais inclui câmera de reconhecimento facial e sistema de
som JBL.
Apresenta também
comercialização diferenciada com a nomeação de agentes, sem concessionárias
tradicionais, em esquema semelhante ao da Tesla. O carro será faturado diretamente
ao comprador final que pode optar por receber em casa. O estoque ficará por
conta da fábrica. Assistência técnica centralizada também no esquema de
leva-e-traz. E nada de lojas suntuosas.
O H6, mesmo na versão
de entrada, tem desempenho muito bom numa primeira avaliação nos arredores da
fábrica de Iracemápolis (SP). Foi feito ótimo trabalho de acerto dinâmico, o
espaço interno é um grande ponto de destaque, os equipamentos de série
surpreendem (não há opcionais). Estilo é atraente, mas falta um toque de
personalidade.
Ofensiva da CAOA como importadora Hyundai
Dois produtos
inéditos serão importados da Coreia do Sul ainda este ano. O modelo mais
atraente é o crossover compacto Kona que terá versões híbrida e elétrica, além
de dimensões próximas às do Creta. A primeira oferece um motor a combustão de
1,6 L e um elétrico que juntos entregam 141 cv e 27 kgf.m. O câmbio é
automatizado de duas embreagens e seis marchas. Também há o Kona 100% elétrico
com motor de 136 cv e categórico torque de 40,3 kgf.m. Principal diferença
externa é a dispensa da grade dianteira. Alcance médio padrão Inmetro: 252 km.
A CAOA ainda não definiu os preços, porém ambos devem chegar ao mercado em
julho.
Já o Ioniq híbrido,
hoje oferecido apenas em regime de locação, terá sua comercialização aberta
agora em março. A mecânica híbrida é a mesma do Kona, mas se trata de um sedã liftback de porte semelhante ao Corolla
com um porta-malas de 443 litros (470 litros no modelo japonês).
O grupo brasileiro
também anunciou para 2024 a chegada do SUV grande Palisade com seus 4.980 mm de
comprimento, 2.900 mm de entre-eixos e motor V-6 a gasolina de 3,8 L/295 cv/36,1
kgf.m. É esperado ainda o Ioniq 5, um hatch 100% elétrico com motor traseiro.
Para 2025, ainda sem confirmação, poderão ser importados o Palisade híbrido e a
quarta geração do Tucson. Este mesmo modelo produzido na terceira geração em
Anápolis (GO) receberá retoques e faróis de LED.
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