UMA BOLSA NO MEIO
Por
Fernando Calmon
Quando,
no começo dos anos 1990, os carros de grande produção nos EUA, Europa e Japão passaram
a vir equipados de série com um par dianteiro de airbags (bolsas infláveis) já
se sabia que era apenas o começo de uma longa escalada para melhorar a
segurança passiva. Não se tratava de uma tecnologia barata e jamais poderia
dispensar o uso dos cintos de segurança. A associação dos dois dispositivos já
salvou milhares de vidas e diminuiu a severidade dos ferimentos em acidentes.
Automóveis
caros permitem ampliar o número de airbags e estes foram evoluindo. Adotaram-se
bolsas laterais para os ocupantes dos bancos dianteiros, depois para os dois
passageiros junto às portas traseiras e, por fim, cortinas infláveis no teto
dos dois lados. Também se criou proteção para os joelhos do motorista. Então,
dependendo de como se olham as cortinas (em geral bisseccionadas), até 11
bolsas podem equipar modelos do segmento superior, em uma contagem caolha.
A
ideia não é parar por aí. Já se estudaram uma bolsa no assoalho, à frente dos pedais,
e outra central para veículos que transportem apenas dois passageiros atrás
(essa mais viável), sugerida pela Toyota. Recentemente, a Ford colocou, de
início no SUV Explorer, cintos de segurança com bolsas embutidas para dois passageiros
do banco traseiro. A TRW desenvolve o dispositivo no teto como alternativa para
desocupar o volume na parte do painel em frente ao passageiro, onde fica uma
bolsa de grandes dimensões. O airbag do motorista é menor, embutido no volante.
Porém,
há o perigo de um forte choque lateral do lado oposto ao do motorista. Sendo o
acidente do mesmo lado dele, há proteção da estrutura do carro, além do airbag
lateral e de cortina que protegem torso, coluna cervical e cabeça. No caso de colisão
na lateral direita do automóvel, o motorista é arremessado de forma violenta
para o meio do carro, como se vê na foto, acima.
Administração
Nacional de Segurança de Tráfego nas Rodovias (NHTSA, em inglês), órgão do
governo americano encarregado de pesquisas e de avaliação de segurança passiva
de veículos novos, explicitou os riscos dessa categoria de acidente. Entre 2004
e 2009, após investigar desastres fatais, concluiu que 29% dos motoristas
morreram mesmo protegidos por cinto e airbag frontal.
Essa
constatação levou a GM e a Takata a criar a segunda bolsa de ar lateral
embutida no lado interno do banco do motorista. Há espaço suficiente entre os
dois bancos dianteiros para que se proteja também o acompanhante, embora se
saiba que, na maior parte do tempo, só há o motorista a bordo. SUVs e
crossovers são problemáticos, pois seu centro de gravidade e assentos elevados tendem
a desequilibrar bastante o corpo em uma batida lateral.
Em
três anos de desenvolvimento se estudou e se patenteou o novo airbag, levando
em conta o invólucro, a capacidade de amortecimento e retenção do corpo em
simulações de acidentes com bonecos, além da posição relativa dos ocupantes. O dispositivo
está pronto para equipar lançamentos do ano-modelo 2013, à venda em meados de
2012.
Não
à toa que os escolhidos, inicialmente, são todos crossovers médios (na
realidade, grandes para o padrão do resto do mundo): Chevrolet Traverse, Buick
Enclave e GMC Acadia. E, claro, de preços elevados.
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